|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Com uma parada a menos nos boxes, alemão alcança em Silverstone o 10º triunfo em 11 corridas no ano
Schumacher dribla a F-1 e ganha 80º GP
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SILVERSTONE
Foi um drible em toda a F-1. Depois de vencer na França havia
uma semana, fazendo um pit stop
a mais do que os outros, Michael
Schumacher, 35, ontem parou
nos boxes uma vez a menos do
que seus rivais. E conseguiu o
mesmo resultado: ganhou o GP
da Inglaterra, em Silverstone.
Um triunfo impecável, como
vem sendo sua temporada. O domingo, para o alemão, acabou
cheio de números redondos. Foi
sua décima vitória em 11 etapas
neste ano e a 80ª de sua carreira.
Mais: no Mundial, chegou a
cem pontos, sete a mais do que
conseguiu em todo o ano passado. E começou a fazer contas para
o sétimo título. Matematicamente, tem chances de se sagrar campeão na Bélgica, no mês que vem,
com quatro GPs de antecedência.
Em segundo chegou Kimi Raikkonen, da McLaren, que havia largado na pole position. Rubens
Barrichello, companheiro do alemão na Ferrari, fechou o pódio.
A exemplo do que aconteceu
em Magny-Cours, no domingo
anterior, Schumacher abusou da
estratégia. Mais uma vez, foi na
contramão de todo o resto da F-1.
Na França, saindo em segundo
no grid, parou quatro vezes nos
boxes, contra três da grande
maioria. Aproveitou o fato de estar mais leve -com menos gasolina- para acelerar forte e ganhar
folga na pista. E deu certo.
Ontem, saindo em quarto, atrás
de Raikkonen, Barrichello e Jenson Button, voltou a surpreender.
Na largada, com um pneu muito bom para as primeiras voltas,
Raikkonen disparou na frente.
Ao fechar a primeira volta, ele já
tinha 3s5 sobre Barrichello, que
segurava atrás Button e o alemão.
A história da corrida começou a
mudar na primeira das três rodadas programadas de pit stops.
Barrichello foi o primeiro do pelotão da frente a parar, na nona
volta. Raikkonen e Button entraram na 11ª. Era tudo o que o alemão queria. Ele aproveitou o caminho livre para acelerar, ficou
quatro voltas a mais na pista e cravou o giro mais rápido do GP.
Na 15ª volta, tinha mais de 23 segundos de vantagem sobre o
finlandês. O suficiente para ir aos
boxes, trocar pneus, reabastecer e
voltar 1s335 à frente do rival. Barrichello foi mal nos pits: caiu para
o quarto lugar, atrás de Button.
O pelotão da frente seguiu nessa
ordem até a segunda rodada de
pits. Button parou na 27ª volta.
Raikkonen e Barrichello, na 28ª
-mais rápido, o brasileiro conseguiu retomar o terceiro lugar.
Foi então que Silverstone começou a perceber o que Schumacher
estava planejando. O alemão só
foi parar nos boxes na 37ª das 60
voltas, quando já tinha mais de 25
segundos sobre Raikkonen.
De novo, voltou à pista em primeiro, mas por pouco. Só 0s360
atrás do alemão, o finlandês pressionou, mas viu suas chances acabarem na 40ª volta: oitavo colocado, Jarno Trulli escapou da curva
Bridge a 245 km/h, bateu com força na barreira de pneus e capotou.
O safety-car entrou na pista, e
quem tinha planejado três pits foi
aos boxes. Foi o caso de Raikkonen, Barrichello e Button. Não o
de Schumacher. Quando o safety-car saiu da pista, seis voltas depois, o alemão estava protegido
do finlandês por dois retardatários. Venceu, então, a corrida.
"Obviamente fiquei surpreso
pela forma como tudo ocorreu.
Eu tinha uma boa estratégia, mas
não imaginava chegar à liderança
tão cedo, logo no primeiro pit
stop", disse Schumacher. "Mas o
meu carro estava tão rápido naquelas voltas que pude abrir a folga necessária sobre o Kimi."
Mais do que surpreso, pasmo
até, Raikkonen reconheceu que
levou um drible do alemão: "Fiz o
máximo, não desisti até a bandeirada. Mas hoje [ontem] não deu."
Não deu para ele nem para ninguém. Ontem, Raikkonen, Barrichello e cia. foram "joões" diante
de Schumacher. De novo.
Texto Anterior: Vágner Love fica decepcionado com sua estréia Próximo Texto: Mundial assiste ao 4º acidente consecutivo Índice
|