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Dono da maior torcida no Estado de São Paulo, Corinthians vê sua média de público em casa nas partidas do Brasileiro despencar durante a melhor safra de títulos de sua história
A Fiel já não é mais tão fiel
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A EXTREMA
O "12º jogador" mais famoso do
futebol paulista não é mais o mesmo. A torcida corintiana, aposta
do treinador Carlos Alberto Parreira e dos jogadores do clube para derrubar a vantagem do Santos
na final do Brasileiro, domingo,
não é nem sombra no novo milênio do que era no século passado.
A bilheteria corintiana vem
caindo desde os anos 70, quando
o time teve a fantástica média de
33,5 mil pagantes nos jogos válidos por Nacionais em São Paulo.
Somadas as três últimas edições
do certame, a média corintiana é
de 15 mil torcedores por partida,
queda de 55% em relação aos
anos 70. Agora, mesmo depois de
dois títulos no primeiro semestre
e com uma boa campanha, o clube só teve o sexto melhor público
caseiro da fase de classificação,
sendo superado por antigos campeões de bilheteria, como Atlético-MG e Flamengo, e agremiações sem tanta tradição no país,
como o paraense Paysandu.
Nos três jogos que fez no Morumbi pelo mata-mata, o Corinthians não conseguiu vender todos os ingressos -nas quartas-de-final, contra o Atlético-MG,
pouco mais de 20 mil torcedores
foram ao estádio. No primeiro jogo da final, corintianos e santistas
praticamente dividiram a arquibancada. Para o confronto de domingo, que os dirigentes garantem já ter vendido todas as entradas, são esperados mais seguidores do time do litoral.
"Houve uma diminuição geral
de público. Não foi só o Corinthians. A capacidade dos estádios
diminuiu de forma geral e há uma
certa desconfiança em relação à
medição de público nos estádios",
diz Antônio Roque Citadini, vice-presidente de futebol do clube.
Os argumentos do cartola não
servem para todas as equipes, como no caso do São Paulo, que não
teve um tombo tão grande como
o corintiano na bilheteria.
Nos anos 70, o clube do Morumbi tinha, em média, 20 mil
torcedores por partida do Brasileiro na capital paulista. A partir
de 2000, esse número caiu apenas
15% -a marca de 17 mil fãs no
período é maior do que a registrada pelo Corinthians.
De um modo geral, o Brasileiro
também não sofreu um baque tão
grande. Nos anos 70, a média de
público ficou próxima dos 15 mil
pagantes por confronto -nesta
edição, está por volta de 13 mil.
Para os grupos organizados,
acusados por muitos de afastarem
o torcedor comum dos estádios, a
culpa é dos cartolas e da televisão.
"O principal motivo é a falta de
credibilidade na organização do
futebol brasileiro. Não vejo culpa
nas torcidas organizadas. O torcedor comum também provoca
confusão", afirma Wildner Rocha, diretor social da Gaviões da
Fiel, a maior torcida do clube.
Alguns jogadores seguem a
mesma linha de raciocínio. "Se o
torcedor não está comparecendo,
é porque ele está insatisfeito com
algo, como a falta de organização", analisa o volante Fabinho.
A derrocada corintiana nas arquibancadas acontece justamente
na fase mais vencedora da história
do clube. Nos últimos cinco anos,
a equipe ganhou dois Brasileiros,
três Paulistas, uma Copa do Brasil, um Rio-SP e o Mundial de Clubes da Fifa, este em 2000.
Pesquisas de opinião também
confirmaram uma larga vantagem do clube na preferência dos
torcedores. Levantamento feito
pela Datafolha, em junho do ano
passado, apontou que 32% dos
paulistanos são corintianos.
O clube também é um sucesso
de audiência na televisão, garantindo seguidas vitórias da Globo
sobre a concorrência quando tem
suas partidas exibidas também
para a cidade de São Paulo.
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