São Paulo, Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999
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FUTEBOL
Mais de 10 contratações na temporada superam US$ 15 milhões; transação única bate US$ 50 milhões
Europa superinflaciona jogadores


RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

A Europa enlouqueceu de vez.
As transações de jogadores para a temporada 1999/2000 estão extrapolando todos os limites. Somando só as dez maiores negociações das últimas semanas, chega-se a quase US$ 300 milhões.
Apenas o atacante Vieri, que fez cinco gols na Copa de 98 pela Itália, custou, no total, US$ 51,6 milhões. O jogador foi comprado pela Inter de Milão junto à Lazio e entrou para a história como o jogador mais caro do futebol.
Mas isso é questão de tempo. O Manchester United, da Inglaterra, recebeu uma proposta da Fiorentina de US$ 56,7 milhões pelo meia Beckham, o mesmo que foi expulso no Mundial em jogo decisivo contra a Argentina.
O mesmo Manchester United já aceita pagar quase US$ 50 milhões ao Barcelona pelo meia-atacante brasileiro Rivaldo -jogador cuja rescisão contratual custa quase US$ 100 milhões.
Anelka, um atacante francês que não foi à Copa do Mundo -deu lugar ao limitado Guivarch-, custou ao Real Madrid US$ 38,7 milhões. O ex-jogador do Arsenal já é o segundo mais caro jogador do planeta.
Já no ano passado, o pequeno Betis, da Espanha, tratou de superinflacionar o mercado, desembolsando mais de US$ 35 milhões pelo meia-atacante Denílson, ainda em ascensão no São Paulo.
O brasileiro Amoroso, o argentino Verón e o ucraniano Shevchenko, três jogadores de bom nível que se destacaram na temporada passada, custaram quase US$ 30 milhões cada a Parma, Lazio e Milan, respectivamente.
Quase todos os grandes clubes do mundo estão fazendo as maiores contratações de suas histórias agora. É o caso de Real Madrid, Milan e Ajax, por exemplo.

Itália
Na Itália, os negócios têm suplantado todas as expectativas. Além do Milan, Inter, Lazio, Parma e Roma gastaram mais de US$ 20 milhões em uma contratação.
A Lazio, ao que parece, fez o negócio do ano. Comprou Vieri do Atlético de Madrid por quase US$ 30 milhões. Vendeu meses depois o jogador para a Inter por US$ 50 milhões -com o valor é possível comprar cem modelos da Ferrari mais cara vendida no Brasil (veja quadro ao lado).
O Vaticano chegou a condenar a transação de Vieri, assim como fez em 92 quando o atacante Lentini, mesmo sem tanto prestígio, trocou a Fiorentina pelo Milan.
Na ocasião, a negociação, que superou US$ 20 milhões, gerou suspeitas sobre lavagem de dinheiro, especialmente porque o magnata Silvio Berlusconi, envolvido em alguns escândalos na Itália, tratou da compra do atleta.

Espanha
O mercado espanhol tem feito frente ao milionário Campeonato Italiano nos últimos anos. Mesmo clubes modestos, como o Betis, têm desembolsado altos valores.
O país facilita a atuação de grandes empresários internacionais, como Juan Figer. E trabalha com vultosas rescisões contratuais.
""Eles fazem uma rescisão contratual muito alta para ninguém me comprar. Ofereceram metade da minha cláusula, mas eu estou satisfeito no Barcelona e vou continuar", disse Rivaldo.
Assim como ele, Roberto Carlos, lateral-esquerdo do Real Madrid, renovou agora seu contrato com o clube -a rescisão dele supera US$ 100 milhões.
O Real Madrid dispensou o meia-atacante iugoslavo Mijatovic agora. Apesar disso, o clube pedia a qualquer interessado mais de US$ 100 milhões para a quebra do contrato com o jogador.

Outros países
Além de Itália e Espanha, que comandam a megalomania do mercado, outros países têm extrapolado na compra de atletas.
A Inglaterra apresenta um mercado bastante aquecido, especialmente após a oferta de US$ 1,03 bilhão pelo Manchester United feita pelo grupo BSkyB.
O Arsenal, por exemplo, lucrou com a venda de Anelka e aplicou o dinheiro em outro atacante francês. Gastou quase US$ 16 milhões em Henry, ex-Monaco.
O valor até que é baixo se comparado com o que o Manchester pagou, na temporada passada, por Yorke (US$ 23 milhões), um atacante de Trinidad e Tobago.
O Lyon, da França, quebrou o recorde do país ao pagar quase US$ 16 milhões pelo atacante brasileiro Sonny Anderson, ao Barcelona. O clube espanhol teve prejuízo com o atleta, pois havia pago por ele, ao Monaco, US$ 20 milhões no ano retrasado.
Na Holanda, o Ajax, que tradicionalmente revela jogadores, gastou quase US$ 10 milhões por um atacante grego, Machlas. E o pequeno Vitesse desembolsou quase a metade desse valor para ficar com o atacante Van Hooijdonk, reserva da seleção.


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