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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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FUTEBOL

Vitória da mineirice

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Mineirão viu uma bela partida entre Atlético e São Paulo. Pelas chances de gol criadas de parte a parte, o placar poderia ter sido 4 a 4 ou 5 a 5. Só o atleticano Cicinho chutou duas bolas na trave, e Kaká perdeu dois gols frente a frente com Velloso. Talvez as torcidas tenham saído insatisfeitas, mas sem muita razão.
As vaias para o técnico Celso Roth ilustram bem a frágil posição de um treinador quando seu clube encadeia alguns resultados adversos. O Galo mostrou-se muito bem organizado contra o São Paulo. Seu único defeito, do ponto de vista tático, foi abusar um pouco da linha de impedimento, sobretudo no primeiro tempo. Foi numa situação assim que saiu o primeiro gol tricolor.
À parte isso, o Atlético só não saiu de campo com a vitória por questões circunstanciais: a falha de um zagueiro no gol de Kaká, vários erros de finalização, uma defesa milagrosa de Rogério Ceni, além das citadas bolas na trave. Qual a culpa de Roth nisso tudo?
A ironia foi ouvir a torcida do Galo gritar o nome de Oswaldo Oliveira, que até outro dia era vaiado (também injustamente) pela galera tricolor.
O São Paulo voltou a apresentar uma certa fragilidade defensiva e a dificuldade de fazer jogadas de linha de fundo. Em compensação, mostrou em lampejos a força de seu toque de bola rápido e "vertical". O exemplo mais evidente foi o do primeiro gol. Da intermediária são-paulina, Ricardinho lançou a bola entre dois adversários a Kaká, que recolheu no meio de campo e logo passou, também entre dois oponentes, para Luís Fabiano, que driblou Velloso e tocou para o gol. Um lance preciso, enxuto, geométrico.
 
Santos 0 x 2 Cruzeiro acabou não sendo a maravilha que se esperava, mas serviu para confirmar a capacidade da equipe mineira de se moldar às circunstâncias de cada partida.
O time de Luxemburgo jogou mais fechado do que costuma fazer no Mineirão, dando pouco espaço para os jovens talentos santistas, cozinhando-os em fogo brando, instilando neles o cansaço e o desânimo. Venceu pela mineirice, ou seja, pela feliz mistura de paciência e sagacidade.
Se Alex foi bem marcado e Deivid não encontrou seu espaço, outros jogadores, como Aristizábal e os laterais Maurinho e Leandro, souberam aproveitar as brechas deixadas. Foi muito bom ver Alex ajudando na marcação, dividindo bolas com firmeza, apostando em lances aparentemente perdidos. Já não pode ser acusado de ser um atleta apático e de pouca mobilidade. Do lado santista, a ausência de Paulo Almeida e a designação do garoto Daniel exclusivamente para a marcação de Alex deixaram Renato e Diego um tanto sobrecarregados.
Renato, aliás, confirma-se a cada partida como um meio-campista classudo e praticamente completo, da estirpe de Paulo Roberto Falcão. Atenção, afoitos: eu disse "da estirpe" e não "do mesmo nível".

Vitória animadora
A vitória do Corinthians sobre o Criciúma saiu melhor que a encomenda. Bastante desfalcado, o alvinegro dominou o adversário sem problemas e mostrou que, apesar da irregularidade apresentada até agora, tem um trunfo importante para um torneio longo como o Brasileiro: banco de reservas. Roger, em especial, jogou muito bem. Poderá substituir Kléber à altura contra o River.

Queda colorada
Mudanças no topo e na base da tabela de classificação. O Inter perdeu mais para si próprio do que para o Guarani. Falhas da defesa e falta de criatividade levaram à queda em Campinas. Já o Figueirense repete o roteiro de 2002, obtendo a primeira vitória e saindo da lanterna depois de várias rodadas.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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