São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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Dono da maior torcida no Estado de São Paulo, Corinthians vê sua média de público em casa nas partidas do Brasileiro despencar durante a melhor safra de títulos de sua história

A Fiel já não é mais tão fiel

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A EXTREMA

O "12º jogador" mais famoso do futebol paulista não é mais o mesmo. A torcida corintiana, aposta do treinador Carlos Alberto Parreira e dos jogadores do clube para derrubar a vantagem do Santos na final do Brasileiro, domingo, não é nem sombra no novo milênio do que era no século passado.
A bilheteria corintiana vem caindo desde os anos 70, quando o time teve a fantástica média de 33,5 mil pagantes nos jogos válidos por Nacionais em São Paulo.
Somadas as três últimas edições do certame, a média corintiana é de 15 mil torcedores por partida, queda de 55% em relação aos anos 70. Agora, mesmo depois de dois títulos no primeiro semestre e com uma boa campanha, o clube só teve o sexto melhor público caseiro da fase de classificação, sendo superado por antigos campeões de bilheteria, como Atlético-MG e Flamengo, e agremiações sem tanta tradição no país, como o paraense Paysandu.
Nos três jogos que fez no Morumbi pelo mata-mata, o Corinthians não conseguiu vender todos os ingressos -nas quartas-de-final, contra o Atlético-MG, pouco mais de 20 mil torcedores foram ao estádio. No primeiro jogo da final, corintianos e santistas praticamente dividiram a arquibancada. Para o confronto de domingo, que os dirigentes garantem já ter vendido todas as entradas, são esperados mais seguidores do time do litoral.
"Houve uma diminuição geral de público. Não foi só o Corinthians. A capacidade dos estádios diminuiu de forma geral e há uma certa desconfiança em relação à medição de público nos estádios", diz Antônio Roque Citadini, vice-presidente de futebol do clube.
Os argumentos do cartola não servem para todas as equipes, como no caso do São Paulo, que não teve um tombo tão grande como o corintiano na bilheteria.
Nos anos 70, o clube do Morumbi tinha, em média, 20 mil torcedores por partida do Brasileiro na capital paulista. A partir de 2000, esse número caiu apenas 15% -a marca de 17 mil fãs no período é maior do que a registrada pelo Corinthians.
De um modo geral, o Brasileiro também não sofreu um baque tão grande. Nos anos 70, a média de público ficou próxima dos 15 mil pagantes por confronto -nesta edição, está por volta de 13 mil.
Para os grupos organizados, acusados por muitos de afastarem o torcedor comum dos estádios, a culpa é dos cartolas e da televisão.
"O principal motivo é a falta de credibilidade na organização do futebol brasileiro. Não vejo culpa nas torcidas organizadas. O torcedor comum também provoca confusão", afirma Wildner Rocha, diretor social da Gaviões da Fiel, a maior torcida do clube.
Alguns jogadores seguem a mesma linha de raciocínio. "Se o torcedor não está comparecendo, é porque ele está insatisfeito com algo, como a falta de organização", analisa o volante Fabinho.
A derrocada corintiana nas arquibancadas acontece justamente na fase mais vencedora da história do clube. Nos últimos cinco anos, a equipe ganhou dois Brasileiros, três Paulistas, uma Copa do Brasil, um Rio-SP e o Mundial de Clubes da Fifa, este em 2000.
Pesquisas de opinião também confirmaram uma larga vantagem do clube na preferência dos torcedores. Levantamento feito pela Datafolha, em junho do ano passado, apontou que 32% dos paulistanos são corintianos.
O clube também é um sucesso de audiência na televisão, garantindo seguidas vitórias da Globo sobre a concorrência quando tem suas partidas exibidas também para a cidade de São Paulo.


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