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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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FUTEBOL

Meninos da Arena

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Van der Vaart, 20, Zlatan, 21, Pienaar, 21, Chivu, 22, Yakubu, 21, Pasanen, 22, Maxwell, 21. A molecada do Ajax é a grande surpresa nas quartas-de-final da Copa dos Campeões.
O empate sem gols com o Milan em Amsterdã, pior para o time holandês do que para o gigante de Milão, não tirou as chances dos Meninos da Arena, mas esses dificilmente alcançarão o título (como os Meninos da Vila, que chegaram ao mata-mata do Brasileiro como a oitava força).
No entanto a ""escolinha" do Ajax de novo desafia o poderio financeiro dos coirmãos do G-14 (os oito que sobraram são sócios, assim como o Porto, virtual campeão da Copa da Uefa). Não é qualquer um que possui a coragem de escalar um time com média de idade de 23 anos no mata-mata do melhor interclubes do planeta, no qual desfilam Zidane, Beckham, Ronaldo, Del Piero, Figo, Rivaldo, Roberto Carlos (o Real figura bem nessas listas)...
O Milan entrou em campo em Amsterdã com uma equipe retrancada e mais que experiente: Maldini, 34, Costacurta, 36, Rui Costa, 31. A média de idade do time inicial? "Apenas" 28,7 anos.
O único "trintão" do Ajax, Galásek, 30, deu lugar a Sneijder, 18. Do outro lado, Seedorf (não formou-se como Menino da Arena porque na sua época o estádio só engatinhava, mas seu sobrinho atua com frequência no time principal e, por tabela, na nova casa do Ajax) deu lugar ao não menos rodado lateral Serginho.
Se a coluna celebra (revelei outras vezes minha simpatia pela equipe holandesa) mais uma boa geração do Ajax (muito inferior às dos anos 70, 80 e 90), também destaca a falta de identidade dos Meninos da Arena com o clube.
Entre os titulares que enfrentaram o Milan, apenas um holandês: Van der Vaart. O Ajax apostou em dois romenos, um tunisiano, um finlandês, um americano, um sul-africano, um ganense, um tcheco, um brasileiro e um sueco.
Com toda a sua força econômica, o Milan se guiou pela "italianada": Nesta, Maldini, Costacurta, Gattuso, Ambrosini e Inzaghi. Esses três defensores, esses dois meio-campistas e esse atacante explicam bem o único 0 a 0 das partidas de ida das quartas.
O técnico Carlo Ancelotti deixou Rivaldo no banco de reservas e, quando o colocou no jogo, sacou Shevchenko. A questão aqui não é se ele fez certo ou não, e sim uma bem maior: os estrangeiros do Milan vivem situação pouco confortável (isso vale para titulares, como Rui Costa, e reservas, como Serginho e Roque Júnior).
O Ajax, por sua vez, valoriza mais neste momento seus ""olheiros" e ""times B" pelo mundo do que as ruas de Amsterdã (não descobri até hoje a veracidade da lenda de que nove jogadores do lendário Ajax de Cruyff moravam e brincavam na mesma rua).
Van der Vaart, o mais talentoso dos Meninos da Arena, poderá até herdar o trono de Van Basten ou Bergkamp, mas será apenas um. Van der Meyde, seu bom parceiro e conterrâneo, esquenta o banco de reservas e dá vez para gringos de qualidade discutível.
Bons tempos quando o Ajax era Meninos da Rua, não da Arena.

Meninos da Luz
O mascote da Euro-2004 é um simpático garoto chamado Kinas. Mas uma molecagem ronda o guri, cujo nome já pertencia a pelo menos uma empresa (que luta com a organização do torneio por isso).

Meninos do Monumental
D'Alessandro, 21, e Cavenaghi, 19, são o Diego e o Robinho do River Plate. O Corinthians só deveria se preocupar com esses garotos.

Meninos da Vila
O Santos tem um caminho relativamente tranquilo até a decisão da Libertadores, sendo mandante no jogo de volta nas oitavas, nas quartas e na final (se lá chegar). Porém a Conmebol garantiu à coluna que a Vila Belmiro, por sua capacidade, não vai abrigar a decisão.

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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