São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011

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Após queda, falta de apoio volta à tona

MUNDIAL FEMININO
Descaso da CBF ganha destaque na Alemanha


LUCAS REIS
ENVIADO ESPECIAL A DRESDEN

A presidente do Comitê Organizador do Mundial da Alemanha, Steffi Jones, disse à Folha o que todas as jogadoras do Brasil, há anos, insistem em reivindicar.
"Eu gostaria de ver mais mulheres no futebol. Vocês [brasileiros] têm um dos melhores times do mundo, elas são bem-sucedidas, mas não são apoiadas em casa", afirmou a ex-jogadora, campeã do mundo pela Alemanha.
A imagem da seleção feminina do Brasil fracassando tornou-se rotina. O clamor de jogadoras por melhores estruturas e apoio também.
A eliminação na Copa ante os EUA, anteontem, levanta pela enésima vez uma bandeira contra o descaso da CBF, a falta de estrutura no país, muitas promessas e pouquíssimo investimento no futebol feminino.
Marta, há cinco anos a melhor do mundo, não foi suficiente para vencer a organização que Europa e América do Norte mostram. Neste Mundial na Alemanha, que apoia a modalidade, é fácil notar a adoração que os europeus têm pelo futebol feminino do Brasil e por Marta.
Na primeira fase da Copa, apenas as anfitriãs tiveram média de público melhor do que a seleção brasileira.
Mas jogadoras da seleção, quase todas semiprofissionais, ou até sem clube, embarcaram ontem de volta sem saber o que vai acontecer com o futebol feminino.
Na Alemanha, sentiram na pele a falta de preparo, já que a CBF organizou apenas dois amistosos neste ano.
Sem falar que, na delegação, não havia psicólogos ou até mesmo cozinheiros. As próprias jogadoras preparavam sua comida nos hotéis. Diferentemente do Sul-Americano sub-20 masculino.
Nem mesmo fotógrafo oficial a CBF enviou à Alemanha. No Mundial masculino sub-17, havia tal profissional.
"[As norte-americanas] desde pequenas são treinadas, preparadas para serem atletas, para jogarem futebol. No Brasil, é diferente", declarou o técnico Kleiton Lima.
Durante a Copa, jornalistas estrangeiros ficavam incrédulos ao descobrir que, no Brasil, não há um Nacional.
"Queria mais respeito pelo nosso trabalho. Estou desempregada, pois os clubes não têm como pagar um salário", disse Formiga, 33.
A volante é recordista brasileira em participações em Mundiais -jogou cinco. Mais do que qualquer homem no Brasil. E está sem clube.


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