Fatia do quarteto na arrecadação sobe dez pontos percentuais em um ano

Disparidade na receita não se reflete na classificação, tanto que Flamengo triunfou com o pior aproveitamento na era dos pontos corridos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O bolo cresceu, mas as fatias ficaram ainda mais desiguais.
Foi assim a arrecadação do Campeonato Brasileiro-2009, a edição do torneio que bateu recorde de bilheteria e média de público nos pontos corridos (17,8 mil por partida), mas aumentou o fosso nesse item entre "os ricos e os pobres".
Segundo dados oficiais da CBF, a competição teve uma renda bruta de R$ 125,8 milhões, com um crescimento de 24% em relação ao ano passado e de impressionantes 139% quando comparado com o que aconteceu em 2004, já sob a regra dos pontos corridos.
Os clubes que já arrecadam mais do que a concorrência com outras fontes de receita, como cotas de TV e patrocínios, foram os maiores beneficiados do valor mais gordo da bilheteria, mesmo praticamente estagnados em termos de torcedores em seus jogos.
Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo, que, juntos com o Vasco (na Série B em 2009), recebem o maior quinhão do contrato de TV, ficaram com 41% da renda bruta -os quatro foram os quatro primeiros na bilheteria.
Nunca nos pontos corridos o quarteto abocanhou uma fatia tão grande como essa.
Em 2004, o primeiro ano com dados de arrecadação completos fornecidos pela CBF, eles ficaram com 26%. No ano passado, a participação do quarteto ficou em 31%.
O trio de ferro paulistano e o Flamengo conseguem mais dinheiro com bilheteria mesmo vendendo um número de ingressos parecido com o de 2007, a vez anterior em que os quatro estavam juntos na elite (o Corinthians disputou a Série B do Nacional no ano passado).
Em 2009, o quarteto levou aos estádios 1.994.587 torcedores, ou apenas 20 mil a mais do que há dois anos.
Ao contrário do bolo da arrecadação, os quatro poderosos diminuíram sua participação no total de ingressos vendidos, caindo de 30% para 29%.
No início dos pontos corridos, em 2003, a bilheteria era praticamente a única receita em que os clubes mais modestos conseguiam peitar os grandes paulistanos e o Flamengo
Em 2004, por exemplo, o paraense Paysandu ostentou uma arrecadação bruta maior do que a do clube rubro-negro e a registrada pelo São Paulo.
Agora, em 2009, o time que não é fundador do Clube dos 13 que mais arrecadou com ingressos foi o Atlético-PR, com R$ 6,2 milhões, ou quase a metade do que conseguiram Corinthians, Palmeiras e São Paulo e R$ 8,3 milhões a menos do que obteve o Flamengo.
Dentro de campo, a disparidade cada vez maior no faturamento dos clubes não se refletiu nesta temporada.
O Flamengo foi o campeão da era pontos corridos com o pior aproveitamento 58,8% (foi a primeira vez que o dono da taça ficou abaixo dos 60%).
Só 15 pontos separaram o time carioca do Corinthians, o décimo colocado. Em 2008, essa distância foi de 23 pontos.


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