|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Iniesta!
Com cara de coadjuvante, o tímido meia espanhol era quase monossílabico após o jogo, mas ontem fez o gol do título e virou o herói espanhol deste Mundial
DE JOHANNESBURGO
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
Cercado por uma multidão
de repórteres, pouco mais de
uma hora depois do jogo,
Iniesta limitava-se a um sorriso tímido e frases curtas.
Era quase monossilábico.
Longe de imitar os gritos,
os cantos e as brincadeiras
que faziam os companheiros.
A Copa de 2010 escolheu
como herói decisivo para o
título um personagem com
cara de coadjuvante.
Habilidoso e de enfiadas
precisas, Iniesta não é muito
de chutar a gol. Foram apenas 11 conclusões em todo o
Mundial, apesar de jogar como meia ofensivo na seleção.
Só finalizou uma vez na
decisão no estádio Soccer
City. Foi aos 11min do segundo tempo da prorrogação,
justamente no lance do gol
do título. "Tinha que entrar
como fosse. Era o destino",
exaltou Iniesta ao final.
Por duas vezes, o meia esteve à frente da meta de Stekelenburg sem bloqueio da
Holanda. Por duas vezes, optou por não chutar a gol.
Em um dos lances, recebeu a bola na frente da área.
Villa estava ao lado. Indeciso, Iniesta nem chutou nem
passou. Acabou bloqueado
por holandeses. Em outro
momento, entrou livre na
área. Buscou o passe lateral.
Mas, quando recebeu passe de Fàbregas, Iniesta não tinha nenhum espanhol ao
seu lado na área. Ele, enfim,
resolveu chutar a gol.
Era a consagração de um
herói improvável. Tímido,
Andrés Iniesta Luján, meia
do Barcelona, costuma utilizar sua técnica para servir
aos outros e foge do protagonismo em sua equipe.
"É um momento tão grande e incrível que não nos damos conta dessa importância", explicou o espanhol.
Aos 26 anos, Iniesta já assistiu a Ronaldinho, primeiro, e a Messi, agora, serem as
estrelas do clube catalão.
Quando se lembra de um
meio-campo da sua equipe, é
Xavi que lhe vem à cabeça.
Atua como coadjuvante
apesar de estar há 15 anos no
Barcelona, desde que foi descoberto por olheiros do clube
catalão, aos 11 anos.
Neste Mundial, também se
manteve como auxiliar de luxo. Deu 382 passes, contra
mais de 600 do companheiro
Xavi em toda a Copa-2010.
Mas seu colega de meio de
campo não foi capaz de fazer
o gol nas duas chances que
teve em faltas perto da área.
A definição do confronto
caminhava para os pênaltis.
"Foi uma partida muito dura.
E a forma como acabou mostra isso", reconheceu Iniesta.
O sofrimento, no entanto,
evaporou-se quando se
transformou no sonho de
criança, segundo o meia.
Enquanto dava entrevista,
Iniesta ouviu Fàbregas, que
lhe deu a assistência, gritar
no seu ouvido. "Grande."
Era, enfim, seu reconhecimento.
(FÁBIO ZANINI, EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO
COBOS, RODRIGO BUENO, RODRIGO
MATTOS E SÉRGIO RANGEL)
Texto Anterior: Festa inclui grito, baldes na cabeça e a rainha Sofia Próximo Texto: Frase Índice
|