São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010 |
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XICO SÁ Moral bíblica
AMIGO TORCEDOR, amigo secador, não se fala em outra coisa na praça da Sé. Apenas e tão somente no desejo coletivo de tricolores e palmeirenses em dar uma mãozinha ao Flu nesta bendita hora. A cidade está partida ao meio, como o Visconde do Calvino, entre corintianos e secadores de todas as raças, origens e credos. Não há manual prático de ética que suplante, na cabeça de um são-paulino ou do meu vizinho fanático do Palestra, esta moral bíblica: "Faz por ti que te ajudarei", pregam os adeptos ao corpo mole nos embates dos seus times contra o líder das Laranjeiras. O Fluminense pode muito bem bater em todo mundo sem usufruir de supostas facilidades, mas nunca se sabe, afinal, para continuarmos no campo místico, o jogo é jogado e o lambari é pescado. Se a torcida mandasse alguma coisa, vingaria uma contraditória democracia antiética e a equipe do Rio já subia ao gramado vitoriosa. Para escancarar de vez o sorriso sacana do Nelson Rodrigues, o profeta do óbvio que descansa à direita de Deus pai, todo poderoso. Mal sabe o tio Nelson que agora o discurso ético predomina no país, embora encoberto pela mortalha da hipocrisia eterna, entre os cavaleiros das mesas redondas, entre os boleiros, entre os cartolas. Só a torcida é sincera: pede explicitamente para abrir o jogo. Só a torcida joga com o regulamento dos pontos corridos debaixo do braço. O que acontecerá, nunca saberemos, pois o Flu, repito, tem sido melhor mesmo, de sobra, do que os possíveis facilitadores. Na Vila Pompeia não se fala em outra coisa pelos botecos: enquanto aguarda o caneco da Sul-Americana, todo palmeirense é tricolor carioca desde a Roma antiga. No Morumbi, idem, sem se falar na afinidade aristocrática dos gravatinhas de ambos. A cidade partida transfere ao Corinthians o melhor do espírito alvinegro. Lutar contra tudo e contra todos, ciente de que, na real da guerra, esse é o melhor dos combates. BORA, BAHIA! Não se fala em outra coisa na praça Castro Alves. Sim, na volta do tricolor baiano à Primeirona. Pode ser amanhã, contra a brava Lusa. Que os deuses que dançam nos terreiros, os mais críveis do universo, façam a festa. Mais emocionante do que a elite, na B também faço votos pela subida do Sport e pela permanência do Icasa, o Verdão do Cariri, potência simbólica da nova classe C do Nordeste. xico.folha@uol.com.br @xicosa Texto Anterior: Fluminense: Estrelas voltam no domingo Próximo Texto: Dependência de Valdivia diminui Índice | Comunicar Erros |
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