São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Judô prevê polêmica com nova seletiva olímpica

Regra recém-criada dá vaga ao judoca, e não ao país, e confederação vê prejuízo

Pontuação em torneios internacionais definirá os classificados e caberá à CBJ escolher atletas que viajarão mais e terão mais chances


DA REPORTAGEM LOCAL

As controversas seletivas para a seleção olímpica de judô terminaram. Mas nem a adoção de novas regras de classificação faz a confederação brasileira da modalidade (CBJ) acreditar em calmaria até Londres-2012.
A corrida pelas vagas começou no dia 1º de janeiro. Em ciclos anteriores, era iniciada só dois anos antes dos Jogos. Além disso, o judoca agora conquista para si o direito de disputar o torneio. Antes, assegurava a vaga para seu país, e a entidade nacional que comanda o esporte definia o titular. As regras foram mudadas pela Federação Internacional de Judô.
Foi esse processo de escolha da confederação brasileira para Pequim-2008 que gerou uma série de polêmicas. Critérios não ficaram claros, e formatos foram alterados durante as seletivas, gerando insatisfação nos competidores, entre eles Tiago Camilo, campeão mundial de 2007 e bronze na China.
Agora, mesmo com a mudança da classificação, a CBJ ainda terá influência. Como a definição das vagas será feita pelo ranking, quem figurar mais vezes na seleção, viajar e competir terá mais chances.
"Sem dúvidas vai gerar polêmica. Se tivéssemos recursos para atender a todas as necessidades, isso seria minimizado. Mas acredito no taco da comissão técnica para ir indicando os judocas", diz o coordenador técnico da seleção, Ney Wilson.
"Vai depender da competência dos atletas a cada viagem. Se a gente leva alguém, e ele não ganha nenhuma luta, não marca ponto, será como jogar dinheiro no ralo. Quem for tendo resultados melhores será mais observado", completa.
Também não poderá haver mais de um atleta por país em cada categoria. Segundo a CBJ, se dois ou mais brasileiros estiverem bem ranqueados, caberá a ela definir quem vai à Olimpíada. "Mas, claro, optaremos pelo critério técnico. Quem estiver melhor vai", diz Wilson.
O dirigente acredita que o novo critério irá desgastar mais os atletas, já que serão quatro anos de competições. Além disso, quem se machucar corre o risco de sair da disputa. "O Leandro [Guilheiro, bronze em Pequim] foi poupado para chegar bem aos Jogos. Isso não poderá mais ser feito."
Os judocas mostram a mesma preocupação. "Será importante começar o ciclo sem lesão e bem preparado, pois arriscar pode ser perigoso", afirma o bicampeão mundial João Derly. "Será fundamental estar bem o ano todo. Acho que mudei de peso no melhor momento, pois começo junto com todo mundo", afirma Tiago Camilo, agora na categoria até 90 kg.
A CBJ também acredita que o novo processo barra as revelações. Se ele estivesse em vigor antes de Pequim, Ketleyn Quadros não teria feito parte da seleção -nem levado seu bronze.
A CBJ usará os próximos meses como laboratório. "Todos os países farão seus testes. Não sabemos o que acontecerá, que torneios estarão mais fortes. Passaremos o ano traçando estratégias", afirma Wilson.
O efeito das experiências no ranqueamento dos brasileiros deve ser minimizado, em parte, pelo peso dado às pontuações. No ranking de 2012, os pontos obtidos no primeiro ano valerão 25% (quem marcou 100, por exemplo, terá só 25 computados), os do segundo ano, 50%, os do terceiro, 75%, e os do último ano terão peso integral.


Texto Anterior: Recessão: Blatter admite temer crise
Próximo Texto: Maratona: Calendário incha, e rio receberá torneio de ponta em julho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.