São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Custo dos Jogos aumenta quase 800%

Pensando na candidatura olímpica do Rio, representantes dos governos defendem aumento de gastos

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A um mês e um dia para o seu início, o Pan custa aos cofres públicos pelo menos 793,72% a mais do que estava previsto em 2002. Segundo dados oficiais dos três financiadores governamentais (federal, estadual e municipal), a conta pública dos Jogos é de R$ 3,7 bilhões.
Quando o Rio conquistou o direito de sediar o Pan há cinco anos, os governos registraram que gastariam R$ 414 milhões.
O documento enviado oficialmente aos dirigentes da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) é assinado também pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
A conta poderá crescer ainda mais até a abertura dos Jogos, no dia 13 de julho no Maracanã.
O principal pagador é o governo federal, que gastou R$ 1,8 bilhão. Pelo orçamento inicial, a União iria desembolsar nem 8% disso -R$ 140 milhões.
O governo federal ainda foi obrigado a emprestar dinheiro para os outros dois parceiros.
Pelo projeto inicial, a Prefeitura do Rio gastaria R$ 242 milhões, e o governo estadual arcaria com "só" R$ 32 milhões.
Para ajustar os valores de 2002 divulgados em dólar, foi feita a conversão para real pela cotação da época e a atualização pelo IPC-Brasil, da Fundação Getúlio Vargas.
A fórmula mascara algumas despesas com importações que deveriam ter diminuído, mas cresceram em virtude do fortalecimento da moeda nacional.
Na época, a previsão do custo governamental era de 72% (ou US$ 128,6 milhões). O restante seria arrecadado da receita com ingressos, patrocínio, mídia e licenciamento de produtos.
Fora o estouro das contas, nenhuma das arenas que abrigarão os Jogos está pronta.
Apesar disso, os governos federal, estadual e municipal defendem o custo dos Jogos.
O prefeito Cesar Maia atribui o aumento da conta do Pan à ""mudança no projeto". ""Uma coisa é a planilha para a candidatura. Outra é o que a cidade vitoriosa deseja fazer. Em nosso caso, construímos equipamentos para a Olimpíada-2016 [o Rio é candidato]", disse. A prefeitura contabiliza gastar cerca de R$ 1,4 bilhão no Pan.
Ricardo Leyser, secretário-executivo do governo federal para os Jogos, também ressalta a importância de se pensar em futuras candidaturas da cidade.
""O Brasil e o Rio estão ganhando uma boa infra-estrutura esportiva, um sistema de segurança avançado e know-how para realizar futuras competições internacionais. Portanto, não há por que o governo federal se arrepender dos investimentos", afirmou Leyser.
Apesar de o Ministério do Esporte ter informado a Folha em março que gastaria R$ 1,5 bilhão no Pan, o secretário disse que "não houve novo aumento no orçamento".
O Co-Rio (o comitê organizador do Pan) seguiu a mesma linha de justificativas. Na sua resposta, diz que ""não se pode comparar o orçamento do projeto de candidatura com o atual orçamento por serem projetos distintos", referindo-se ao padrão olímpico do evento.
Procurado, o secretário estadual de Esporte, Eduardo Paes, não foi localizado para comentar o valor da conta do RJ.


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