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Argentina democratiza seus gols e seus heróis
Ídolos, Maradona e Messi são ofuscados nas eliminatórias por meros "mortais"
Com o questionado técnico no comando e sob o risco de não ir à Copa-2010, equipe fez 9 gols no qualificatório, com 9 jogadores diferentes
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A BUENO AIRES
No momento em que a Argentina aprova lei para ""democratizar" os meios de comunicação, a seleção argentina socializa seus gols com Maradona
e diversifica os seus heróis.
Foram nove gols marcados
pela Argentina nas eliminatórias sul-americanas com o
maior ídolo esportivo do país
no comando da seleção. E nove
jogadores diferentes balançaram as redes: Agüero, Daniel
Díaz, Dátolo, Higuaín, Lucho
González, Maxi Rodríguez,
Messi, Palermo e Tevez.
Maradona e Messi, estrelas
da maior grandeza do futebol
argentino, melhoraram a chance de classificação para o Mundial da África do Sul-2010 anteontem, com um dramático 2
a 1 sobre o Peru, mas essa foi
mais uma etapa do processo de
valorização de outros nomes
menos badalados no país.
""São Palermo" foi canonizado com o gol nos acréscimos.
Figura na reta final como símbolo maior da possível classificação argentina do que outros
destaques que atuam na Europa e são mais jovens -o atacante do Boca Juniors vai completar no mês que vem 36 anos.
""O reconhecimento é o que o
futebol vai me deixar amanhã.
Não esperava encerrar minha
carreira assim na seleção. Depois de dez anos, ganhei essa
oportunidade", disse Palermo
após a partida que o eternizou
para o bem -havia ficado marcado por perder três pênaltis
contra a Colômbia, anos atrás.
Higuaín esperou um bom
tempo para estrear pela seleção, uma vez que, nascido na
França, teve convites para jogar pela seleção europeia. Fez
isso com gol no duelo com o Peru e saiu aplaudido pela torcida
no Monumental de Nuñez.
Outro jogador que ganha elogios e começa a chamar a atenção é o goleiro Romero, que fez
ao menos duas boas defesas anteontem. Ele integrou o grupo
que foi ouro em Pequim-2008.
Há tempos a Argentina busca
um arqueiro confiável, e a atuação ante o Peru foi animadora.
Aimar, cujo futebol é "uma
delícia", segundo Maradona,
deu uma assistência contra o
Peru em sua primeira oportunidade com o treinador, que é
ofuscado por conterrâneos.
As classificações antecipadas
de Paraguai e Chile renderam
inúmeros elogios a Gerardo
Martino e a Marcelo Bielsa, técnicos argentinos que, além dos
bons resultados recentes, explicam com calma aos jornalistas suas estratégias e comentam com minúcias as partidas
de seus times em coletivas.
Maradona é criticado pelas
seguidas trocas de jogadores e
por basicamente dizer ""Vamos
seguir adiante", sem grandes
análises táticas ou explicações.
Boa parte da imprensa argentina diz que a classificação
do país está nas mãos de Bielsa,
não na de Maradona. Isso porque uma vitória do Chile contra
o Equador garante os argentinos ao menos na repescagem.
""A esportividade está garantida nestas eliminatórias. O
Chile sempre joga para somar
três pontos", falou Bielsa, que
fez belo trabalho no qualificatório para a Copa de 2002, mas
que ficou marcado pela despedida precoce do Mundial.
Se, ao assumir como técnico,
Maradona elevou Mascherano
a capitão indiscutível, hoje a
posição de líder do time é discutida. Antes do jogo com o Peru, o ""Chefito" já havia perdido
pontos com o novato treinador.
E o volante quase enterrou o
país ao dar toque de letra na
área que rendeu o gol ao Peru.
Anteontem, Maradona buscou fazer a Argentina jogar de
forma similar ao Barcelona por
Messi. Nem ele nem o astro da
equipe foram protagonistas.
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