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"Filhinho de papai" dirige Venezuela
Técnico de seleção com apenas 35 anos, César Farias desperta paixões e desconfianças de favorecimento a jogadores
Treinador que comandou
primeira vitória de seu país
sobre o Brasil afirma que
partir para o ataque desde
o
começo do jogo é um erro
DO ENVIADO A SAN CRISTÓBAL
Dunga começou a carreira de
técnico aos 42 anos e logo no
primeiro emprego ganhou o comando da seleção brasileira.
Tudo muito diferente do seu
rival de hoje, que em junho fez
história na Venezuela ao comandar o time que pela primeira vez ganhou do Brasil, 2 a 0
num amistoso em Boston.
Com apenas 35 anos, César
Farias tem um currículo de veterano. Ele já era técnico aos 19.
Aos 24, foi campeão da segunda
divisão. Com 28, estava no comando de um time da elite.
Com 31, levou o Deportivo Táchira às quartas da Libertadores, quando foi eliminado pelo
São Paulo. Aos 34, assumiu a
seleção de seu país -o mais jovem da história da Venezuela.
Por trás de tudo isso, está
uma história que divide a Venezuela tanto como Hugo Chávez,
a quem, aliás, os desafetos dizem que Farias é ligado.
Na sexta-feira, em treino noturno e com chuva em San Cristóbal, o treinador foi xingado
pela torcida que esperava a delegação venezuelana chegar. A
polícia reagiu com violência,
causando enorme correria.
"Isso é normal no futebol.
Quando estive aqui, me aplaudiam", disse o treinador, lembrando dos tempos em que dirigiu o Táchira, time da cidade.
Sua carreira começou no melhor estilo "filhinho de papai".
Seu pai, que já tinha muito dinheiro, montou um time para o
filho dirigir quando ele ainda
era adolescente -o Nueva Cádiz. A equipe teve sucesso nas
categorias de base e depois na
primeira divisão. Revelou jogadores que hoje estão na seleção,
como o atacante Arango.
Só que a relação com o pai gerou uma situação controversa.
O pai de Farias, Luis, segue
sendo o agente de jogadores
com quem ele e o filho trabalharam no Nueva Cádiz.
E alguns deles chegaram à seleção justamente pelas mãos de
César Farias, como o zagueiro
Boada, cotado para ser titular
contra o Brasil e que já tem 30
anos. Arango foi agraciado com
a faixa de capitão depois que
Farias virou técnico da seleção.
O treinador refuta qualquer
acusação de favorecimento aos
jogadores ligados a ele e ao pai.
Mas, com os resultados ruins
dos últimos jogos (a Venezuela
vem de três derrotas seguidas
nas eliminatórias), as críticas a
seu trabalho cresceram muito.
Hoje, Farias não repete o discurso de outros treinadores,
como Marcelo Bielsa, do Chile,
que prometeu atacar o Brasil e
acabou vencido por 3 a 0.
"Eu nunca vi ninguém ganhar do Brasil atacando desde o
começo do jogo", declarou
ele.
(PAULO COBOS)
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