São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2006

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São Paulo tem dia de "crise corintiana"

Renato Cordeiro/Lancepress
O técnico são-paulino Muricy Ramalho, que ontem barrou a imprensa e teve uma reunião com seus atletas, comanda treino no CT


Técnico ameaçado, jogadores descontentes e cartolas desconfiados foram a marca do clube após empate no clássico

Muricy Ramalho barra a imprensa em treino, faz reunião com atletas e ganha sobrevida até jogo contra o Internacional, no domingo


TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo segue líder isolado do Brasileiro. Manteve uma escrita de três anos sem perder para o maior rival. Vive a expectativa de conquistar o título da Recopa -recebe o Boca Juniors no Morumbi nesta quinta-feira e fatura a taça com vitória de 1 a 0. Mas teve ontem um clima tipicamente corintiano. Um dia de crise.
O técnico Muricy Ramalho barrou a imprensa e teve uma conversa reservada de 1h10min com os seus atletas para consertar os estragos provocados pelo empate de anteontem contra o Corinthians, que sustentou o 0 a 0 jogando com nove homens desde os 25 minutos do primeiro tempo.
Na conversa, além do puxão de orelha no elenco, o treinador passou um vídeo do clássico para mostrar o que foi feito de errado dentro de campo.
"Houve um pouco de tudo. Cobrança, confiança, vimos de novo o teipe do jogo e o principal: não adianta lamentar o empate contra o Corinthians", disse o volante Mineiro.
Apesar do discurso ensaiado de que o empate foi uma lição e que o título da Recopa apaga tudo, usado pelo atacante Thiago, o clima é de tensão. Principalmente para o técnico Muricy Ramalho, que está prensado entre a insatisfação de conselheiros e a de parte do elenco.
O trabalho do treinador está em xeque perante os dirigentes e também com a torcida. E pesam contra ele vários fatores. Além da falta de padrão tático da equipe, ganha proporções maiores o seu currículo modesto (não ostenta um título de expressão nacional), o fato de ter perdido as duas competições que disputou (Paulista e Libertadores) e a má utilização das peças nos jogos da equipe nos últimos dias.
Outro ponto que desagrada alguns dirigentes, são os constantes pedidos de reforços, principalmente para o ataque.
Além da resistência que vai ganhando corpo na parte diretiva, o técnico já começa a colher alguns desafetos.
O principal deles: Alex Dias. O jogador, que substituiu Aloísio contra o Boca na Argentina na etapa inicial, e foi sacado no segundo tempo, ficou irritado quando entrou contra o Corinthians faltando poucos minutos para o fim do clássico.
"Entrei porque o homem mandou [Muricy], mas sabia que não ia ter condições de resolver", falou o atacante a um conselheiro do São Paulo após a partida de anteontem.
Entre o elenco, também não pegou bem a afirmação de Muricy de que o time está pressionado e é tímido em campo.
Souza, barrado contra o Boca, substituído diante do Corinthians ainda durante o primeiro tempo, também não esconde a insatisfação de ser sempre a primeira opção a deixar o gramado quando a coisa vai mal.
Apesar do ambiente de tensão, a diretoria ainda pretende dar crédito a Muricy. E o motivo principal é a falta de opções que agradem aos cartolas no atual mercado de treinadores.
De acordo com a diretoria e conselheiros, somente quatro técnicos se destacam hoje no cenário brasileiro: Emerson Leão, Vanderlei Luxemburgo, Luiz Felipe Scolari e Paulo Autuori. Uma troca agora implicaria uma mudança de planejamento sem ter um nome forte para resolver o problema. Por isso, Muricy tem sobrevida, pelo menos até o jogo contra o Internacional, no domingo.


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