São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

MOTOR

FÁBIO SEIXAS - fabioseixas.folha@uol.com.br @fabio_seixas

Marketing sobre rodas

A RED BULL não é uma equipe de F-1. Nunca foi.
A Red Bull, na F-1, é uma plataforma de marketing.
Mais uma de uma empresa que vincula sua marca a corridas de avião, campeonatos de skate, times de futebol, desafios de alpinistas, pilotos de moto e de rali, torneios de surfe e surfistas, festivais de música, eventos de paraquedismo, de balonismo, de vela e de esqui... E até a um bizarro concurso anual de "máquinas voadoras" cujo principal objetivo é fazer rir, e não voar.
Na F-1, o principal objetivo é fazer marketing, não necessariamente vencer.
E, segundo o dono da marca e criador de todo o conceito, nunca vencendo a qualquer custo. "Um segundo lugar correto será melhor do que vencer o título com ordens", proclamou Mateschitz, na terça-feira.
O tal custo, afinal, seria grandioso. Irrecuperável, na filosofia do austríaco.
Quando lança um viral no YouTube ou recruta estudantes universitários para dirigir carros com enormes latas na capota, Mateschitz aposta no "buzz marketing". O bom e velho boca a boca. Que é o que ele teme no caso de uma marmelada, em Abu Dhabi.
Talvez mais do que ninguém no mundo dos negócios na última década, o austríaco respeita a força do buchicho. Sabe que pode ser, também, destrutiva.
Isso afunila nos ombros de um rapaz de 23 anos.
São enormes as chances de Vettel liderar o GP do domingo. No ano passado, lá mesmo, ele largou na primeira fila, cravou volta mais rápida e venceu. Em 2010, é o líder em poles: 9, contra 5 de Webber -e Abu Dhabi é um circuito de rua, sabemos o que uma pole significa.
Se Vettel sair na frente, mas abrir passagem para Webber nas voltas finais e fizer o australiano campeão, a história que ficará será a da decisão pessoal.
Do altruísmo, da consciência e benevolência de um garoto que lutou até o fim, mas que foi solidário quando percebeu que não tinha mais chances.
A Red Bull negará eternamente ter acionado o botão do rádio. E o aplaudirá. E o elevará a símbolo máximo do seu espírito esportivo. Promoverá um potencial desastre de imagem em mais um case relacionando os conceitos de juventude, esporte de ação e sucesso.
Quer marketing melhor do que esse?

"Interferir na ordem dos pilotos nunca foi uma opção. O mundo condenou a Ferrari após o que eles fizeram em Hockenheim, mas há quem nos ache idiotas por não agirmos assim"
DIETRICH MATESCHITZ
dono da Red Bull



Texto Anterior: Contas de hotelaria do Pan são aprovadas
Próximo Texto: Por título, pilotos rejeitam tática
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.