São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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JUDÔ

Guilheiro é o 1º a repetir pódio em Jogos seguidos

Peso leve supera dor e recebe infiltração no ombro para bisar o bronze

Desde Atenas-2004, judoca foi submetido a 3 cirurgias; agora, cogita interromper os treinamentos para se tratar de um problema na coluna


DO ENVIADO A PEQUIM

Com infiltração no ombro e prestes a passar por nova cirurgia, Leandro Guilheiro, 25, é o primeiro judoca do Brasil a conquistar medalha em duas Olimpíadas seguidas.
Com o bronze obtido ontem em Pequim, ele ainda manteve o peso leve do país em pódios dos Jogos pela terceira vez consecutiva -em Sydney-2000, a categoria foi representada por Tiago Camilo, vice-campeão.
Até ontem, apenas o meio-pesado Aurélio Miguel conquistara medalhas em duas edições de Jogos Olímpicos (ouro em 1988 e bronze em 1996).
Se a medalha de Ketleyn Quadros tem como palavra-chave a determinação, a repetição do bronze de Leandro Guilheiro se explica pela superação. Desde Atenas, o paulista passou por três cirurgias: punho, quadril e ombro.
Nos Jogos Pan-Americanos, há um ano, teve grave lesão lombar, que virou hérnia de disco com os treinamentos.
Ele planejou o ciclo olímpico alternando fisioterapia e treinamentos, rotina que pode mudar quando voltar ao Brasil. Guilheiro cogita interromper os treinos por um tempo, para apenas se tratar. O que mais o incomoda no momento é o problema na coluna, que deve ser corrigido com nova cirurgia.
Ontem, porém, o que ele mostrou no tatame não indicava que seu quadro clínico inspira tantos cuidados.
A estréia contra o argentino Mariano Daniel Bertolotti foi pouco animadora. Guilheiro começou com duas punições contra e só conseguiu empatar a luta a 34 segundos do final. No final, forçou outra punição e saiu com a vitória.
No confronto seguinte, diante do sul-africano Marlon August, ele conseguiu o ippon.
O próximo oponente foi o sul-coreano Wang Ki-chun, campeão mundial. Leandro neutralizou o jogo mais veloz de Wang e aparentava mais disposição no "golden score" (a prorrogação do judô). Mas foi surpreendido num contragolpe e perdeu por waza-ari.
Wang, que chegou a morder a mão do brasileiro para evitar um estrangulamento, precisou deixar o tatame amparado pelo médico e encerrou a competição com suspeita de fratura na costela -mesmo assim, ficou com a medalha de prata.
O brasileiro saiu com dores no ombro esquerdo e precisou de infiltração no local para prosseguir na competição.
Voltou ainda mais forte na repescagem. Da primeira luta nessa fase, até a conquista da medalha, foram mais três vitórias pela pontuação máxima.
Quando não resolveu com um golpe perfeito, forçou punição do adversário até a vitória. Na luta do bronze, contra Ali Malomat, do Irã, Guilheiro obteve o ippon. (LUÍS FERRARI)


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