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Comitê carioca confirma estouro de 36% nas contas
Conta da candidatura Rio-2016 supera em R$ 26,8 milhões o orçamento, financiada na maior parte por recurso público
Entidade não informa custo dos itens do dossiê olímpico nem gastos com estadia de grupo de 200 pessoas para vitória do Rio na Dinamarca
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Ao apresentar sua prestação
de contas da candidatura, o
Rio-2016 deu poucos detalhes
dos itens em que utilizou R$
100,5 milhões, a maior parte
deles em recursos públicos, na
postulação vitoriosa a ser sede
da Olimpíada. O estouro em relação ao orçamento inicialmente previsto foi de 36%.
""O número final será apresentado ao COI [Comitê Olímpico Internacional] em dezembro, mas não fugirá muito desse
valor. Estamos finalizando as
últimas prestações de contas.
Vamos ter pequenos ajustes, algumas devoluções, mas o número não mudará muito. O trabalho valeu a pena", afirmou o
secretário-geral da Rio-2016,
Carlos Roberto Osório.
Ao lançar a candidatura há
cerca de dois anos, o presidente
do comitê, Carlos Arthur Nuzman, disse que o projeto custaria US$ 42 milhões. Pela cotação do dólar à época, isso significava R$ 73,7 milhões.
Ao final da candidatura, o comitê recebeu R$ 103,7 milhões.
Mas devolveu R$ 3,2 milhões.
Ou seja, o estouro do orçamento foi de 36%, como já mostrara
a Folha em agosto.
Cerca de 63% foi financiado
com dinheiro público, principalmente do governo federal,
que deu R$ 56 milhões. Mas a
candidatura não detalhou os
principais custos da campanha.
O item mais caro apresentado foi identificado como projeto técnico. Nele, a Rio-2016 colocou os gastos com questionários da fase iniciante, dossiê de
candidatura, vídeos e consultorias nacionais e internacionais.
O total foi de R$ 48 milhões,
mas não houve detalhamento.
Só para contratar consultores internacionais, o Rio-2016
usou R$ 21,5 milhões sem ter
feito licitação. ""O trabalho dos
consultores internacionais foi
muito bom e nos ajudou demais", exaltou Nuzman.
A candidatura de Chicago,
derrotada pelo Rio, revelava
até salários de consultores e dirigentes em seu site, ainda antes da escolha da sede olímpica.
O custo da passagem da candidatura brasileira pela Dinamarca não foi revelado. A Rio-
-2016 fechou hotel sofisticado
de Copenhague. Na estimativa
mais conservadora, a candidatura brasileira gastou R$ 900
mil somente para abrigar dirigentes, políticos, prestadores
de serviços e atletas no hotel
SKT Petri -230 quartos foram
fechados para os brasileiros.
Ao menos 200 pessoas foram
para Copenhague com as contas pagas por verba privada e
pública. No relatório, a Rio-
2016 informa apenas que a
campanha internacional custou R$ 8 milhões, passagens aéreas, R$ 3,6 milhões, e hospedagem, R$ 1,4 milhão.
A visita da comissão de avaliação do COI no Rio em maio
saiu por R$ 8 milhões. ""Muito
se falou sobre orçamento da
campanha. Preferimos não nos
manifestar e aguardar a divulgação do vencedor. Os números são esses", disse Nuzman.
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