São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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JUCA KFOURI

Só faltou o spray...


Quem diria que o primeiro fim de semana na segunda divisão dos corintianos seria assim tão agradável?

DIZEM QUE a segunda divisão é como o inferno. Uma miséria. E a julgar pelo que começou a ser visto no sábado, no Pacaembu, de fato, a coisa é ruim, péssima, horripilante.
Nem bem começaram a jogar Corinthians e CRB, falta para a equipe alagoana e a primeira constatação da segundona miserável: o árbitro tem apito como na Série A, mas não tem o spray para definir a posição da barreira.
E, se não bastasse, falta cobrada, bola na cabeça do zagueiro alagoano Márcio e caixa: CRB 1, Corinthians 0. O cara estava impedido, ainda por cima. Quer começo pior?
Mas você, raro leitor, nunca deve se deixar levar pela primeira impressão. Nunca!
Porque logo em seguida funcionou a cabeça de Herrera, para empatar, o pé de Chicão, para virar e, de novo, a cabeça de Hererra, para ampliar. Cabecita de oro.
Verdade que ainda teve um gol de Helder, para assustar, porque só 3 a 2 no CRB é de preocupar, mas...
Mas, além de ganhar, o que mais poderia o corintiano esperar de seu primeiro de 30 e tantos fins de semana na segunda divisão? Só mesmo as derrotas de seus rivais mais tradicionais.
E não é que foi exatamente isso que aconteceu?
Já no sábado, o São Paulo achou de perder para o Grêmio. Detalhe: enquanto 35 mil fiéis foram ao Pacaembu, apenas 8.000 tricolores estiveram no Morumbi. Afinal, quem está na série menos importante?
E o jogo, o espetáculo em si?
Ora, enquanto o mundo viu cinco gols no ensolarado Pacaembu, no gélido Morumba viu só um, e fruto de uma pixotada do beque (de fazenda?) Alex Silva.
Mas o São Paulo se guardou para a Libertadores, dirão seus defensores.
Tudo bem, é possível mesmo, embora o Corinthians também esteja se guardando para ela, com o líder da Série B, o São Caetano, pela frente amanhã mesmo, em Ribeirão Preto e, esperamos, branco.
Fato é que o São Paulo que vá chorar suas pitangas pra lá, porque ele fez o sábado corintiano ficar ainda mais alegre.
Não tanto, é claro, como os verdes fizeram o domingo das mães alvinegras. Um luxo!
Que maravilha ver Michael, ex-Guaratinguetá, dar show de bola na defesa que ninguém passa, ensinar ao chileno como se faz arte em campo e mostrar que campeão por campeão o do Paraná fala mais alto em sua casa que o de São Paulo, que pode se bacanear com a Ponte Preta, velha freguesa, mas não com o Coxa Branca. Jamais!
De quebra, no Maracanã deserto, outro rival, o Santos, tomou do Flamengo, vai ver com a mesma desculpa do São Paulo, pois não. Só faltava a Lusa, bem, mas a Lusa... essa é vizinha de zona leste.
Tudo isso somado, tomara que 2008 seja assim para os corintianos, sábados com vitórias e domingos só para secar os rivais, ainda mais se, por milagre, vier o tri da Copa do Brasil para garantir uma vaguinha na Libertadores do ano que vem, único interesse imediato no Brasileirão, já vencido quatro vezes, coisa quase banal.
Ou será, caro e raro leitor, que tudo é só uma primeira impressão e é melhor não se deixar levar?

blogdojuca@uol.com.br


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