Rivais do Brasil, norte-coreanos são 5 cm mais baixos, em média, que sul-coreanos, efeito da pouca comida

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

O primeiro adversário da seleção brasileira na Copa é um exemplo do que a nutrição pode fazer no biotipo das pessoas. A Coreia do Norte vai disputar o Mundial da África com um time quase cinco centímetros menor do que os seus vizinhos do Sul.
Pela primeira vez na história das Copas, os dois países separados em 1953 e tecnicamente em guerra até hoje vão participar da mais importante competição do futebol.
Embora integrem a mesma raça, os jogadores da Coreia do Norte têm, em média, 1,777 m, enquanto os sul-coreanos entrarão em campo com atletas com uma média de altura de 1,825 m.
A diferença tem origem nos anos de fome e privações impostos pela mais longa ditadura do planeta.
A Coreia do Norte é comandada há 65 anos por uma ditadura stalinista. Kim Jong-il governa, com mão de ferro, o país mais isolado do mundo. Ele herdou o cargo do seu pai, o ""presidente eterno" Kim Il-sung.
Depois de comandar o país por 49 anos, ele morreu em 1994, mas é tratado como se fosse vivo em todo o país.
Deixando o futebol de lado, a diferença de altura entre os moradores dos dois países é ainda maior.
Do lado do norte do paralelo 38, um homem tem, em média, 1,65 m. Já do lado do sul desse paralelo, os coreanos têm a altura média de 1,74 m, ou 9 cm superior.
A carência de alimentos é grande na Coreia do Norte.
Os moradores do país comunista recebem rações diárias de alimentação do governo, constituídas basicamente de arroz, vegetais e frango.
Em 2006, a Anistia Internacional informou que um inquérito alimentar nacional realizado pelo governo norte-coreano constatou que 7% das crianças do país eram gravemente desnutridas, 37% eram cronicamente desnutridas e 23,4% estavam abaixo do peso ideal.

PIB REDUZIDO
O PIB norte-coreano corresponde a 3,1% do PIB sul- -coreano, e sua economia está estagnada há 15 anos.
Na Copa, a Coreia do Norte tem apenas 8 dos 23 atletas com mais de 1,80 m. Já os sul-coreanos disputarão o Mundial com a maioria acima de 1,80 m -17 atletas.
Principal jogador da seleção norte-coreana, o atacante Jong Tae-se é um dos mais altos do time. Com 1,81 m, ele é também um caso singular.
Jong nasceu em Nagoya, cidade japonesa, e os seus pais são sul-coreanos. Educado na infância em escolas norte-coreanas no Japão, ele negou a cidadania sul-coreana e pediu passaporte dos vizinhos situados ao norte.
Para a África do Sul, a delegação da Coreia do Norte trouxe o próprio cozinheiro. A intenção é que os atletas mantenham a dieta e os hábitos alimentares durante a Copa no continente africano.
De volta ao campo, Coreia do Norte e Coreia do Sul se enfrentaram nas eliminatórias asiáticas para o Mundial quatro vezes, com pequena vantagem para os sul-coreanos, que venceram uma. Houve três empates. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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