São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Comitê carioca confirma estouro de 36% nas contas

Conta da candidatura Rio-2016 supera em R$ 26,8 milhões o orçamento, financiada na maior parte por recurso público

Entidade não informa custo dos itens do dossiê olímpico nem gastos com estadia de grupo de 200 pessoas para vitória do Rio na Dinamarca

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Ao apresentar sua prestação de contas da candidatura, o Rio-2016 deu poucos detalhes dos itens em que utilizou R$ 100,5 milhões, a maior parte deles em recursos públicos, na postulação vitoriosa a ser sede da Olimpíada. O estouro em relação ao orçamento inicialmente previsto foi de 36%.
""O número final será apresentado ao COI [Comitê Olímpico Internacional] em dezembro, mas não fugirá muito desse valor. Estamos finalizando as últimas prestações de contas. Vamos ter pequenos ajustes, algumas devoluções, mas o número não mudará muito. O trabalho valeu a pena", afirmou o secretário-geral da Rio-2016, Carlos Roberto Osório.
Ao lançar a candidatura há cerca de dois anos, o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, disse que o projeto custaria US$ 42 milhões. Pela cotação do dólar à época, isso significava R$ 73,7 milhões.
Ao final da candidatura, o comitê recebeu R$ 103,7 milhões. Mas devolveu R$ 3,2 milhões. Ou seja, o estouro do orçamento foi de 36%, como já mostrara a Folha em agosto.
Cerca de 63% foi financiado com dinheiro público, principalmente do governo federal, que deu R$ 56 milhões. Mas a candidatura não detalhou os principais custos da campanha.
O item mais caro apresentado foi identificado como projeto técnico. Nele, a Rio-2016 colocou os gastos com questionários da fase iniciante, dossiê de candidatura, vídeos e consultorias nacionais e internacionais. O total foi de R$ 48 milhões, mas não houve detalhamento.
Só para contratar consultores internacionais, o Rio-2016 usou R$ 21,5 milhões sem ter feito licitação. ""O trabalho dos consultores internacionais foi muito bom e nos ajudou demais", exaltou Nuzman.
A candidatura de Chicago, derrotada pelo Rio, revelava até salários de consultores e dirigentes em seu site, ainda antes da escolha da sede olímpica.
O custo da passagem da candidatura brasileira pela Dinamarca não foi revelado. A Rio- -2016 fechou hotel sofisticado de Copenhague. Na estimativa mais conservadora, a candidatura brasileira gastou R$ 900 mil somente para abrigar dirigentes, políticos, prestadores de serviços e atletas no hotel SKT Petri -230 quartos foram fechados para os brasileiros.
Ao menos 200 pessoas foram para Copenhague com as contas pagas por verba privada e pública. No relatório, a Rio- 2016 informa apenas que a campanha internacional custou R$ 8 milhões, passagens aéreas, R$ 3,6 milhões, e hospedagem, R$ 1,4 milhão.
A visita da comissão de avaliação do COI no Rio em maio saiu por R$ 8 milhões. ""Muito se falou sobre orçamento da campanha. Preferimos não nos manifestar e aguardar a divulgação do vencedor. Os números são esses", disse Nuzman.


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