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BOXE
Duelo entre Holyfield e Lewis unifica nesta noite, em Nova York, o título da categoria pela primeira vez desde 92
Pesados decidem hoje seu real campeão
MARCELO DIEGO
de Nova York
Os pesos-pesados Evander Holyfield, 36, e Lennox Lewis, 33, lutam
hoje no Madison Square Garden,
em Nova York, nos EUA, não só
para reunificar os três principais
títulos de boxe no mundo, o que
não acontece desde 1987, como
também para buscar respeito
mundial, na palavra deles.
O norte-americano Holyfield é o
campeão pela FIB (Federação Internacional de Boxe) e pela AMB
(Associação Mundial de Boxe).
O britânico Lewis é o detentor do
cinturão do CMB (Conselho Mundial de Boxe).
A última unificação dos três títulos aconteceu em 1987, com o norte-americano Mike Tyson. Os cinturões permaneceram unificados
até 1992, quando Riddick Bowe
(EUA) abriu mão do cinturão do
CMB, jogando-o em uma lata de lixo durante uma entrevista.
Hoje, em 12 assaltos, a partir das
21h (23h de Brasília), Holyfield e
Lewis vão definir quem é o melhor
do mundo. E esperam conseguir
calar os críticos de suas carreiras.
"Eu enfrentei os melhores pugilistas da minha época. Todos eles,
com muita coragem. Marquei meu
nome na lista dos grandes campeões e nada poderá me tirar dela.
Quero vencer Lewis para mostrar
que minha confiança e minha habilidade não dependem do que os
críticos dizem de mim, mas do respeito que sempre tive por mim
mesmo", afirmou Holyfield.
"Isso não tem nada a ver com
Lennox Lewis. Ele é um bom pugilista, mas vou ganhar dele como
ganharia de qualquer um hoje,
pois estou no melhor de minha
forma", disse o norte-americano.
Mais do que responder aos críticos, Holyfield tentou com suas declarações recentes também promover o combate, no qual vai ganhar uma bolsa de US$ 20 milhões.
Ele chegou a declarar ainda que,
se vencer Lewis, poderá se aposentar. "É algo que venho pensando
faz tempo e vou decidir", disse.
Já Lewis quer provar que é o melhor e não chegou ao topo do ranking no CMB com facilidade.
"Dizem que nunca enfrentei um
adversário de peso. Pois vou bater
Holyfield, e as reclamações vão se
desmanchar no ar", afirmou.
Segundo seu treinador, Emanuel
Steward, será o momento decisivo
para Lewis. "Toda sua carreira estará no ringue. E ele está bem ciente disso. Ele vai lutar com os olhos
abertos, consciente de que pode
vencer", afirmou.
O norte-americano Holyfield já
lutou 39 vezes, tendo 33 vitórias,
sendo 25 por nocaute, e três derrotas. O britânico Lewis combateu 35
vezes, apenas uma derrota, tendo
nocauteado em 27 ocasiões.
"Dada a situação do boxe no momento e a divisão dos pesos-pesados nos últimos anos, a luta pode
ser determinante para o futuro da
categoria e para os negócios de
uma maneira geral", afirmou o
promotor Dino Duva, da empresa
de lutas Main Events.
Ele disse que atualmente há poucas chances de ocorrer bons combates entre os pesos-pesados.
"Ficam todos esperando pelas
lutas do Tyson ou por oponentes
que desafiem o campeão. Dependendo do resultado desta noite,
poderemos pensar numa revanche
ou dar espaço para novos pugilistas", afirmou Duva, também avaliando os retornos financeiros.
Cifras
A luta fez bilheteria de US$ 12 milhões (perdendo apenas para o primeiro combate Holyfield-Tyson
em Las Vegas, disputado em 1996),
foram vendidos mais de um milhão de "pay-per-view" (sistema
de TV a cabo por meio do qual a luta só é transmitida àqueles que a
compram por US$ 50), e o Madison Square Garden pagou US$ 8,5
milhões para receber o combate.
Todos os 19 mil ingressos já estão
vendidos. Algumas poucas entradas podem ser encontradas nas
mãos de cambistas, por até US$
4.000 (o preço normal é US$ 1.500).
Holyfield, cujas duas vitórias sobre Mike Tyson são considerados
seus maiores feitos no ringue,
apostou publicamente que será capaz de derrotar Lewis até o terceiro
assalto do combate.
Lewis não quis dar palpites tão
precisos, mas afirmou que o ponto
fraco de Holyfield é o seu queixo e
que a sua vitória sairá de lá.
""Ele quer fazer como Muhammad Ali (que previa os assaltos
nos quais venceria os oponentes),
mas Holyfield não está no mesmo
nível", criticou Lewis, citando o
ex-campeão mundial.
Além das bravatas, ambos discursaram a respeito da importância histórica do combate. "Daqui a
alguns anos, quando olharem para
os relatos do boxe todos vão se
lembrar desta noite. Tenho consciência do meu papel, que é o de
proporcionar o melhor espetáculo
possível", disse Holyfield.
A luta será transmitida para cerca de 30 países, segundo a Don
King Promotions, empresa que está promovendo o combate.
"É hora de recuperarmos as
grandes lutas de boxe da história.
Ganhar de adversários respeitáveis
e em espetáculos organizados",
afirmou Lewis. "Esta vai ser a última boa luta que você vai assistir
por um bom tempo, irmão", disse
Steward, treinador do britânico.
"A cada hora que você joga água
fria nesta luta, ela volta a esquentar. Porque ela é quente, é decisiva.
As pessoas sabem disso e não sou
eu quem precisa falar", afirmou o
promotor Don King.
NA TV - Globo, VT, a partir da
0h45
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