São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente da CBT critica tenistas top do Brasil

Dirigente diz que falta organização e que "o pessoal só escuta o que interessa"

Jorge Lacerda da Rosa é irônico ao comentar o fato de que alguns atletas não usam auxílio financeiro da confederação para viagens


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), Jorge Lacerda da Rosa, criticou alguns dos principais atletas do país, citando "falta de organização" e dizendo que "o pessoal só escuta o que interessa".
O dirigente fez ontem um balanço dos trabalhos da entidade na temporada e disse que nem todos os tenistas selecionados para o projeto Top 10 solicitaram a verba disponibilizada.
Criado em maio, o projeto destinava R$ 100 mil da Lei Piva para custear viagens dos dez tenistas brasileiros mais bem colocados no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) do dia 30 de abril.
Questionado sobre a razão pela qual alguns tenistas não quiseram usar os recursos, o dirigente afirmou que a pergunta deveria ser dirigida aos atletas. E foi irônico. "Eles devem estar com muito dinheiro", afirmou ele, acrescentando que nenhum dos atletas do projeto conta com patrocínio.
Como se trata de recurso público, o projeto é fiscalizado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e exige burocracia.
O requerimento para uma viagem precisa ser feito com 15 dias de antecedência. Alguns tenistas não cumpriam o prazo e perdiam o direito à verba.
De acordo com o presidente da CBT, todo o procedimento foi explicado aos tenistas. "Mas o pessoal só escuta o que interessa", afirmou o dirigente. "Dizem que é difícil pedir a passagem. É falta de organização."
Mas o cumprimento de todo o processo burocrático não é garantia de viagem paga.
A CBT informou que, como os recursos da Lei Piva provêm das loterias, o fluxo varia mês a mês. Com uma concentração de pedidos acima da verba disponível em um determinado período, a entidade deu preferência a quem entregou o projeto de viagem antes.
Rosa afirmou ainda que quem teve problemas para utilizar o dinheiro poderá fazê-lo na próxima temporada.
De acordo com o levantamento da confederação, cinco tenistas foram beneficiados, três apresentaram projetos, mas acabaram não utilizando a verba, e dois (Flávio Saretta e Ricardo Mello) nem chegaram a solicitar o benefício.
Número dois do país e 188º da ATP, Saretta nem assinou o contrato inicial do Top 10 e, segundo Rosa, abriu mão do valor a que teria direito neste ano.
Procurada pela Folha, a assessoria dos dois tenistas não conseguiu localizá-los até o fechamento desta edição.
A CBT informa que tem a intenção de manter o programa em 2008, mas estuda algumas alterações. O desejo do presidente é diminuir o grupo atual para abrir algumas vagas para tenistas da nova geração, entre 18 e 23 anos, mesmo que não estejam entre os top 10 do país.
"Nossa preocupação é investir na base, dar estrutura a esses atletas mais novos. Claro que nossos jogadores mais consagrados, acima dessa idade, também são importantes nesta transição, mas estamos focando nos jovens, para colher os frutos no futuro", afirmou Rosa, que anunciou também a mudança da sede da CBT.
A confederação fez um acordo com o Clube de Regatas Tietê, em São Paulo, para se instalar no clube e utilizar as sete quadras do local. "Qualquer garoto federado vai poder jogar lá", afirmou o dirigente.


Texto Anterior: Tragédia: Bahia é punido com perda de mando de 7 jogos
Próximo Texto: Davis: Sorocaba e Rio querem sediar confronto de abril
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.