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A harmonia entre jogadores e esquemas táticos
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Antigamente, dizia-se que
havia jogador de time e jogador de seleção. Waldemar Fiúme e Ademir da Guia, por
coincidência dois eméritos palestrinos de gerações distintas,
carregaram vida afora o estigma de serem jogadores de time, não de seleção. Já outros se
arrastavam em seus times o
ano inteiro, mas, quando vestiam a camisa amarela, transfiguravam-se, encorpavam, viravam leões.
O mesmo valia para os treinadores: Aymoré, por exemplo, nunca levantou um título
paulista, embora tivesse dirigido todos os grandes (e alguns
pequenos) por aqui, durante
várias temporadas. Na seleção,
porém, só perde para Zagallo
no quesito tempo de serviço.
Em contrapartida, o mestre
Brandão, vestia faixa sobre
faixa nos regionais, mas nunca
deu certo na seleção.
Assim como é comum dizer-se que há treinadores de
esquema e aqueles que adaptam o esquema às características dos jogadores de que dispõem. Zagallo, por exemplo,
tentou impor um esquema à
seleção brasileira, ainda que
contrariando as características de alguns dos jogadores de
que dispunha. Não deu, embora o técnico da seleção, na teoria, tenha um leque inconcebível de escolhas na mão.
Cada um é cada um. Não há
dois jogadores rigorosamente
iguais, como não há duas pessoas iguais. Parecidas, sim.
Mas, iguais, não.
Logo, o bom treinador é
aquele capaz de harmonizar
estilos e diferenças, mesmo que
disponha do mais variado, rico e amplo elenco de craques
de todo o mundo, num esquema capaz de extrair de cada
um o máximo, em benefício do
conjunto.
Esse parece ser o caso de Luxemburgo, anunciado ontem,
oficialmente, como o novo técnico da seleção brasileira. Pelo
menos, foi o que ouvi de César
Sampaio, que trabalhou com
Luxemburgo no Palmeiras, na
rádio, ontem. Segundo o experiente meio-campista, Luxemburgo pertence a esse categoria
de técnicos que montam o esquema, a tática, o que seja, de
acordo com o estilo dos jogadores de que dispõe.
Já vi Luxemburgo armar seus
times com líbero, sem líbero,
com três ou nenhum volante,
com dois, três ou quatro atacantes, dependendo das circunstâncias. Mas nunca o vi
transformar-se em arauto de
um sistema fechado, aquela
fórmula mágica, que, acima
das pessoas e das contingências, quando aplicada, resulta
em vitória.
Flávio Costa, Zezé Moreira,
Zagallo e até mesmo o nosso
Felipão sempre colocaram o
homem a serviço do sistema.
Já Luxemburgo embarca na
vertente de Feola, Aymoré e
Telê: o homem é quem determina o sistema ideal. É um jeito de ver o futebol. A meu ver,
um bom jeito de ver a vida.
Há quem, como eu, vê nessa
escolha uma sombra: Luxemburgo, lançado agora nas
águas turvas do pré-olímpico e
torneios vesgos, pode estar assumindo o papel de boi de piranha, sobretudo porque, embora carioca de nascença, tem
boa parte da imprensa do Rio
no contrafluxo, por ter sido
um profissional que deslanchou por aqui, na província.
Cabe a ele, porém, reverter
essa situação. Aqui entre nós,
acho que o fará.
Alberto Helena Jr. escreve às quartas, domingos e segundas
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