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Justiça Federal determina quebra
do sigilo bancário de Ronaldo
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O juiz Rodrigo Kravetz, da 2ª
Vara Criminal Federal de Foz do
Iguaçu (PR), acatou pedido da
Polícia Federal e determinou a
quebra do sigilo bancário do atacante Ronaldo, da Inter de Milão e
da seleção brasileira.
O despacho do juiz federal
aconteceu na última quarta-feira.
Anteontem, a determinação chegou à divisão da Polícia Federal
em Foz do Iguaçu.
Kravetz determinou também
que as diligências e investigações
sobre o caso serão sigilosas.
Ronaldo está sendo investigado
em inquérito da Polícia Federal
em Foz do Iguaçu que apura responsabilidade do jogador em
contrabando durante a Copa
América do ano passado, disputada no Paraguai.
Durante a competição, a seleção
brasileira ficou concentrada em
um hotel de Foz do Iguaçu.
Ronaldo é acusado de ter extrapolado a cota de US$ 500 em compras na cidade paraguaia de Ciudad del Este sem declarar ao voltar ao Brasil e, consequentemente, ter sonegado o imposto de importação.
Ronaldo teria dado de presente
a seu fisioterapeuta, Nílton Petrone, o Filé, um relógio avaliado em
cerca de US$ 5.000.
O atacante, na ocasião, disse que
o relógio foi um brinde do Shopping Monalisa, uma rede de lojas
paraguaia.
Para entrar com o relógio no
Brasil, de acordo com a Receita
Federal, Ronaldo deveria ter pago
imposto de 50% sobre o valor da
mercadoria que excedesse o limite de US$ 500.
Representantes da Receita afirmaram, na época, que Ronaldo
gastou pelo menos US$ 16 mil em
compras em uma única loja da cidade. Mas não se conseguiu prova
nenhuma contra o atacante.
O delegado que preside o inquérito, Jessé Ferry, da PF em Foz,
disse ontem que não podia falar
sobre o caso, uma vez que o juiz
Kravetz determinou segredo de
Justiça para o processo.
Ferry teve seu pedido de quebra
de sigilo bancário endossado pelo
Ministério Público Federal em
Foz do Iguaçu.
Segundo o delegado, o pedido
para a quebra do sigilo bancário
do jogador foi feito depois de depoimentos contraditórios de Ronaldo e de testemunhas.
O atacante da Inter de Milão teria comprado relógios que ultrapassaram a cota de US$ 150, valor
para viagens terrestres.
Como usou helicóptero para se
deslocar de Foz do Iguaçu para
Ciudad del Este, o atleta alega, em
sua defesa, que teria direito à cota
de US$ 500. Esta cota é estabelecida para turistas que ingressam no
país por avião.
Segundo o delegado Ferry, o fato de ter utilizado helicóptero poderia elevar a cota de ingresso de
mercadoria estrangeira para US$
500. O delegado deu a entender
que o valor pode ter ultrapassado
a cota para viagem aérea.
O fato de Ferry ter pedido a quebra do sigilo bancário do jogador
levou advogados de Ronaldo a
acusá-lo de se aproveitar do caso
-que envolve um jogador conhecido internacionalmente-
para se promover.
Ele disse que fez o pedido apenas cumprindo sua obrigação
profissional, "com base no Código de Processo Penal".
Carioca, Ferry disse ser fã do
atleta Ronaldo. "Meu filho de oito
anos, Jessé Jr., tem inclusive uma
foto abraçado ao Ronaldo. Isso
prova que não existe nenhuma
perseguição de minha parte",
afirmou o delegado.
A Agência Folha tentou falar
ontem com o assessor de imprensa de Ronaldo, Rodrigo Paiva, e
com os procuradores do jogador,
Reinaldo Pitta e Alex Martins,
mas seus telefones celulares estavam desligados.
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