São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Iniesta!

Com cara de coadjuvante, o tímido meia espanhol era quase monossílabico após o jogo, mas ontem fez o gol do título e virou o herói espanhol deste Mundial

DE JOHANNESBURGO
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

Cercado por uma multidão de repórteres, pouco mais de uma hora depois do jogo, Iniesta limitava-se a um sorriso tímido e frases curtas. Era quase monossilábico.
Longe de imitar os gritos, os cantos e as brincadeiras que faziam os companheiros.
A Copa de 2010 escolheu como herói decisivo para o título um personagem com cara de coadjuvante.
Habilidoso e de enfiadas precisas, Iniesta não é muito de chutar a gol. Foram apenas 11 conclusões em todo o Mundial, apesar de jogar como meia ofensivo na seleção.
Só finalizou uma vez na decisão no estádio Soccer City. Foi aos 11min do segundo tempo da prorrogação, justamente no lance do gol do título. "Tinha que entrar como fosse. Era o destino", exaltou Iniesta ao final.
Por duas vezes, o meia esteve à frente da meta de Stekelenburg sem bloqueio da Holanda. Por duas vezes, optou por não chutar a gol.
Em um dos lances, recebeu a bola na frente da área. Villa estava ao lado. Indeciso, Iniesta nem chutou nem passou. Acabou bloqueado por holandeses. Em outro momento, entrou livre na área. Buscou o passe lateral.
Mas, quando recebeu passe de Fàbregas, Iniesta não tinha nenhum espanhol ao seu lado na área. Ele, enfim, resolveu chutar a gol.
Era a consagração de um herói improvável. Tímido, Andrés Iniesta Luján, meia do Barcelona, costuma utilizar sua técnica para servir aos outros e foge do protagonismo em sua equipe.
"É um momento tão grande e incrível que não nos damos conta dessa importância", explicou o espanhol.
Aos 26 anos, Iniesta já assistiu a Ronaldinho, primeiro, e a Messi, agora, serem as estrelas do clube catalão.
Quando se lembra de um meio-campo da sua equipe, é Xavi que lhe vem à cabeça.
Atua como coadjuvante apesar de estar há 15 anos no Barcelona, desde que foi descoberto por olheiros do clube catalão, aos 11 anos.
Neste Mundial, também se manteve como auxiliar de luxo. Deu 382 passes, contra mais de 600 do companheiro Xavi em toda a Copa-2010.
Mas seu colega de meio de campo não foi capaz de fazer o gol nas duas chances que teve em faltas perto da área.
A definição do confronto caminhava para os pênaltis. "Foi uma partida muito dura. E a forma como acabou mostra isso", reconheceu Iniesta.
O sofrimento, no entanto, evaporou-se quando se transformou no sonho de criança, segundo o meia.
Enquanto dava entrevista, Iniesta ouviu Fàbregas, que lhe deu a assistência, gritar no seu ouvido. "Grande." Era, enfim, seu reconhecimento.
(FÁBIO ZANINI, EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS, RODRIGO BUENO, RODRIGO MATTOS E SÉRGIO RANGEL)


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