São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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"Filhinho de papai" dirige Venezuela

Técnico de seleção com apenas 35 anos, César Farias desperta paixões e desconfianças de favorecimento a jogadores

Treinador que comandou primeira vitória de seu país sobre o Brasil afirma que partir para o ataque desde o começo do jogo é um erro

DO ENVIADO A SAN CRISTÓBAL

Dunga começou a carreira de técnico aos 42 anos e logo no primeiro emprego ganhou o comando da seleção brasileira.
Tudo muito diferente do seu rival de hoje, que em junho fez história na Venezuela ao comandar o time que pela primeira vez ganhou do Brasil, 2 a 0 num amistoso em Boston.
Com apenas 35 anos, César Farias tem um currículo de veterano. Ele já era técnico aos 19. Aos 24, foi campeão da segunda divisão. Com 28, estava no comando de um time da elite. Com 31, levou o Deportivo Táchira às quartas da Libertadores, quando foi eliminado pelo São Paulo. Aos 34, assumiu a seleção de seu país -o mais jovem da história da Venezuela.
Por trás de tudo isso, está uma história que divide a Venezuela tanto como Hugo Chávez, a quem, aliás, os desafetos dizem que Farias é ligado.
Na sexta-feira, em treino noturno e com chuva em San Cristóbal, o treinador foi xingado pela torcida que esperava a delegação venezuelana chegar. A polícia reagiu com violência, causando enorme correria.
"Isso é normal no futebol. Quando estive aqui, me aplaudiam", disse o treinador, lembrando dos tempos em que dirigiu o Táchira, time da cidade.
Sua carreira começou no melhor estilo "filhinho de papai". Seu pai, que já tinha muito dinheiro, montou um time para o filho dirigir quando ele ainda era adolescente -o Nueva Cádiz. A equipe teve sucesso nas categorias de base e depois na primeira divisão. Revelou jogadores que hoje estão na seleção, como o atacante Arango.
Só que a relação com o pai gerou uma situação controversa.
O pai de Farias, Luis, segue sendo o agente de jogadores com quem ele e o filho trabalharam no Nueva Cádiz.
E alguns deles chegaram à seleção justamente pelas mãos de César Farias, como o zagueiro Boada, cotado para ser titular contra o Brasil e que já tem 30 anos. Arango foi agraciado com a faixa de capitão depois que Farias virou técnico da seleção.
O treinador refuta qualquer acusação de favorecimento aos jogadores ligados a ele e ao pai. Mas, com os resultados ruins dos últimos jogos (a Venezuela vem de três derrotas seguidas nas eliminatórias), as críticas a seu trabalho cresceram muito.
Hoje, Farias não repete o discurso de outros treinadores, como Marcelo Bielsa, do Chile, que prometeu atacar o Brasil e acabou vencido por 3 a 0.
"Eu nunca vi ninguém ganhar do Brasil atacando desde o começo do jogo", declarou ele. (PAULO COBOS)



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