São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

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às moscas

Vazio prevalece nas arenas nacionais

Taxa de ocupação é de apenas 28,2%, enquanto principais campeonatos da Europa chegam a preencher 91% dos lugares

Para lotar, arenas da elite dependem do desempenho do mandante; europeus apostam na venda de carnês de ingressos em suas ligas


Eduardo Knapp/Folha Imagem
Vista do estádio do Morumbi, com milhares de lugares desocupados, na partida do domingo passado, empate em 1 a 1 entre São Paulo e Ipatinga, pelo Campeonato Brasileiro da primeira divisão

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Futura sede da Copa do Mundo-2014, o Brasil pena para ver seus estádios lotados no torneio mais importante do calendário nacional. Segundo levantamento do Datafolha, a taxa de ocupação das arenas -porcentagem obtida da divisão da média de público pela capacidade- do Campeonato Brasileiro é pífia se comparada à dos torneios europeus.
No Brasil, ocupou-se, em média, apenas 28,2% da capacidade total das arenas utilizadas no torneio de elite. Porcentagem muito inferior à do Campeonato Italiano (45%), que ostenta a pior taxa entre as principais ligas européias.
"Esses números demonstram que o clubes têm um grande espaço para explorar e, assim, obter mais renda com a venda de ingressos", afirma Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de futebol da Casual Auditores.
Somoggi cita o Flamengo como clube que tem um grande potencial de turbinar sua receita com o dinheiro da bilheteria.
"Se considerarmos a média de público do Flamengo, que foi a melhor do Brasileiro de 2007, ela estaria em 31º lugar em um ranking europeu. É muito pouco se considerarmos que o Flamengo tem condições de encher seus estádios em todos os jogos", diz o especialista.
O exemplo mais emblemática da falta de capacidade do Brasil de encher seus estádios é o Morumbi. A arena do atual campeão brasileiro, São Paulo, ocupa o penúltimo lugar no ranking da taxa de ocupação. Fica à frente apenas do Serra Dourada, usado pelo Goiás, hoje na zona de rebaixamento.
Até agora, a arena favorita para sediar o jogo de abertura do Mundial conseguiu ocupar, em média, apenas 11,4% de sua capacidade. Além disso, ostenta, em média, um público de 9.105 pessoas por jogo, bastante inferior à dos estádios de mesmo porte, como Maracanã (22.510) e Mineirão (19.014).
Dirigentes do clube atribuem a escassa presença do público ao desempenho do time no Nacional e ao fato de o torcedor preferir a Taça Libertadores.
"O são-paulino é apaixonado pela Libertadores. Depois que fomos eliminados nas quartas-de-final, o time tem que melhorar no Brasileiro para o público voltar ao estádio", afirma Osvaldo Vieira de Abreu, diretor financeiro do clube.
Segundo ele, a bilheteria foi o quarto item na lista de receitas que mais renderam dinheiro ao clube no ano passado.
Na Europa, as receitas com estádio estão entre duas principais fontes de renda dos clubes.
"Lá, os clubes dependem menos do desempenho para atrair público. Eles mantêm a ocupação dos estádios tão alta por causa da venda antecipada de carnês", afirma Somoggi.
Segundo ele, os ingressos obtidos com carnês representam até 80% do total de lugares que são colocados à disposição para uma partida na Europa.
"A gente tem tentado fazer isso aqui. Na primeira fase da Libertadores, colocamos os ingressos à disposição com antecedência, mas só compraram 10 mil dos 68 mil postos à venda", lamenta Abreu, que acredita que a venda de carnês ainda vai demorar para se tornar uma realidade viável no país.


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