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Brasil abre Mundial antiglobalizado
Seleções reagem ao assédio da WNBA, seguram jogadoras no país e apostam em entrosamento para triunfar no basquete
Anfitrião do torneio, time brasileiro vai na contramão e alinha no elenco que estréia hoje oito atletas que jogam no exterior
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos internacionalizado
do que há quatro anos, o Mundial feminino de basquete começa hoje, em São Paulo e Barueri, com oito partidas. O Brasil estréia contra a Argentina.
Ao contrário da última edição, na China-02, algumas das
forças do planeta passaram a
incentivar as selecionáveis a
permanecer nas ligas locais.
Anteriormente, ter várias jogadoras na WNBA era considerado um trunfo. A liga norte-americana se firmava como a
versão feminina da NBA e oferecia contratos vantajosos,
atraindo estrelas do mundo.
Como ônus dessa escolha,
quem se destacava no competitivo torneio costumava desfalcar seu país. Como a WNBA
realiza mata-matas às vésperas
do Mundial, algumas seleções
não disputavam um só amistoso com seu grupo completo.
Os países decidiram, assim,
dar um basta à condição de
coadjuvantes. Foi o caso, por
exemplo, de Espanha, Rússia,
República Tcheca e Austrália.
"A federação quer que nossas
jogadoras fiquem no país. Temos só duas no exterior e o melhor é que todas são importantes para seus times", diz o técnico espanhol Domingo Díaz.
A Rússia é o caso mais significativo. Em quatro anos, o país,
vice-campeão mundial, estruturou liga forte, atraindo interesse até de americanas e brasileiras -Helen e Iziane atuaram
por lá. Além disso, a Rússia
abriga as finais Liga Mundial de
clubes, torneio criado em 2003.
Como resultado, todo o elenco
da seleção hoje joga no país.
A República Tcheca adotou
solução parecida. Apenas Zuzana Klimesova joga na França.
As outras 11 estão no país.
E, para melhorar o entrosamento, seis delas defendem a
mesma equipe, o Gambriunis
Brno, campeão europeu, que é
dirigido por Jan Bobrovsky, o
mesmo treinador da seleção.
França, com nove atletas na
liga local, e Lituânia, que possui
11 jogadoras em casa, seguem
estratégia semelhante. Austrália, vice-campeã olímpica, e
Brasil são as exceções.
A federação australiana bem
que tentou: chegou a anunciar
que não chamaria atletas da
WNBA. Rendeu-se ao óbvio. A
técnica Jan Stirling teve que
convocar dez "estrangeiras".
Em conversa com Iziane, a
armadora Kristi Harrower,
companheira da brasileira no
Seattle, queixou-se da preparação inadequada. A australiana
lamentou que a equipe treinou
só dois dias completa e fez um
amistoso, contra os EUA, antes
do desembarque no Brasil.
Mesmo a seleção nacional,
com oito no exterior, vive momento de refluxo. Em 2002,
eram nove atletas, sendo seis
na liga norte-americana. Do
grupo atual, só Iziane optou por
disputar a temporada nos EUA.
Para Antonio Carlos Barbosa, técnico da seleção brasileira,
a diáspora de jogadoras para o
exterior afeta a preparação.
"O ideal é que todas estivessem no Brasil pelo menos 60
dias antes para fazer a preparação física", afirmou o treinador,
que ressaltou o desnível de
Iziane, que se apresentou após
seu time ser eliminado na
WNBA. "Ela chegou aqui meio
perdida, precisando de ritmo."
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