São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

A volta do Mundial de Clubes

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cabou a novela. O Mundial de Clubes, o que foi criado pela Fifa, vai emplacar mesmo.
Às vésperas do início da Champions League (belo Mundial de Clubes), fórum com a nata dos times europeus deu enfim o braço a torcer. O novo formato sugerido para a disputa e o prometido retorno financeiro que ele deve oferecer são, no mínimo, muito bons. Os argumentos dos poderosos da Europa contra o Mundial de Clubes foram sendo atacados aos poucos. E, no fundo, nem o mais galáctico time do velho continente havia rechaçado o torneio.
Se o Real Madrid aceitou jogar a primeira edição no Brasil, com todos os problemas que ela teve, por uma grana menor, em janeiro, sob forte calor e sem a devida promoção, por que não entrar em uma disputa curta no Japão, altamente rentável e com potencial de marketing absurdo (é o que mais os poderosos trabalham hoje)?
Quando a Conmebol aceitou abrir mão do tradicional Mundial interclubes e os japoneses foram convencidos da melhoria do produto, as coisas começaram a pender para o lado da Fifa.
Os membros do G14, a elite dos clubes, bateram o pé até muito além do limite. Mais ou menos como aquelas crianças que estão loucas para entrar no jogo, são convidadas várias vezes pelos amiguinhos, mas que, por capricho, arrumam desculpas cada vez menos convincentes para não brincar e, no fim, entram no jogo.
Rummenigge, dirigente do G14 que foi o mais ácido nas críticas ao Mundial de Clubes, agora deixa um único senão à participação dos clubes mais tradicionais da Europa na disputa da Fifa: ""Não pode ser algo obrigatório".
Real Madrid e Milan, que ao lado do Arsenal são os grandes favoritos ao título europeu do ano que vem, são megalomaníacos e adoram a idéia de ser o melhor do mundo. Vivem muito em função disso, aliás. Assim como é certo que eles brigarão pela taça da Copa dos Campeões, eles estarão no Mundial de Clubes de 2005 se levarem o título continental.
Os clubes europeus são obrigados pela Uefa a jogar o Mundial interclubes, que infelizmente promete ver na sua final derradeira a menos atrativa de suas edições contemporâneas. Mas, diplomaticamente, a Uefa não deve mesmo impor ao vencedor da Champions League a participação na disputa da Fifa. Até porque não está envolvida na organização como no Mundial interclubes -a European-South American Cup.
E, se o campeão não quiser, convite será feito ao vice, a um semifinalista ou a qualquer um dos vários clubes do continente. Esse convidado lucraria -insisto que o campeão europeu deverá jogar o Mundial - mais do que o Porto neste ano contra o Once Caldas.
Sempre defendi aqui o Mundial interclubes, sensacional duelo que tem um valor inestimável, histórico. Mas chegou a vez do Mundial de Clubes, que só irá mesmo ampliar a tradicional disputa que nas últimas décadas aconteceu no Japão (a Copa do Mundo começou com só dois continentes). Silvio Berlusconi, chefão do Milan, disse certa vez que o Mundial seria de clubes, não de seleções. O mundo dá voltas.

A Fiorentina, o Napoli e o São Paulo
A tradicional equipe de Florença, de volta à Série A na Itália para a alegria de muitos, peregrinou algum tempo com outro nome (Florentia) após sua falência. O Napoli quebrou também e começa a se reerguer com novo nome (Soccer), seguindo o exemplo da Fiorentina. O São Paulo Futebol Clube foi fundado em 1930 (São Paulo da Floresta é só apelido), quebrou, usou outro nome por poucas semanas e voltou como era, São Paulo Futebol Clube, em 1935. Grande parte da imprensa nacional e livros desassociam as duas fases são-paulinas porque o clube teve temporariamente que usar um outro nome. O que fazer se a Fiorentina, por exemplo, for campeã do Italiano que começou ontem? Se for seguido o padrão (a meu ver equivocado) adotado para o São Paulo, grande parte da imprensa nacional e livros terão que dizer que é só o primeiro título da Fiorentina.

E-mail - rbueno@folhasp.com.br

Texto Anterior: Vitória joga contra degola
Próximo Texto: Automobilismo: "Perfeito", Barrichello faz 2ª pole do ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.