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Presidente da CBT critica tenistas top do Brasil
Dirigente diz que falta organização e que "o pessoal só escuta o que interessa"
Jorge Lacerda da Rosa é
irônico ao comentar o fato
de que alguns atletas não usam auxílio financeiro da confederação para viagens
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da CBT (Confederação Brasileira de Tênis),
Jorge Lacerda da Rosa, criticou
alguns dos principais atletas do
país, citando "falta de organização" e dizendo que "o pessoal
só escuta o que interessa".
O dirigente fez ontem um balanço dos trabalhos da entidade
na temporada e disse que nem
todos os tenistas selecionados
para o projeto Top 10 solicitaram a verba disponibilizada.
Criado em maio, o projeto
destinava R$ 100 mil da Lei Piva para custear viagens dos dez
tenistas brasileiros mais bem
colocados no ranking da ATP
(Associação dos Tenistas Profissionais) do dia 30 de abril.
Questionado sobre a razão
pela qual alguns tenistas não
quiseram usar os recursos, o dirigente afirmou que a pergunta
deveria ser dirigida aos atletas.
E foi irônico. "Eles devem estar
com muito dinheiro", afirmou
ele, acrescentando que nenhum dos atletas do projeto
conta com patrocínio.
Como se trata de recurso público, o projeto é fiscalizado pelo TCU (Tribunal de Contas da
União) e exige burocracia.
O requerimento para uma
viagem precisa ser feito com 15
dias de antecedência. Alguns
tenistas não cumpriam o prazo
e perdiam o direito à verba.
De acordo com o presidente
da CBT, todo o procedimento
foi explicado aos tenistas. "Mas
o pessoal só escuta o que interessa", afirmou o dirigente.
"Dizem que é difícil pedir a passagem. É falta de organização."
Mas o cumprimento de todo
o processo burocrático não é
garantia de viagem paga.
A CBT informou que, como
os recursos da Lei Piva provêm
das loterias, o fluxo varia mês a
mês. Com uma concentração
de pedidos acima da verba disponível em um determinado
período, a entidade deu preferência a quem entregou o projeto de viagem antes.
Rosa afirmou ainda que
quem teve problemas para utilizar o dinheiro poderá fazê-lo
na próxima temporada.
De acordo com o levantamento da confederação, cinco
tenistas foram beneficiados,
três apresentaram projetos,
mas acabaram não utilizando a
verba, e dois (Flávio Saretta e
Ricardo Mello) nem chegaram
a solicitar o benefício.
Número dois do país e 188º
da ATP, Saretta nem assinou o
contrato inicial do Top 10 e, segundo Rosa, abriu mão do valor
a que teria direito neste ano.
Procurada pela Folha, a assessoria dos dois tenistas não
conseguiu localizá-los até o fechamento desta edição.
A CBT informa que tem a intenção de manter o programa
em 2008, mas estuda algumas
alterações. O desejo do presidente é diminuir o grupo atual
para abrir algumas vagas para
tenistas da nova geração, entre
18 e 23 anos, mesmo que não
estejam entre os top 10 do país.
"Nossa preocupação é investir na base, dar estrutura a esses atletas mais novos. Claro
que nossos jogadores mais consagrados, acima dessa idade,
também são importantes nesta
transição, mas estamos focando nos jovens, para colher os
frutos no futuro", afirmou Rosa, que anunciou também a
mudança da sede da CBT.
A confederação fez um acordo com o Clube de Regatas Tietê, em São Paulo, para se instalar no clube e utilizar as sete
quadras do local. "Qualquer garoto federado vai poder jogar
lá", afirmou o dirigente.
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