São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2004

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AUTOMOBILISMO

Com uma parada a menos nos boxes, alemão alcança em Silverstone o 10º triunfo em 11 corridas no ano

Schumacher dribla a F-1 e ganha 80º GP

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SILVERSTONE

Foi um drible em toda a F-1. Depois de vencer na França havia uma semana, fazendo um pit stop a mais do que os outros, Michael Schumacher, 35, ontem parou nos boxes uma vez a menos do que seus rivais. E conseguiu o mesmo resultado: ganhou o GP da Inglaterra, em Silverstone.
Um triunfo impecável, como vem sendo sua temporada. O domingo, para o alemão, acabou cheio de números redondos. Foi sua décima vitória em 11 etapas neste ano e a 80ª de sua carreira.
Mais: no Mundial, chegou a cem pontos, sete a mais do que conseguiu em todo o ano passado. E começou a fazer contas para o sétimo título. Matematicamente, tem chances de se sagrar campeão na Bélgica, no mês que vem, com quatro GPs de antecedência.
Em segundo chegou Kimi Raikkonen, da McLaren, que havia largado na pole position. Rubens Barrichello, companheiro do alemão na Ferrari, fechou o pódio.
A exemplo do que aconteceu em Magny-Cours, no domingo anterior, Schumacher abusou da estratégia. Mais uma vez, foi na contramão de todo o resto da F-1.
Na França, saindo em segundo no grid, parou quatro vezes nos boxes, contra três da grande maioria. Aproveitou o fato de estar mais leve -com menos gasolina- para acelerar forte e ganhar folga na pista. E deu certo.
Ontem, saindo em quarto, atrás de Raikkonen, Barrichello e Jenson Button, voltou a surpreender.
Na largada, com um pneu muito bom para as primeiras voltas, Raikkonen disparou na frente.
Ao fechar a primeira volta, ele já tinha 3s5 sobre Barrichello, que segurava atrás Button e o alemão.
A história da corrida começou a mudar na primeira das três rodadas programadas de pit stops.
Barrichello foi o primeiro do pelotão da frente a parar, na nona volta. Raikkonen e Button entraram na 11ª. Era tudo o que o alemão queria. Ele aproveitou o caminho livre para acelerar, ficou quatro voltas a mais na pista e cravou o giro mais rápido do GP.
Na 15ª volta, tinha mais de 23 segundos de vantagem sobre o finlandês. O suficiente para ir aos boxes, trocar pneus, reabastecer e voltar 1s335 à frente do rival. Barrichello foi mal nos pits: caiu para o quarto lugar, atrás de Button.
O pelotão da frente seguiu nessa ordem até a segunda rodada de pits. Button parou na 27ª volta. Raikkonen e Barrichello, na 28ª -mais rápido, o brasileiro conseguiu retomar o terceiro lugar.
Foi então que Silverstone começou a perceber o que Schumacher estava planejando. O alemão só foi parar nos boxes na 37ª das 60 voltas, quando já tinha mais de 25 segundos sobre Raikkonen.
De novo, voltou à pista em primeiro, mas por pouco. Só 0s360 atrás do alemão, o finlandês pressionou, mas viu suas chances acabarem na 40ª volta: oitavo colocado, Jarno Trulli escapou da curva Bridge a 245 km/h, bateu com força na barreira de pneus e capotou.
O safety-car entrou na pista, e quem tinha planejado três pits foi aos boxes. Foi o caso de Raikkonen, Barrichello e Button. Não o de Schumacher. Quando o safety-car saiu da pista, seis voltas depois, o alemão estava protegido do finlandês por dois retardatários. Venceu, então, a corrida.
"Obviamente fiquei surpreso pela forma como tudo ocorreu. Eu tinha uma boa estratégia, mas não imaginava chegar à liderança tão cedo, logo no primeiro pit stop", disse Schumacher. "Mas o meu carro estava tão rápido naquelas voltas que pude abrir a folga necessária sobre o Kimi."
Mais do que surpreso, pasmo até, Raikkonen reconheceu que levou um drible do alemão: "Fiz o máximo, não desisti até a bandeirada. Mas hoje [ontem] não deu."
Não deu para ele nem para ninguém. Ontem, Raikkonen, Barrichello e cia. foram "joões" diante de Schumacher. De novo.


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