|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
MOTOR
FÁBIO SEIXAS - fabioseixas.folha@uol.com.br @fabio_seixas
Marketing sobre rodas
A RED BULL não é uma
equipe de F-1. Nunca foi.
A Red Bull, na F-1, é uma
plataforma de marketing.
Mais uma de uma empresa que vincula sua marca a
corridas de avião, campeonatos de skate, times de futebol, desafios de alpinistas,
pilotos de moto e de rali, torneios de surfe e surfistas,
festivais de música, eventos
de paraquedismo, de balonismo, de vela e de esqui... E
até a um bizarro concurso
anual de "máquinas voadoras" cujo principal objetivo
é fazer rir, e não voar.
Na F-1, o principal objetivo é fazer marketing, não
necessariamente vencer.
E, segundo o dono da
marca e criador de todo o
conceito, nunca vencendo a
qualquer custo. "Um segundo lugar correto será melhor do que vencer o título
com ordens", proclamou
Mateschitz, na terça-feira.
O tal custo, afinal, seria
grandioso. Irrecuperável,
na filosofia do austríaco.
Quando lança um viral
no YouTube ou recruta estudantes universitários para dirigir carros com enormes latas na capota, Mateschitz aposta no "buzz marketing". O bom e velho boca
a boca. Que é o que ele teme
no caso de uma marmelada, em Abu Dhabi.
Talvez mais do que ninguém no mundo dos negócios na última década, o
austríaco respeita a força
do buchicho. Sabe que pode
ser, também, destrutiva.
Isso afunila nos ombros
de um rapaz de 23 anos.
São enormes as chances
de Vettel liderar o GP do domingo. No ano passado, lá
mesmo, ele largou na primeira fila, cravou volta mais
rápida e venceu. Em 2010, é
o líder em poles: 9, contra 5
de Webber -e Abu Dhabi é
um circuito de rua, sabemos
o que uma pole significa.
Se Vettel sair na frente,
mas abrir passagem para
Webber nas voltas finais e
fizer o australiano campeão, a história que ficará
será a da decisão pessoal.
Do altruísmo, da consciência e benevolência de
um garoto que lutou até o
fim, mas que foi solidário
quando percebeu que não
tinha mais chances.
A Red Bull negará eternamente ter acionado o botão
do rádio. E o aplaudirá. E o
elevará a símbolo máximo
do seu espírito esportivo.
Promoverá um potencial desastre de imagem em mais
um case relacionando os
conceitos de juventude, esporte de ação e sucesso.
Quer marketing melhor
do que esse?
"Interferir na ordem dos pilotos nunca foi
uma opção. O mundo condenou a Ferrari após
o que eles fizeram em Hockenheim, mas há
quem nos ache idiotas por não agirmos assim"
DIETRICH MATESCHITZ
dono da Red Bull
Texto Anterior: Contas de hotelaria do Pan são aprovadas Próximo Texto: Por título, pilotos rejeitam tática Índice | Comunicar Erros
|