São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011 |
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JUCA KFOURI O perseguido
RICARDO TEIXEIRA tem o hábito de processar jornalistas brasileiros, uns mais, outros menos (este que vos escreve está, infelizmente, no primeiro time) e, invariavelmente, queixa-se na Justiça de ser perseguido. Seu estrondoso sucesso à frente da CBF seria a razão de tanta perseguição, por inveja, ciúmes, essas coisas. Às vezes até ganha, porque... bem, deixa pra lá. A nova acusação de que é alvo nesse momento ("Lula não é nada, você venha e me diga o que você tem para mim", teria dito) é apenas mais uma depois da que envolveu seu nome no escândalo da ISL, tão bem descrita pelo jornalista escocês Andrew Jennings, a quem, por sinal, Teixeira não processou nem mesmo quando, em entrevista ao diário "Lance!", ele disse: "Quando a ISL faliu, seus documentos foram analisados pelos promotores do caso. Neles, ficou claro que os dois (João Havelange e Joseph Blatter) mais Ricardo Teixeira, entre outros, participavam de esquemas de propinas". Agora, diante da acusação do lorde, e senador, David Triesman, na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, Teixeira diz que irá processá-lo. Os efeitos, segundo opinião de juristas notáveis por aqui, devem ficar apenas na esfera do espetáculo, menos até para inglês ver, mais para brasileiro esquecer. Porque o que foi dito pelo político inglês numa CPI lá deles se, por exemplo, dito aqui, teria a proteção da imunidade parlamentar. Teixeira, por sinal, em nota oficial, horrorizou-se com o fato de Triesman ser alvo de inquérito, coisa de que ele não pode se gabar de desconhecer, depois das duas CPIs que o deixaram tão mal com a opinião pública nacional no começo deste século. Teixeira alega também que Triesman não estava na reunião em que uma delegação inglesa veio à CBF para pedir seu apoio à Copa na Inglaterra. E mostra uma foto para provar. Mas não prova nada, não só pela obviedade de que a ausência de uma foto não exclui uma conversa como porque a foto é de abril do ano passado, e a conversa exposta pelo lorde é de novembro de 2009, no Qatar, por ocasião do jogo entre Brasil e Inglaterra. Que tudo isso leve Dilma Rousseff a tomar as cautelas que já tomou em relação à Olimpíada de 2016. Porque quem cuida da Copa é o cartola da CBF. Copa que, como bem mostrou editorial desta Folha, pelo andar da cartolagem, fará da pressa a amiga da corrupção. blogdojuca@uol.com.br Texto Anterior: Inglaterra pede que Fifa mude Próximo Texto: Peça rara Índice | Comunicar Erros |
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