São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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POLÍTICA

Promessas de Lula para o esporte têm discrepâncias com planos de Queiroz

PT da campanha contradiz PT do governo e ministro

FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC

O discurso do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral precisa ser ajustado com o do Lula presidente e com o do novo ministro do Esporte, Agnelo Queiroz.
Há duas semanas no poder, o governo eleito mantém obscuras algumas questões tidas como cruciais para o setor -cujas respostas de Lula na campanha diferem ou contradizem a posição de Queiroz e a do próprio candidato.
Um dos pontos é o financiamento das dívidas dos clubes de futebol -só de INSS e FGTS, eles devem cerca de R$ 350 milhões.
A uma semana do segundo turno, Lula afirmou à Folha ser contrário a programas que facilitassem a vida dos devedores.
"A preocupação deveria ser com o trabalhador que não recebeu. Se as dívidas são em virtude de contratos milionários com os jogadores de elite, o clube falhou no planejamento, porque deveria ter previsto seus gastos de acordo com sua arrecadação de bilheteria, patrocínio e TV. O ônus da má gestão não pode recair sobre o trabalhador", disse o candidato.
Mais tarde, já eleito, Lula comentou com integrantes do grupo de trabalho montado a seu pedido para formular propostas para o setor que pretendia manter o Refis (programa de refinanciamento de dívidas com a Receita Federal e o INSS) para os clubes -a mesma posição de Queiroz.
Outra questão é a criação de uma lei de incentivo ao esporte nos moldes da que existe para a cultura. Na campanha, Lula se mostrou reticente à idéia. "Não podemos fazer uma lei para colocar a cultura e o esporte competindo pelos mesmos recursos. Além do mais, nos últimos oitos anos, percebemos que as leis de incentivo à cultura não são tão boas quanto nos disseram."
Logo ao assumir, o ministro disse que tinha como uma das metas criar uma lei de incentivo fiscal parecida com a Lei Rouanet.
Também não há uma definição clara sobre a postura do ministério em relação a entidades como a CBF. Como candidato, Lula bateu forte na gestão de Ricardo Teixeira e defendeu investigações do Ministério Público na entidade.
Ao assumir, Queiroz, questionado pela Folha sobre o assunto, deu uma declaração dúbia: "Deixe que as pessoas cuidem das empresas privadas. Vou cuidar da política nacional de esportes".
Depois, disse ter sido mal interpretado. "O que disse foi que não posso demitir o presidente de uma entidade, mas é claro que temos que ter regras para fiscalizá-las. O Estado sempre foi omisso nessa questão e isso vai mudar."
Por fim, é incerta a postura sobre a utilização do dinheiro de bingos para financiar o esporte. Há um racha no PT quanto à proposta. Queiroz a defende, mas quer que a Caixa controle o jogo.


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