São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Com Portugal, Scolari preserva sina de vitórias

Paulo Duarte/Associated Press
Campeão mundial em 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari orienta a seleção portuguesa na partida em que bateu recorde de vitórias consecutivas (8) na história das Copas


Técnico gaúcho supera recorde de 68 anos ao ganhar 8º jogo seguido em Copas

Após derrotas na estréia na Copa-02 e na Eurocopa-04, portugueses debutam na Alemanha com um triunfo por 1 a 0 sobre Angola


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A COLÔNIA

Luiz Felipe Scolari pisou no estádio de Colônia à beira de mais um recorde em sua carreira. Saiu dele coroado, com seu nome novamente marcado na história da Copa do Mundo.
Ao bater Angola por 1 a 0, na estréia de Portugal, ele chegou a oito vitórias seguidas como treinador em Mundiais e deixou para trás o lendário Vittorio Pozzo, bicampeão com a Itália em 1934 e 1938, com sete triunfos. O técnico gaúcho ganhou todos os jogos que já disputou na competição.
A marca de Scolari começou a ser construída em 2002, na Ásia, quando superou todos os rivais para levar o Brasil a seu quinto título mundial e colocar no currículo um título inédito.
"Devagar, vamos fazendo nosso caminho", disse o brasileiro, que conseguiu também superar a dificuldade de sua seleção em estréias. Na Copa-2002, o time foi derrotado pelos EUA por 3 a 2. Na Eurocopa de 2004, já sob o comando do gaúcho, a equipe foi batida pela Grécia, que voltaria a vencer o time português na decisão.
Scolari alcançou a marca de quinto técnico mais vitorioso em Copas, ao lado do próprio Pozzo e do alemão Beckenbauer, do sérvio Bora Milutinovic, do argentino Carlos Bilardo e do compatriota Telê Santana. Caso ele consiga mais seis triunfos na Alemanha, pode superar Zagallo, que tem 13.
O alemão Helmut Schön, que dirigiu a seleção de seu país em quatro Copas (1966, 1970, 1974 e 1978), é o recordista, com 16 triunfos em 25 jogos.
O gaúcho, 57 anos, que desprezou convite da seleção inglesa antes do Mundial, agora parece ter tomado as rédeas em relação à sua permanência em Portugal, onde está desde 2003. O presidente da federação portuguesa, Gilberto Madail, tem pressa em renovar o contrato do brasileiro até 2008.
"Temos um acordo de princípios que não posso revelar agora", falou o cartola, para quem o brasileiro "resgatou o nacionalismo português".
Scolari chegou a propor um acerto aos patrões, sem sucesso, antes da Copa, que incluía aumento só para os membros de sua comissão técnica, e agora diz que os portugueses terão de "abrir a mão" para mantê-lo.
Na seleção portuguesa, ele também já é um colecionador de recordes. É o mais vitorioso (28 vezes) e também o que está há mais tempo invicto -ontem foi o 15º jogo seguido.
O triunfo foi do jeito que ele gosta, contra um adversário que fez vir à tona uma rivalidade histórica. Colônia portuguesa por 400 anos, Angola, que só conseguiu sua independência em 1975, debutou em Copas.
E, de certa forma, levou a campo ontem a mágoa pelo período que culminou em uma guerra civil que durou 27 anos e matou milhares de angolanos.
Scolari não hesitou. Para mexer com o brio de seus comandados, usou até um vídeo inspirado na letra do hino português, que pede luta pela pátria.
Em Colônia, os portugueses não foram brilhantes -tampouco Angola. Mas lutaram, como queria Scolari.
Temendo jogo violento do rival -o que não ocorreu-, deixou Deco, que sente lesão na coxa, no banco. Recuou Figo para a função do meia do Barcelona. E foi dele a jogada em que deu belo drible em um desnorteado zagueiro angolano e tocou para Pauleta marcar, logo aos 4min da primeira etapa.
"Fiquei satisfeito com a vitória, mas precisamos melhorar", disse o autor do único gol.
Foi um dos poucos momentos de inspiração do jogo, sem graça na maior parte do tempo. A valente Angola também não fez feio. Protagonizou até a jogada mais bonita do confronto, uma bicicleta de Akwa, que, ao menos naquele momento, uniu as torcidas dos dois países em efusivos aplausos. "Foi uma derrota amarga para nós. Poderíamos ter ganhado", disse o atacante Mantorras, a principal promessa do futebol angolano.
A estrela do espetáculo, definitivamente, estava no banco. Scolari, bem ao seu estilo, fazia caretas, gesticulava sem parar com as mãos, gritava com seus comandados e tirou o badalado Cristiano Ronaldo no segundo tempo. Afinal, ninguém poderia estragar sua festa.
"Somente com ele Portugal pode concretizar seus objetivos. O melhor que pode ocorrer para nós é que Scolari continue", falou Pauleta.


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