São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Português dono de banco tira a Lusa do buraco

Após arcar com o retorno à elite, Banco Banif do Brasil, de conselheiro do clube, planeja gerir fundo de investimentos

Instituição financeira, com Júlio Rodrigues à frente, paga de temporada de treinos a decoração de festa e espera venda de atletas para receber

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Um torcedor que nada tem a ver com o clichê do dono de padaria apaixonado pela Portuguesa foi um dos protagonistas do retorno do time à elite.
Júlio Rodrigues, 57, presidente do Banco Banif do Brasil, emprestou dinheiro ao clube, organizou suas contas e, em troca, estampou o nome da empresa na camisa do time.
A parceria funcionou tanto que o banco deve gerir um fundo de investidores, semelhante ao que a Traffic mantém com o Palmeiras. Todo o dinheiro será usado para contratações.
"As negociações estão bem adiantadas para isso. Temos bastante interesse", afirmou o executivo, sócio do clube desde 1963. E eleito conselheiro apenas no mês passado.
Sem a presença do Banif (Banco Internacional do Funchal), com origem na Ilha da Madeira, em Portugal, a Lusa teria dificuldades para sobreviver. Além de não ter dinheiro, o pouco que arrecadava era penhorado pelos credores.
Até a casa de máquinas e o carrinho que transporta a maca no gramado do Canindé chegaram a ser alvos de penhoras.
O banco antecipou o dinheiro à Portuguesa, mas tratou ele mesmo de pagar as contas e cobrar credores. Geriu as finanças. O dinheiro nem entrou nas contas da Lusa e ficou a salvo de ações judiciais. "Se tem festa no clube, eles pagam banda, decoração. Em troca, ficam com exposição na camisa e em placas de publicidade", disse Manoel da Lupa, presidente da Lusa.
O Banif bancou também a temporada de treinos do clube no interior (gastou R$ 18 mil) e o DVD sobre o acesso (a diretoria acha que vai dar prejuízo).
O clube vai pagar com juros, quando vender jogadores. Já há acordo que dá ao Banif o direito de participação na negociação dos atletas. Foi a forma de evitar riscos à instituição financeira. Em 2006, o banco já recebeu por vendas e abateu da dívida.
Apesar do sucesso da parceria, Da Lupa está disposto a tirar o Banif da camisa, junto com outros patrocinadores. "Precisamos ter um patrocinador. Uma marca só, ainda mais se for uma multinacional famosa, impõe mais respeito", disse.
Ele assegura que está negociando com uma empresa alemã. "Mesmo se isso acontecer, vamos continuar no clube. Temos nossa imagem ligada à comunidade", conta Rodrigues.
Comunidade que poderia ajudar mais, segundo o presidente do clube. "O dia em que a nossa comunidade resolver ajudar... O duro é que, quando você está com sede, o copo de água chega após a morte."
"Esperava mais ajuda. Pedi a um amigo que tem rede de postos de gasolina. Ele respondeu que, se ajudasse a Portuguesa, teria de ajudar outros times."
Apesar das queixas, mais gente ajudou. O jantar de comemoração da volta à Série A do Nacional foi de graça, numa churrascaria. Cortesia do dono.
O Sindicato dos Padeiros arrecadou dinheiro para contribuir com o bicho dos jogadores.
"Mas as padarias não ajudaram a subir. Foi apenas na premiação. E eu esperava mais", declarou Da Lupa, para quem o patrocínio da camisa vale hoje R$ 100 mil mensais -ele diz que quer chegar a R$ 7 milhões anuais com a empresa alemã.
Já o presidente do Banif, que não revela valores investidos, afirma não ter do que se queixar. "Divulgamos nossa imagem no Brasil. E já recebemos até e-mail da Alemanha nos pedindo camisa da Portuguesa."


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