Público vê rival até aplicar "telefone" em tetracampeão

Ethan Miller/France Presse

Evander Holyfield troca golpes com Frans Botha, na madrugada de ontem, em Las Vegas, pelo título da Federação Mundial de Boxe

DA REPORTAGEM LOCAL

O público, pequeno, de cerca de 3.000 pessoas, foi ao Thomas & Mack Center, em Las Vegas (EUA), assistir à volta do tetracampeão dos pesados, Evander Holyfield, aos ringues.
O espetáculo que presenciou, ontem de madrugada, porém, em diversos momentos seguiu o roteiro de luta de telecatch.
Que o combate foi válido pelo título da Federação Mundial de Boxe, um cinturão de segunda linha do pugilismo internacional que já esteve em poder do brasileiro Adilson ""Maguila" Rodrigues, pareceu irrelevante.
O físico, visual e atitudes do campeão, Frans Botha, 41, fariam inveja a qualquer vilão de telecatch. O fato de ele ser um sul-africano dividindo o ringue com um ídolo americano ajudou a plateia a entrar no clima.
Botha trazia a barba totalmente descolorida, para combinar com seu apelido, Búfalo Branco, e certo acúmulo de gordura na região abdominal.
Logo no assalto inicial, o sul- -africano tentou tática geralmente vista só nas famigeradas marmeladas: aplicou um ""telefone" em Holyfield, 47. E foi advertido pelo árbitro por isso e por repetir golpes na nuca.
Apesar do comportamento caricato de Botha, após cinco assaltos em que adotou a combinação do jab (golpe preparatório de esquerda), direto e clinche, os jurados o tinham à frente nas papeletas oficiais.
Holyfield, sem subir ao ringue desde o final de 2008, mostrou-se lento, enferrujado, até acordar no sexto assalto, quando passou a incomodar Botha.
O fim do duelo ocorreu no oitavo assalto. Após derrubar o sul-africano -que bateu a contagem-, Holyfield o encurralou nas cordas e forçou o juiz a parar a luta sem que novo golpe contundente atingisse Botha.
O cansaço do sul-africano, ex-campeão pela Federação Internacional de Boxe, provavelmente teve mais peso nessa decisão do árbitro Russell Mora.
Depois do combate, Holyfield repetiu aquilo que já virou seu mantra. ""Apenas vou me aposentar como campeão unificado dos pesados."
Terá de superar rivais de qualidade, como os ucranianos Wladimir e Vitali Klitschko e o britânico David Haye. O primeiro é dono dos cinturões da FIB e da Organização Mundial de Boxe. Os outros são campeões, respectivamente, por Conselho Mundial de Boxe e Associação Mundial de Boxe.