São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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BOXE
Duelo entre Holyfield e Lewis unifica nesta noite, em Nova York, o título da categoria pela primeira vez desde 92
Pesados decidem hoje seu real campeão

MARCELO DIEGO
de Nova York

Os pesos-pesados Evander Holyfield, 36, e Lennox Lewis, 33, lutam hoje no Madison Square Garden, em Nova York, nos EUA, não só para reunificar os três principais títulos de boxe no mundo, o que não acontece desde 1987, como também para buscar respeito mundial, na palavra deles.
O norte-americano Holyfield é o campeão pela FIB (Federação Internacional de Boxe) e pela AMB (Associação Mundial de Boxe).
O britânico Lewis é o detentor do cinturão do CMB (Conselho Mundial de Boxe).
A última unificação dos três títulos aconteceu em 1987, com o norte-americano Mike Tyson. Os cinturões permaneceram unificados até 1992, quando Riddick Bowe (EUA) abriu mão do cinturão do CMB, jogando-o em uma lata de lixo durante uma entrevista.
Hoje, em 12 assaltos, a partir das 21h (23h de Brasília), Holyfield e Lewis vão definir quem é o melhor do mundo. E esperam conseguir calar os críticos de suas carreiras.
"Eu enfrentei os melhores pugilistas da minha época. Todos eles, com muita coragem. Marquei meu nome na lista dos grandes campeões e nada poderá me tirar dela. Quero vencer Lewis para mostrar que minha confiança e minha habilidade não dependem do que os críticos dizem de mim, mas do respeito que sempre tive por mim mesmo", afirmou Holyfield.
"Isso não tem nada a ver com Lennox Lewis. Ele é um bom pugilista, mas vou ganhar dele como ganharia de qualquer um hoje, pois estou no melhor de minha forma", disse o norte-americano.
Mais do que responder aos críticos, Holyfield tentou com suas declarações recentes também promover o combate, no qual vai ganhar uma bolsa de US$ 20 milhões.
Ele chegou a declarar ainda que, se vencer Lewis, poderá se aposentar. "É algo que venho pensando faz tempo e vou decidir", disse.
Já Lewis quer provar que é o melhor e não chegou ao topo do ranking no CMB com facilidade.
"Dizem que nunca enfrentei um adversário de peso. Pois vou bater Holyfield, e as reclamações vão se desmanchar no ar", afirmou.
Segundo seu treinador, Emanuel Steward, será o momento decisivo para Lewis. "Toda sua carreira estará no ringue. E ele está bem ciente disso. Ele vai lutar com os olhos abertos, consciente de que pode vencer", afirmou.
O norte-americano Holyfield já lutou 39 vezes, tendo 33 vitórias, sendo 25 por nocaute, e três derrotas. O britânico Lewis combateu 35 vezes, apenas uma derrota, tendo nocauteado em 27 ocasiões.
"Dada a situação do boxe no momento e a divisão dos pesos-pesados nos últimos anos, a luta pode ser determinante para o futuro da categoria e para os negócios de uma maneira geral", afirmou o promotor Dino Duva, da empresa de lutas Main Events.
Ele disse que atualmente há poucas chances de ocorrer bons combates entre os pesos-pesados.
"Ficam todos esperando pelas lutas do Tyson ou por oponentes que desafiem o campeão. Dependendo do resultado desta noite, poderemos pensar numa revanche ou dar espaço para novos pugilistas", afirmou Duva, também avaliando os retornos financeiros.

Cifras
A luta fez bilheteria de US$ 12 milhões (perdendo apenas para o primeiro combate Holyfield-Tyson em Las Vegas, disputado em 1996), foram vendidos mais de um milhão de "pay-per-view" (sistema de TV a cabo por meio do qual a luta só é transmitida àqueles que a compram por US$ 50), e o Madison Square Garden pagou US$ 8,5 milhões para receber o combate.
Todos os 19 mil ingressos já estão vendidos. Algumas poucas entradas podem ser encontradas nas mãos de cambistas, por até US$ 4.000 (o preço normal é US$ 1.500).
Holyfield, cujas duas vitórias sobre Mike Tyson são considerados seus maiores feitos no ringue, apostou publicamente que será capaz de derrotar Lewis até o terceiro assalto do combate.
Lewis não quis dar palpites tão precisos, mas afirmou que o ponto fraco de Holyfield é o seu queixo e que a sua vitória sairá de lá.
""Ele quer fazer como Muhammad Ali (que previa os assaltos nos quais venceria os oponentes), mas Holyfield não está no mesmo nível", criticou Lewis, citando o ex-campeão mundial.
Além das bravatas, ambos discursaram a respeito da importância histórica do combate. "Daqui a alguns anos, quando olharem para os relatos do boxe todos vão se lembrar desta noite. Tenho consciência do meu papel, que é o de proporcionar o melhor espetáculo possível", disse Holyfield.
A luta será transmitida para cerca de 30 países, segundo a Don King Promotions, empresa que está promovendo o combate.
"É hora de recuperarmos as grandes lutas de boxe da história. Ganhar de adversários respeitáveis e em espetáculos organizados", afirmou Lewis. "Esta vai ser a última boa luta que você vai assistir por um bom tempo, irmão", disse Steward, treinador do britânico.
"A cada hora que você joga água fria nesta luta, ela volta a esquentar. Porque ela é quente, é decisiva. As pessoas sabem disso e não sou eu quem precisa falar", afirmou o promotor Don King.
NA TV - Globo, VT, a partir da 0h45

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