São Paulo, segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Argentina democratiza seus gols e seus heróis

Ídolos, Maradona e Messi são ofuscados nas eliminatórias por meros "mortais"

Com o questionado técnico no comando e sob o risco de não ir à Copa-2010, equipe fez 9 gols no qualificatório, com 9 jogadores diferentes

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A BUENO AIRES

No momento em que a Argentina aprova lei para ""democratizar" os meios de comunicação, a seleção argentina socializa seus gols com Maradona e diversifica os seus heróis.
Foram nove gols marcados pela Argentina nas eliminatórias sul-americanas com o maior ídolo esportivo do país no comando da seleção. E nove jogadores diferentes balançaram as redes: Agüero, Daniel Díaz, Dátolo, Higuaín, Lucho González, Maxi Rodríguez, Messi, Palermo e Tevez.
Maradona e Messi, estrelas da maior grandeza do futebol argentino, melhoraram a chance de classificação para o Mundial da África do Sul-2010 anteontem, com um dramático 2 a 1 sobre o Peru, mas essa foi mais uma etapa do processo de valorização de outros nomes menos badalados no país.
""São Palermo" foi canonizado com o gol nos acréscimos. Figura na reta final como símbolo maior da possível classificação argentina do que outros destaques que atuam na Europa e são mais jovens -o atacante do Boca Juniors vai completar no mês que vem 36 anos.
""O reconhecimento é o que o futebol vai me deixar amanhã. Não esperava encerrar minha carreira assim na seleção. Depois de dez anos, ganhei essa oportunidade", disse Palermo após a partida que o eternizou para o bem -havia ficado marcado por perder três pênaltis contra a Colômbia, anos atrás.
Higuaín esperou um bom tempo para estrear pela seleção, uma vez que, nascido na França, teve convites para jogar pela seleção europeia. Fez isso com gol no duelo com o Peru e saiu aplaudido pela torcida no Monumental de Nuñez.
Outro jogador que ganha elogios e começa a chamar a atenção é o goleiro Romero, que fez ao menos duas boas defesas anteontem. Ele integrou o grupo que foi ouro em Pequim-2008. Há tempos a Argentina busca um arqueiro confiável, e a atuação ante o Peru foi animadora.
Aimar, cujo futebol é "uma delícia", segundo Maradona, deu uma assistência contra o Peru em sua primeira oportunidade com o treinador, que é ofuscado por conterrâneos.
As classificações antecipadas de Paraguai e Chile renderam inúmeros elogios a Gerardo Martino e a Marcelo Bielsa, técnicos argentinos que, além dos bons resultados recentes, explicam com calma aos jornalistas suas estratégias e comentam com minúcias as partidas de seus times em coletivas.
Maradona é criticado pelas seguidas trocas de jogadores e por basicamente dizer ""Vamos seguir adiante", sem grandes análises táticas ou explicações.
Boa parte da imprensa argentina diz que a classificação do país está nas mãos de Bielsa, não na de Maradona. Isso porque uma vitória do Chile contra o Equador garante os argentinos ao menos na repescagem.
""A esportividade está garantida nestas eliminatórias. O Chile sempre joga para somar três pontos", falou Bielsa, que fez belo trabalho no qualificatório para a Copa de 2002, mas que ficou marcado pela despedida precoce do Mundial.
Se, ao assumir como técnico, Maradona elevou Mascherano a capitão indiscutível, hoje a posição de líder do time é discutida. Antes do jogo com o Peru, o ""Chefito" já havia perdido pontos com o novato treinador. E o volante quase enterrou o país ao dar toque de letra na área que rendeu o gol ao Peru.
Anteontem, Maradona buscou fazer a Argentina jogar de forma similar ao Barcelona por Messi. Nem ele nem o astro da equipe foram protagonistas.


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