São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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GINÁSTICA

"Teatro" vira arma da seleção na final de hoje

Pela 1ª vez na decisão, brasileiras tentam subir posição de Mundial

BRASIL
Ginastas disputam hoje final inédita por equipes. Horário: 23h30


EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Valeu de tudo para o Brasil chegar pela primeira vez à final por equipes da ginástica artística da Olimpíada, que ocorre hoje à noite. Até teatro durante as sessões de treinamento.
Para simular nos treinos situações de tensão, que as ginastas encontram nas competições, Eliane Martins, supervisora da Confederação Brasileira de Ginástica e chefe de equipe na Olimpíada, lança mão regularmente da dramaturgia.
A dirigente incorpora o papel de juradas de diversos países.
""A ginástica exige concentração. A cabeça é mais do que 50%. Existem ginastas que são superboas de treino, acertam tudo. Mas, na hora da competição... ela deixou de ser boa, está despreparada?", questiona Eliane. ""O psicológico deixa a ginasta estressada, nervosa."
Segundo ela, a solução para driblar isso é reproduzir nos treinos situações estressantes, como a avaliação, durante as simulações de competição ""para que ela saiba se posicionar".
""Tem dias que o Oleg [Ostapenko, técnico da seleção permanente] pede para eu ser uma árbitra super-rígida. Uma russa, ou ucraniana, que é contra a gente. Nesse dia, eu desconto até pensamento. Sou muito rigorosa, ajo como um inimigo."
Eliane crê que esse problema específico será amenizado na final de hoje, pois serão escalados árbitros neutros. Contudo outros membros da delegação brasileira, como Renato Araújo, técnico de Diego Hypólito, apontam para a rigidez dos julgadores nos Jogos de Pequim.
A Folha apurou que as árbitras, especialmente as do júri feminino, foram instruídas a adotar o maior rigor possível. Também as deduções de pontos ficaram muito mais rígidas desde a Olimpíada de Atenas.
Durante as interpretações de Eliane, ao punir flexionamento de perna que não poderia ocorrer, ela tem a opção de descontar entre 0,10 e 0,30 ponto.
""Se sou condescendente com você, eu lhe tiro 0,10. Se eu quero ser super-rígida, tiro 0,30. Essa subjetividade é a grande diferença. Depois, eu me sento com os treinadores e explicamos às atletas. Elas têm de ter esse parâmetro."
O Brasil experimentou maus momentos com a arbitragem anteontem, na fase classificatória. Foi apontado que Daiane dos Santos pisou fora da linha no solo, o que revoltou a ginasta, a presidente da CBG, Vicélia Florenzano, e Eliane.
""Quando o Brasil não era páreo, tinha país que vinha e dizia: "Puxa, parabéns, como o Brasil está bom". Aquele país estava em sexto, e a gente, em 20º. Nota que podia ser 8,50, o árbitro daquele país dava 8,70, que beleza", diz Eliane. ""Hoje esse país já não elogia, porque melhoramos mais do que eles. O árbitro que antes dava 8,70 hoje dá 8,30, 8,40, pois a gente já passa a ser concorrente."
Após já ter melhorado o nono lugar de Atenas-04, as brasileiras lutam para ver se superam o quinto lugar do Mundial de 2007, além de aprimorar elementos e estudar as rivais para as finais individuais.
Na classificatória, anteontem, as brasileiras ficaram em sétimo na disputa por equipes, que será marcada hoje pelo choque entre China e EUA.


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