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BASQUETE
Coelhos da cartola
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Ninguém ousa badalar as
atuações do ala-pivô Kevin
Garnett ou analisar o desempenho do Minnesota sem mencionar o trabalho subterrâneo de Kevin McHale, que cercou a estrela
de outros jogadores engenhosos
(os armadores Sam Cassell e Latrell Sprewell) e construiu a liderança da Conferência Oeste.
Não se festeja o sucesso inesperado do jurássico técnico Hubie
Brown, 70, sem dar crédito à caneta de Jerry West, que, com argúcia, coalhou o modesto Memphis de talentos e viabilizou a inédita classificação aos playoffs.
Não se admira as atuações do
brasileiro Nenê nem se aplaude a
ascensão vertiginosa do Denver,
ex-lanterna que briga pela última
vaga nos mata-matas, sem se reconhecer o papel de Kiki Vandeweghe, o "general manager" que
demonstrou como erguer uma
equipe do nada em pouco tempo.
Todos sabem que o Los Angeles
Lakers só conserva a fama de "bicho-papão" graças ao arrojo de
Mitch Kupchak, que, a preço de
banana, seduziu os medalhões
Karl Malone e Gary Payton. E
que o San Antonio jamais arrancaria na tabela não tivesse R.C.
Buford garantido a renovação do
ala-pivô Tim Duncan -parte
principal de plano que mantém
os campeões com saúde financeira para fisgar outros craques.
O Indiana, que ganhara 48 partidas em 02/03 e perdera um titular antes desta temporada, vai fechar a fase de classificação com a
melhor campanha e provavelmente 60 vitórias. Tudo porque
Larry Bird teve o peito de desafiar
os fãs e delegar o comando técnico ao minucioso Rick Carlisle.
Já a sorte do Detroit, o outro time que o Leste credencia ao título, foi lançada por Joe Dumars,
responsável pelas principais contratações do torneio, fora e dentro
da quadra: o treinador Larry
Brown (ex-Philadelphia) e o ala
Rasheed Wallace (ex-Portland).
Na mesma conferência, o carisma do "calouro" Isiah Thomas
pavimentou a ressurreição do
New York Knicks, e o de Pat Riley,
que se afastou do banco de reservas para se concentrar na administração do clube, a do Miami.
Nos EUA -uma vez que a estrutura funciona, as federações
não fazem barulho, o dinheiro
aparece, e o torneio brilha-, a
imprensa costuma priorizar o que
ocorre nos campos, quadras etc.
Nada a ver com a mídia esportiva brasileira, habituada a monitorar o dia-a-dia de cartolas (seja
porque não se desvencilhou do
passado de sujeição aos interesses
do coronelato do esporte; seja
porque resolveu afrontá-lo, ciente
de que os bastidores têm efeitos
cruciais sobre o espetáculo).
Tanto que, de todos os prêmios
individuais que a NBA outorga
anualmente, o único que ela não
delega a um comitê de jornalistas
é o de melhor dirigente.
Este ano, porém, vê uma guinada. Não existe, no papel e na internet norte-americanos, debate
tão interessante e agitado quanto
o do troféu "chapa branca".
O campeonato mais excitante
dos últimos tempos da NBA renovou para o basqueteiro a lição de
que o cartola (aquele profissional
remunerado para gerir o clube, e
não um simples apaixonado torcedor) também ganha jogo.
Mágica 1
Kevin Garnett merece o troféu de craque da temporada. Jerry Sloan
(Utah), que fez omeletes sem ovos, foi o melhor técnico. O reserva do
ano foi o argentino Manu Ginóbili (San Antonio). Ron Artest (Indiana) brilhou como o melhor jogador de defesa. Quem mais evoluiu?
Para mim, Lamar Odom, a cola tática e técnica do redivivo Miami.
Mágica 2
Tanto a ESPN como a Rede TV! vão exibir os mata-matas. Enquete
da página brasileira do site da NBA mostra que o telespectador prefere ver em ação LA Lakers (57%), Denver (26%) e San Antonio (9%).
Mágica 3
A rodada de amanhã (a última!) define a sorte do Denver e as chaves.
E-mail melk@uol.com.br
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