São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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FUTEBOL

Treinador, que pediu demissão logo após o jogo, armou o time de maneira confusa, o que sacramentou a derrota

Último ato de Lopes vira grande fracasso

Rubens Cavallari/Folha Imagem
Depois de marcar o único gol do Corinthians ontem, Nilmar, artilheiro disparado do Paulista, coloca a bola no centro do gramado


KLEBER TOMAZ
TONI ASSIS

DA REPORTAGEM LOCAL

O clássico que concentrou os dois melhores elencos do país, no Morumbi, mostrou que a organização são-paulina pregada e adotada por Muricy Ramalho superou a bagunça tática criada pelo então corintiano Antônio Lopes.
Em seu último ato, armou o Corinthians em um 3-5-2, condenando-o a um futebol medíocre que selou ontem sua era de técnico no clube do Parque São Jorge.
Esse detalhe foi decisivo para o resultado de 2 a 1 a favor do São Paulo, que manteve a equipe acesa no Paulista e tornou o Corinthians quase que um mero coadjuvante nas cinco rodadas finais.
Os são-paulinos somam 29 pontos e seguem torcendo por tropeços do líder Santos. Já para o Corinthians, a derrota de ontem deu mais importância do que nunca ao torneio continental, já que suas chances no Estadual são remotas -segue com 25 pontos.
Pior, o time que já anda vacilante na Libertadores vai ter de correr atrás de um novo comandante após Antônio Lopes pedir demissão logo depois da partida.
"Eu já tinha em mente entregar o cargo no caso de perder o jogo. O momento é bom para eu sair. Vai ser melhor para o Corinthians, para o Kia [Joorabchian, presidente da MSI] e para o Paulo [Angioni diretor da parceira do clube]", afirmou Lopes.
Visivelmente constrangido, falou que a decisão de deixar o clube foi tomada anteontem.
"Só eu, minha mulher e meu filho sabíamos disso [a possibilidade de deixar o time]. O problema maior foi a derrota na Libertadores [para o Tigres, no México, na última quinta]. Perder para o São Paulo teve a sua influência por ser clássico", explicou Lopes.
Apesar da saída melancólica, Lopes não atacou os atletas. "Perder é sempre culpa do treinador."
O volante Marcelo Mattos, no entanto, pensa diferente. "Nós contribuímos também para ele sair não vencendo os jogos."
Durante o primeiro tempo do jogo, e enquanto o Corinthians insistia num defensivo 3-5-2, mesmo tendo no seu elenco o melhor ataque do torneio e o artilheiro isolado do Paulista -Nilmar com 17 gols-, os são-paulinos deitaram e rolaram.
Marcando pressão e chutando de onde dava, o São Paulo não permitia ao rival se organizar. Enquanto o goleiro Rogério só assistiu ao jogo, o corintiano Herrera foi ameaçado com nove finalizações, sendo sete delas no alvo, com aproveitamento de 77%, segundo o Datafolha.
Diante da pressão, o gol até que demorou a sair: 29min. O meia Danilo recebeu passe do zagueiro Edcarlos na área, girou e bateu. A bola desviou na zaga antes de tocar no travessão e entrar.
O sufoco seguiu até o fim da primeira etapa e piorou no reinício do segunda, quando, numa falha de Herrera, André Dias ganhou a bola na cabeça, na pequena área: 2 a 0, logo aos 3min.
O Corinthians ameaçou reagir com um pênalti a favor, mas até nisso faltou um comando. O atacante Nilmar, derrubado pelo defensor Alex, cedeu a vez de bater para Rafael Moura. Ele cobrou mal e consagrou Rogério.
"Não vinha treinando pênalti nas últimas duas semanas. O Rafael estava com bom aproveitamento. Ele pediu, estava com confiança", disse Nilmar, que no rebote bateu em cima do goleiro.
Resignado, Moura usou o discurso dos vencidos. "Só perde quem bate", disse ele, que tem o apelido do herói dos desenhos animados He-Man, mas ontem foi chamado de She-Ra pela torcida são-paulina.
Com esse prognóstico, o jogo previa uma goleada são-paulina. Mas quando Lopes voltou ao 4-4-2 colocando Roger o Corinthians acordou do sono. O meia lançou Nilmar, que encobriu Rogério marcando um golaço aos 31 min.
Para frear o maior volume de jogo corintiano, o São Paulo apertou a marcação e perdeu Mineiro, expulso, dois minutos depois.
No próximo final de semana, o Corinthians pega o América, e o São Paulo recebe o Noroeste.


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