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FUTEBOL
Saudades distantes e próximas
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O Maracanã de ontem lembrou bons tempos do futebol
carioca e brasileiro, quando América e Botafogo tinham times de
respeito, mais de 30 anos atrás.
O Botafogo deixou de tê-lo acometido pelos mesmos pecados que
assolaram tantos e tantos de nossos grandes clubes. Corrupção, incompetência, ganância desmedida, falência de valores. Hoje, com
sacrifício, acertos (muitos) e erros
(outros tantos), tenta se reerguer.
Com o América foi diferente,
porque acabou vítima da revolução traída pelo Clube dos 13.
Em 1987, depois de ter sido o
terceiro do Campeonato Brasileiro de 1986, o América foi alijado
da Copa União, por não estar no
ranking dos 16 melhores clubes do
país, vítima igual ao Guarani, vice-campeão no mesmo ano.
E o América nunca mais se levantou. Virou Ameriquinha.
Revoluções cometem injustiças,
e a organização da Copa União
não escapou à regra.
Teria até sido um preço aceitável (não para americanos e bugrinos, é claro), caso a revolução que
significava a formação de uma liga de grandes clubes tivesse seguido em seu leito original e não acabasse covardemente cooptada pela madrasta CBF.
Já no Morumbi, o embate trouxe saudades de tempos bem mais
recentes, do ano passado.
Nem caberá falar de 30 anos
atrás, porque desnecessário.
No ano passado mesmo, o clássico tinha Carlitos Tevez de um
lado e Robinho do outro.
Ontem tinha o argentino num
alvinegro e nenhum ídolo noutro.
Porque o Santos rapidamente se
desfez dos jogadores que reconstruíram, a duras penas, a identidade de um clube vencedor.
Mesmo assim, disputou um primeiro tempo de igual para igual,
com chances divididas e bom futebol. No segundo, o Corinthians
criou mais, o árbitro não deu um
penal para o Santos, que ficou
com dez por justa reclamação e,
ainda assim, fez, com Geílson, o
gol da vitória (e mais um que a
TV viu, e a arbitragem não).
No Rio, felizmente, o sol não
apareceu (com os horários impostos pela TV chegamos a esse ponto, torcer para chover, para não
fazer calor) e os dois times, limitados, puderam jogar o melhor futebol que tinham para mostrar.
Robert abriu o marcador graças
ao ex-goleiro americano Max, no
mínimo numa tarde infeliz, porque em seguida fez um pênalti
clamoroso em Cris, não marcado
por um árbitro horroroso, que deveria ter expulsado dois botafoguenses no primeiro tempo, Rui e
Lúcio Flávio, autores de entradas
simplesmente criminosas.
Com o possível 2 a 0 no placar e
11 contra 9, o América já seria, no
intervalo, o campeão da Taça GB.
Mas o segundo tempo começou
com uma falha do goleiro Everton
na saída do gol e com o empate
na cabeçada de Scheidt, que, logo
depois, passou para Dodô virar o
jogo, castigo do deus dos estádios
ao time do diabo, que estava mais
preocupado em administrar o resultado depois dos prejuízos causados pelo árbitro Willian Nery.
Everton falhou de novo, e Zé
Roberto fez 3 a 1, o gol que fez brilhar a gloriosa Estrela Solitária.
Discípulo
Alberto Dualib segue o conselho de Eurico Miranda. "Pegue
o dinheiro dos gringos e dê um
pé na bunda deles." É o que tenta fazer ao não repassar o dinheiro do futebol para a MSI.
Agora, Kia Joorabchian está
certo. Mas deve acabar perdendo a briga, como a HMTF perdeu para o próprio Corinthians
e o Bank of America perdeu para o Vasco.
Patética
Presidente da CPI da CBF/Nike, autor de um livro censurado
pela CBF, deputado pelo PC do
B-SP, presidente da Câmara,
Aldo Rebelo foi entrevistado
pelo diário "Lance!" de ontem.
Se quiser ler, leia. Será somente
mais uma decepção. Ele também já esqueceu tudo o que fez,
afirmou e escreveu. Entrevista
mais patética, impossível.
E-mail: blogdojuca@uol.com.br
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