São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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MOTOR

Cheiro ruim


Erros de todos os lados minaram o projeto de uma F-1 mais democrática e mais competitiva neste Mundial


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A IDEIA era louvável, merecedora dos aplausos que vieram naquele 12 de junho. Após tantas baixas nos anos anteriores, em meio a tanto alarmismo por conta da crise global, diante de tantas bravatas das montadoras, Mosley anunciava três novas equipes no grid da F-1 em 2010: USF1, Manor e Campos. Mais tarde, surgiria uma quarta estreante, a nova Lotus.
Uma medida com cheiro dos velhos tempos, de retomada de uma categoria menos perdulária e mais responsável. Ok, nada a reparar.
Mas o cheiro começou a mudar.
Aqui e ali, odores podres passaram a indicar que havia uma caveira de burro enterrada naquele jardim. Primeiro, o favorecimento da FIA às concorrentes que se dispuseram a usar motor Cosworth -e, com isso, a Prodrive, de longe a mais bem estruturada das candidatas, dançou.
Mais: Campos deixou escapar que o critério geográfico também foi importante na escolha. Por isso, uma equipe espanhola, uma malaia, uma inglesa e uma espanhola. De novo, o projeto, o histórico no esporte, o caixa e a estrutura foram desprezados.
Depois veio o fim do teto de custos, justamente o maior incentivo para as novatas. Um golpe duro.
O resultado está aí. A pré-temporada encerra hoje sua primeira metade e só uma novata andou: a Manor, agora batizada de Virgin. E andou mal. Ontem, Di Grassi completou só oito voltas, levou 17 segundos.
A Lotus só deve andar na próxima semana. Campos e USF1 são dúvidas, ninguém sabe, ninguém viu.
Na pior das hipóteses, o Mundial terá 11 equipes, mesmo quorum das últimas quatro temporadas. Na melhor, serão 13. Em todas elas, o discurso de uma F-1 mais humilde descambou para a falta de qualidade.
Entre as 11, 12 ou 13, não estarão mais BMW, Toyota e Renault -não se deixe enganar, a marca francesa tornou-se agora apenas sócia minoritária de um fundo luxemburguês.
As conclusões são claras. A qualidade despencou, e não houve a contrapartida da efervescência. O fosso entre grandes e pequenas aumentou. Cobiça e incompetência corroeram as intenções. A F-1 perdeu.

PROBLEMA 1
Massa teve nesta semana um gostinho do que a imprensa espanhola reserva para ele. Por dizer que Alonso ainda precisa se adaptar à Ferrari, ganhou um editorial raivoso do "Mundo Deportivo", mandando que se calasse. Ironicamente, é este mesmo o melhor caminho: não prolongar o assunto.

PROBLEMA 2
Já estão esgotados os ingressos de R$ 100 para a corrida da Indy no circuito do Anhembi. Que vai acontecer, mas sabe-se lá com quais consequências. Ecclestone ainda não digeriu o que considera infidelidade da Prefeitura de São Paulo e da CBA. E está se mexendo.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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