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Sobra energia
Esportes apoiados por estatais chegam ao Pan turbinados por aumento de 174% em suas verbas em relação à última edição
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Quem depende do dinheiro
da Lei Piva, o grosso das confederações esportivas brasileiras,
patina. Quem vai de patrocínio
de estatais acelera forte.
O Pan-Americano do Rio será uma amostra dessa divisão
de classes do esporte nacional.
O dinheiro das loterias, quase
a fonte única de receita para
quase 20 confederações, cresceu menos de 20% de 2003,
ano da última competição continental, a 2006. Entre o ano
retrasado e o passado, houve
queda de quase 3%. Foram R$
69 milhões no último ano.
Tudo muito diferente de
quem foi escolhido por uma estatal. Segundo o governo, as
empresas públicas gastaram R$
194 milhões com esportes no
ano passado, um crescimento
de 174% em relação a 2003, ano
do Pan de Santo Domingo e de
estréia do governo Lula.
E o Pan carioca vai ser outro
fator para impulsionar esse investimento. Patrocinada pela
Caixa Econômica Federal desde 2001, a Confederação Brasileira de Atletismo vai receber
R$ 10,5 milhões neste ano, 20%
a mais do que em 2006.
A CEF dá um motivo histórico, e sem relação com o esporte,
para justificar a parceria com a
modalidade. "Sei que no atletismo há muitos negros, e no começo de sua história [no século
19] os recursos obtidos pela
empresa serviam para obter a
liberdade de escravos", diz Maria Fernanda Ramos Coelho,
presidente da Caixa.
O banco gasta mais R$ 1,8 milhão com a ginástica, um dos últimos esportes a receber abrigo
estatal. Outro é o judô, com R$ 1
milhão por ano da Infraero.
Essas modalidades logo terão, se mantido o retrospecto,
um bom aumento. Quando começou a patrocinar o handebol,
em 2004, a Petrobras dava R$
1,3 milhão à confederação brasileira. Neste ano, serão R$ 2,9
milhões. Segundo a empresa, o
motivo do aumento é "tornar
possível um crescimento cada
vez maior do esporte".
A verba paga pelos Correios
por temporada para a Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos triplicou nos últimos
três anos. A da Eletrobrás, para
o basquete, dobrou.
Os cerca de R$ 40 milhões
que o vôlei recebe do Banco do
Brasil por ano superam até o
maior patrocínio da CBF -a
entidade, com o dólar desvalorizado, terá receita neste ano de
R$ 20 milhões via AmBev.
E a exposição das marcas está
garantida no Pan. Finais do
atletismo e da natação, por
exemplo, serão no horário nobre, exibição certa nas TVs.
A ligação entre as estatais e o
esporte nacional aparece também nos slogans do Pan. O da
Petrobras é "Mais energia para
o Pan-2007". O oficial da competição é "Viva essa energia!".
A empresa de petróleo é um
dos seis principais patrocinadores dos Jogos -a Caixa é outra estatal nessa lista. Para ter
esse direito, pagou R$ 10 milhões. Muito maior será o investimento para a compra de
cotas na mídia -R$ 55 milhões.
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