São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

O quase massacre do Morumbi

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

O placar nem refletiu. Mas o São Paulo quase massacrou o Corinthians no Morumbi.
No primeiro tempo, então, o alvinegro não conseguiu dar um chute no gol de Rogério Ceni.
E o tricolor chegou na área adversária como e quantas vezes quis. Uma festa.
Reflexo de um time e de um plantel muito mais equilibrados.
Basta dizer que o banco corintiano é um deserto e o são paulino tem Aloísio e Lima.
Sim, o Corinthians não tinha Carlitos Tevez, seu principal jogador, machucado.
Mas o São Paulo não tinha nem Lugano nem Fabão nem Júnior.
E jogou como se os tivesse.
Porque, também, enquanto Muricy acerta em quase todas as decisões que toma, a começar pela entrada de Thiago como titular -embora talvez fosse melhor ao lado de Aloísio-, Antonio Lopes (o Lopes barato, segundo Renato Maurício Prado, de "O Globo", em oposição a Lopes Caro, do Real Madrid, também a perigo) fez tudo errado.
Aliás, Muricy só errou ao achar que o Corinthians voltaria mudado no segundo tempo.
Porque o time voltou o mesmo, com Roger no banco. Quando este entrou, já com 2 a 0 para o tricolor, saiu Ricardinho e o problema ficou o mesmo: era fácil neutralizar a tentativa de criar do time corintiano, restrita a um e apenas um jogador.
Para piorar, enquanto o São Paulo tem Rogério Ceni, que pegou pênalti (se adiantou, é verdade) e até o rebote do pênalti, Lopes preferiu Johnny Herrera, um goleiro sem passado, a Marcelo, que, ao menos, parece ter futuro.
Se Muricy tem autoridade para bronquear com o ídolo Lugano por causa de uma expulsão infantil como aquela em Sorocaba no domingo retrasado, Lopes não teve poder para convencer o jovem Rosinei a jogar na lateral-direita em Monterrey, pela Libertadores, na última quinta-feira.
A sorte do bando corintiano foi a presença de Nilmar, que liquidou a desconfiança de ser pouco presente em jogos complicados, porque não só sofreu o pênalti, desperdiçado por Rafael Moura, como fez um golaço, além de outro em impedimento.
E foi, ainda, a justa expulsão de Mineiro que permitiu ao Corinthians complicar um clássico que estava fácil para o São Paulo.
Porque este é o clássico mais equilibrado da história do Campeonato Paulista, com 55 vitórias corintianas, 53 empates e, agora 54 triunfos tricolores.
Sorte que virou azar com a contusão de Rosinei, que se machucou nos últimos oito minutos do jogo, o que diminuiu o ímpeto de quem buscava a reação que seria heróica - e injusta.
A verdade é que o 2 a 1 saiu barato, pelo que se viu em mais um bom clássico no Morumbi, que apenas não foi de um time só porque, na base do esforço individual, os corintianos transformaram o que seria uma goleada num resultado apertado.
Muricy Ramalho dará uma bronca nos seus hoje.
Antonio Lopes, ao se demitir, enfim, acertou. Mas saiu caro...

Nó tático?l
Nem por maldade se dirá que Toninho Cerezo, ex-palhaço de circo, ex-fantástico meio campista, ex-técnico muito bem sucedido no Japão, estreante treinador do Guarani, deu um nó tático em Vanderlei Luxemburgo, ex-vendedor de carros usados, ex-lateral-esquerdo medíocre, ex-técnico mal sucedido da seleção brasileira e do Real Madrid, recordista em títulos no Campeonato Brasileiro. Não deu mesmo. Até sofrer o 2 a 0 ainda no primeiro tempo da partida em Campinas, fruto de um pênalti desnecessário e até sem querer, mesmo sem jogar bem, o Santos criou mais oportunidades. Mas o inesperado e injusto 2 a 1 manteve o Campeonato Paulista vivíssimo e devolveu ao São Paulo a chance do bicampeonato -e o favoritismo na luta pelo título.


@ - blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Luxemburgo minimiza revés
Próximo Texto: Vôlei - Cida Santos: As batalhas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.