Chen Qi precisou retirar erva daninha e alimentar porcos

ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

Chen Qi não conseguiu segurar a irritação com a derrota e chutou uma cadeira na frente das câmeras. O ato impensado irritou dirigentes e técnicos. Ele merecia punição exemplar.
Para dar o alerta aos outros jogadores de tênis de mesa da China, ele foi submetido a prática usada na Revolução Cultural, nos anos 60, trabalhando no campo para ser reeducado.
O caso ocorreu em 2006, e Chen já foi reintegrado à seleção -é reserva olímpico. Hoje, às 23h (de Brasília), a equipe feminina da China estréia contra a Croácia na Olimpíada de Pequim. O time masculino atua pela primeira vez ante a Grécia, às 3h30 de amanhã.
O jogador foi enviado a Pantao, vila ao norte da Província de Hebei. Sua principal missão era retirar ervas daninhas das plantações. Durante a Revolução Cultural de Mao Tsé-tung, nos anos 60, intelectuais eram enviados ao campo para serem "reeducados" por camponeses.
A prática de Chen durou durou uma semana e atraiu dezenas de curiosos e jornalistas. Segundo jornais, ele se recusava a dar autógrafos, dizendo ser só um camponês e não querer ser tratado como atleta famoso.
A Folha não conseguiu conversar com Chen em Pequim. No Mundial de tênis de mesa de Guangzhou, em fevereiro, ele disse que se arrependia de sua ação. "Trabalhar no campo foi muito bom para mim."
Chen, 24, foi campeão olímpico de duplas nos Jogos de Atenas, há quatro anos. No processo de seleção da equipe para os Jogos de Pequim, foi superado por seus colegas.
Além de retirar ervas daninhas das plantações, irrigou campos e deu comida aos porcos. O técnico da seleção de tênis de mesa chegou a dizer que planejava enviar o time todo para a reeducação no campo.
O caso de Chen não foi o primeiro na seleção de tênis de mesa da China, que tem com o esporte quase a mesma relação que o Brasil tem com o futebol. Os chineses são favoritos em várias disputas da modalidade.
Qiu Yike foi banido por um ano por causa de bebedeira. Em 2004, quatro atletas da equipe nacional foram expulsos por namorarem colegas de time, acusados de atrapalharem a preparação olímpica.
Wang Hao, o "Furacão", é a maior aposta da China. Ele tenta superar o trauma de Atenas-04, quando acabou derrotado na decisão. No feminino, a aposta é Zhang Yining, atual líder do ranking mundial.
(MARIANA LAJOLO)


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