São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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Médico questiona laboratório olímpico

DOPING
Eduardo de Rose coloca em dúvida exame positivo de atleta do vôlei de praia feito pelo Ladetec


DANIEL BRITO
MARIANA BASTOS

DE SÃO PAULO

A maior autoridade brasileira em doping pôs em dúvida o trabalho do único laboratório credenciado para fazer teste antidoping no país.
A Folha teve acesso a um e-mail enviado por Eduardo de Rose, chefe do doping no COB (Comitê Olímpico Brasileiro), para a FIVB (Federação Internacional de Vôlei).
No texto, ele diz não estar "totalmente convencido" de que o resultado da contraprova de Pedro Solberg, atleta do vôlei de praia flagrado com o esteroide androstano, estava "tecnicamente correto."
O e-mail também foi para Wada (Agência Mundial Antidoping), COB e CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
As afirmações do médico colocam em dúvida o Ladetec, único laboratório do país credenciado pela Wada e único apto hoje a realizar os testes da Copa-14 e da Rio-16.
"A confirmação da amostra A foi adiada duas vezes por problemas técnicos no laboratório no Rio e (...) não estou totalmente convencido de que o resultado analítico adverso foi tecnicamente correto", escreveu De Rose, após saber que a amostra B confirmou o resultado positivo.
O médico diz que o caso gera preocupação no Brasil não só por Solberg, 25, ser um dos melhores atletas de vôlei de praia mas também por ele ser filho de uma "lenda" do vôlei, a ex-jogadora Isabel.
Em sua mensagem, o médico lança dúvida sobre a cadeia de custódia das amostras (procedimentos usados para evitar que as amostras sofram qualquer tipo de dano), colhidas em 30 de maio, uma segunda-feira, na casa do esportista. De Rose disse que a urina foi entregue ao Ladetec três dias depois.
O transporte da urina não é atribuição do laboratório, e o exame foi feito pela Wada.
"A coleta só chegou ao laboratório na quinta, apesar de o regulamento recomendar que ela seja entregue o mais rápido possível", disse Solberg à Folha, por e-mail.
"Por que o laboratório não exigiu a cadeia de custódia se o regulamento fala tão claramente que ela deve estar sempre junto com a amostra?"
De Rose afirmou ainda que o resultado dos testes pode ser diferente do apresentado pelo Ladetec. "(...) Alguns especialistas (...) que analisaram os dados da amostra A também mencionaram que não encontraram elementos para suspender o atleta."
Com base nisso, o médico pediu à FIVB que retirasse a suspensão provisória imposta ao atleta até seu julgamento. O pedido foi atendido.
"Devido à possibilidade de terem ocorrido irregularidades na realização do exame, a FIVB decidiu cancelar a suspensão imposta ao atleta até o julgamento do caso", afirmou, em nota oficial, a CBV.
No e-mail, De Rose sugere que os resultados sejam submetidos à confirmação de laboratórios de Montréal (Canadá) ou Colônia (Alemanha). "Se esse resultado analítico adverso for confirmado por outros especialistas (...) vou aceitá-lo e apoiar todas as decisões da FIVB", disse.
A reportagem tentou contato com De Rose, mas não obteve resposta. Francisco Radler, coordenador do Ladetec, preferiu não se pronunciar ainda. Consultada, a Wada não deu resposta.


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