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POLÍTICA
Promessas de Lula para o esporte têm discrepâncias com planos de Queiroz
PT da campanha contradiz PT do governo e ministro
FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC
O discurso do candidato petista
Luiz Inácio Lula da Silva durante
a campanha eleitoral precisa ser
ajustado com o do Lula presidente e com o do novo ministro do
Esporte, Agnelo Queiroz.
Há duas semanas no poder, o
governo eleito mantém obscuras
algumas questões tidas como cruciais para o setor -cujas respostas de Lula na campanha diferem
ou contradizem a posição de
Queiroz e a do próprio candidato.
Um dos pontos é o financiamento das dívidas dos clubes de
futebol -só de INSS e FGTS, eles
devem cerca de R$ 350 milhões.
A uma semana do segundo turno, Lula afirmou à Folha ser contrário a programas que facilitassem a vida dos devedores.
"A preocupação deveria ser
com o trabalhador que não recebeu. Se as dívidas são em virtude
de contratos milionários com os
jogadores de elite, o clube falhou
no planejamento, porque deveria
ter previsto seus gastos de acordo
com sua arrecadação de bilheteria, patrocínio e TV. O ônus da
má gestão não pode recair sobre o
trabalhador", disse o candidato.
Mais tarde, já eleito, Lula comentou com integrantes do grupo de trabalho montado a seu pedido para formular propostas para o setor que pretendia manter o
Refis (programa de refinanciamento de dívidas com a Receita
Federal e o INSS) para os clubes
-a mesma posição de Queiroz.
Outra questão é a criação de
uma lei de incentivo ao esporte
nos moldes da que existe para a
cultura. Na campanha, Lula se
mostrou reticente à idéia. "Não
podemos fazer uma lei para colocar a cultura e o esporte competindo pelos mesmos recursos.
Além do mais, nos últimos oitos
anos, percebemos que as leis de
incentivo à cultura não são tão
boas quanto nos disseram."
Logo ao assumir, o ministro disse que tinha como uma das metas
criar uma lei de incentivo fiscal
parecida com a Lei Rouanet.
Também não há uma definição
clara sobre a postura do ministério em relação a entidades como a
CBF. Como candidato, Lula bateu
forte na gestão de Ricardo Teixeira e defendeu investigações do
Ministério Público na entidade.
Ao assumir, Queiroz, questionado pela Folha sobre o assunto,
deu uma declaração dúbia: "Deixe que as pessoas cuidem das empresas privadas. Vou cuidar da
política nacional de esportes".
Depois, disse ter sido mal interpretado. "O que disse foi que não
posso demitir o presidente de
uma entidade, mas é claro que temos que ter regras para fiscalizá-las. O Estado sempre foi omisso
nessa questão e isso vai mudar."
Por fim, é incerta a postura sobre a utilização do dinheiro de
bingos para financiar o esporte.
Há um racha no PT quanto à proposta. Queiroz a defende, mas
quer que a Caixa controle o jogo.
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