São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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AUTOMOBILISMO

Na abertura do Mundial de F-1, no Bahrein, campeão muda estratégia para chegar a 9º triunfo da carreira

Alonso dá nó em Schumacher e vence 1ª

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SAKHIR (BAHREIN)

O piloto que em 2005 arrebatou a F-1 mostrando velocidade e amadurecimento começou 2006 exibindo outra qualidade, capacidade de improvisar na estratégia. E deu um nó justamente no homem que é mestre nesse terreno: o alemão Michael Schumacher.
Entre a constatação do problema e a reação para solucioná-lo, segundos. Aconteceu na 38ª volta do GP do Bahrein, ontem, em Sakhir, e valeu a vitória na abertura do Mundial a Fernando Alonso.
Batido pelo espanhol da Renault, restou para Schumacher a segunda colocação. O pódio foi completado por Kimi Raikkonen, da McLaren, que largou da 22ª -e última- colocação do grid.
Estreando respectivamente por Ferrari e Honda, Felipe Massa e Rubens Barrichello foram mal.
"Foi uma briga muito apertada", definiu Alonso. "Foi uma briga boa", completou o alemão.
Foi. E foi também uma prova cheia de alternativas e agitada.
A começar pelos primeiros metros. Saindo da pole position pela 65ª vez na carreira, o que o igualou a Ayrton Senna, Schumacher manteve a ponta. Alonso, quarto, superou Jenson Button, terceiro, e logo partiu para cima de Massa.
Ultrapassou o brasileiro já na primeira volta e passou então a perseguir Schumacher. Aí, porém, ele não encontrou as mesmas facilidades. Até a primeira janela de pit stops, manteve-se atrás, com uma desvantagem que variou de dois a seis segundos.
Levou, ainda, um susto. Na oitava volta, Massa tentou dar o troco, rodou e cruzou bem a sua frente, na primeira curva do traçado. Por centímetros, o espanhol escapou de ser abalroado.
"Nessa primeira parte da corrida o Michael estava muito rápido, não havia o que fazer", disse.
Na 15ª volta, o alemão parou. Ficou 8s no pit. Quatro voltas depois, foi a vez de Alonso trocar pneus e reabastecer. Levou 8s2.
O perseguidor, então, apertou o ritmo. Seu objetivo era grudar em Schumacher, esperar o segundo pit do rival e então acelerar o máximo possível nas quatro voltas que teria sem ninguém à frente. Assim, imaginava, poderia fazer seu segundo e último reabastecimento e voltar ao GP na ponta.
Script seguido. Ele estava apenas 1s235 atrás quando o alemão entrou nos boxes, na 36ª volta.
Mas as coisas passaram a dar errado. Em vez de pista livre, Alonso encarou uma seqüência de retardatários e não conseguiu impor o ritmo necessário para abrir do alemão. Pior, na 38ª volta encontrou Massa pela frente. A situação já estava apertada. Perder mais tempo comprometeria o plano. O asfalto voava sob seu carro. Era preciso pensar rápido.
E ele pensou. Passou um rádio para a equipe e, no giro seguinte, surpreendeu Sakhir. Entrou nos boxes uma volta antes do programado e saiu exatamente ao lado do alemão -se tivesse seguido o plano, fatalmente perderia milésimos decisivos e voltaria atrás.
Os dois contornaram a primeira curva lado a lado, quase tocaram as rodas, e Alonso levou a melhor na manobra. Uma vez à frente, abriu uma folga mínima, no entanto suficiente para que Schumacher não pudesse completar o bote que chegou a tentar.
Venceu pela nona vez em 70 GPs, igualando dois pilotos que estavam na pista e que correram mais que ele na F-1: Raikkonen (87) e Barrichello (216). Como que para anunciar que a luta é mais em cima, com Schumacher.
Pelo que os carros de Renault e Ferrari mostraram no Bahrein, será mesmo. Para sorte de uma temporada que apenas começou.


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