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Judô prevê polêmica com nova seletiva olímpica
Regra recém-criada dá vaga ao judoca, e não ao país, e confederação vê prejuízo
Pontuação em torneios internacionais definirá os classificados e caberá à CBJ escolher atletas que viajarão mais e terão mais chances
DA REPORTAGEM LOCAL
As controversas seletivas para a seleção olímpica de judô
terminaram. Mas nem a adoção
de novas regras de classificação
faz a confederação brasileira da
modalidade (CBJ) acreditar em
calmaria até Londres-2012.
A corrida pelas vagas começou no dia 1º de janeiro. Em ciclos anteriores, era iniciada só
dois anos antes dos Jogos.
Além disso, o judoca agora conquista para si o direito de disputar o torneio. Antes, assegurava a vaga para seu país, e a entidade nacional que comanda o
esporte definia o titular. As regras foram mudadas pela Federação Internacional de Judô.
Foi esse processo de escolha
da confederação brasileira para
Pequim-2008 que gerou uma
série de polêmicas. Critérios
não ficaram claros, e formatos
foram alterados durante as seletivas, gerando insatisfação
nos competidores, entre eles
Tiago Camilo, campeão mundial de 2007 e bronze na China.
Agora, mesmo com a mudança da classificação, a CBJ ainda
terá influência. Como a definição das vagas será feita pelo
ranking, quem figurar mais vezes na seleção, viajar e competir terá mais chances.
"Sem dúvidas vai gerar polêmica. Se tivéssemos recursos
para atender a todas as necessidades, isso seria minimizado.
Mas acredito no taco da comissão técnica para ir indicando os
judocas", diz o coordenador
técnico da seleção, Ney Wilson.
"Vai depender da competência dos atletas a cada viagem. Se
a gente leva alguém, e ele não
ganha nenhuma luta, não marca ponto, será como jogar dinheiro no ralo. Quem for tendo
resultados melhores será mais
observado", completa.
Também não poderá haver
mais de um atleta por país em
cada categoria. Segundo a CBJ,
se dois ou mais brasileiros estiverem bem ranqueados, caberá
a ela definir quem vai à Olimpíada. "Mas, claro, optaremos
pelo critério técnico. Quem estiver melhor vai", diz Wilson.
O dirigente acredita que o
novo critério irá desgastar mais
os atletas, já que serão quatro
anos de competições. Além disso, quem se machucar corre o
risco de sair da disputa. "O
Leandro [Guilheiro, bronze em
Pequim] foi poupado para chegar bem aos Jogos. Isso não poderá mais ser feito."
Os judocas mostram a mesma preocupação. "Será importante começar o ciclo sem lesão
e bem preparado, pois arriscar
pode ser perigoso", afirma o bicampeão mundial João Derly.
"Será fundamental estar bem o
ano todo. Acho que mudei de
peso no melhor momento, pois
começo junto com todo mundo", afirma Tiago Camilo, agora
na categoria até 90 kg.
A CBJ também acredita que
o novo processo barra as revelações. Se ele estivesse em vigor
antes de Pequim, Ketleyn Quadros não teria feito parte da seleção -nem levado seu bronze.
A CBJ usará os próximos meses como laboratório. "Todos
os países farão seus testes. Não
sabemos o que acontecerá, que
torneios estarão mais fortes.
Passaremos o ano traçando estratégias", afirma Wilson.
O efeito das experiências no
ranqueamento dos brasileiros
deve ser minimizado, em parte,
pelo peso dado às pontuações.
No ranking de 2012, os pontos
obtidos no primeiro ano valerão 25% (quem marcou 100,
por exemplo, terá só 25 computados), os do segundo ano, 50%,
os do terceiro, 75%, e os do último ano terão peso integral.
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