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FUTEBOL
Vitória da mineirice
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Mineirão viu uma bela
partida entre Atlético e São
Paulo. Pelas chances de gol criadas de parte a parte, o placar poderia ter sido 4 a 4 ou 5 a 5. Só o
atleticano Cicinho chutou duas
bolas na trave, e Kaká perdeu
dois gols frente a frente com Velloso. Talvez as torcidas tenham
saído insatisfeitas, mas sem muita razão.
As vaias para o técnico Celso
Roth ilustram bem a frágil posição de um treinador quando seu
clube encadeia alguns resultados
adversos. O Galo mostrou-se muito bem organizado contra o São
Paulo. Seu único defeito, do ponto
de vista tático, foi abusar um pouco da linha de impedimento, sobretudo no primeiro tempo. Foi
numa situação assim que saiu o
primeiro gol tricolor.
À parte isso, o Atlético só não
saiu de campo com a vitória por
questões circunstanciais: a falha
de um zagueiro no gol de Kaká,
vários erros de finalização, uma
defesa milagrosa de Rogério Ceni,
além das citadas bolas na trave.
Qual a culpa de Roth nisso tudo?
A ironia foi ouvir a torcida do
Galo gritar o nome de Oswaldo
Oliveira, que até outro dia era
vaiado (também injustamente)
pela galera tricolor.
O São Paulo voltou a apresentar uma certa fragilidade defensiva e a dificuldade de fazer jogadas de linha de fundo. Em compensação, mostrou em lampejos a
força de seu toque de bola rápido
e "vertical". O exemplo mais evidente foi o do primeiro gol. Da intermediária são-paulina, Ricardinho lançou a bola entre dois
adversários a Kaká, que recolheu
no meio de campo e logo passou,
também entre dois oponentes, para Luís Fabiano, que driblou Velloso e tocou para o gol. Um lance
preciso, enxuto, geométrico.
Santos 0 x 2 Cruzeiro acabou
não sendo a maravilha que se esperava, mas serviu para confirmar a capacidade da equipe mineira de se moldar às circunstâncias de cada partida.
O time de Luxemburgo jogou
mais fechado do que costuma fazer no Mineirão, dando pouco espaço para os jovens talentos santistas, cozinhando-os em fogo
brando, instilando neles o cansaço e o desânimo. Venceu pela mineirice, ou seja, pela feliz mistura
de paciência e sagacidade.
Se Alex foi bem marcado e Deivid não encontrou seu espaço, outros jogadores, como Aristizábal e
os laterais Maurinho e Leandro,
souberam aproveitar as brechas
deixadas. Foi muito bom ver Alex
ajudando na marcação, dividindo bolas com firmeza, apostando
em lances aparentemente perdidos. Já não pode ser acusado de
ser um atleta apático e de pouca
mobilidade. Do lado santista, a
ausência de Paulo Almeida e a
designação do garoto Daniel exclusivamente para a marcação de
Alex deixaram Renato e Diego
um tanto sobrecarregados.
Renato, aliás, confirma-se a cada partida como um meio-campista classudo e praticamente
completo, da estirpe de Paulo Roberto Falcão. Atenção, afoitos: eu
disse "da estirpe" e não "do mesmo nível".
Vitória animadora
A vitória do Corinthians sobre
o Criciúma saiu melhor que a
encomenda. Bastante desfalcado, o alvinegro dominou o adversário sem problemas e mostrou que, apesar da irregularidade apresentada até agora,
tem um trunfo importante para
um torneio longo como o Brasileiro: banco de reservas. Roger, em especial, jogou muito
bem. Poderá substituir Kléber à
altura contra o River.
Queda colorada
Mudanças no topo e na base da
tabela de classificação. O Inter
perdeu mais para si próprio do
que para o Guarani. Falhas da
defesa e falta de criatividade levaram à queda em Campinas.
Já o Figueirense repete o roteiro
de 2002, obtendo a primeira vitória e saindo da lanterna depois de várias rodadas.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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