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Co-Rio rejeita jovens de plano que custou R$ 8 mi
Briga diante do presidente Lula foi estopim para comitê do Pan descartar guias
Doze mil pessoas treinadas
pela Secretaria Nacional de
Segurança serão afastadas
de tarefas ligadas aos Jogos
e devem distribuir panfletos
SÉRGIO RANGEL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A pancadaria entre os guias
cívicos do Pan-07 na frente do
presidente Lula fez o Co-Rio
(Comitê Organizador dos Jogos) desistir de empregá-los diretamente em tarefas relacionadas à competição, em julho.
A maior parte dos 12 mil jovens de 14 a 24 anos treinados
pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) é originária de favelas. Alguns já
cumpriram medidas judiciais
socioeducativas (punição para
menores de 18 anos que cometem crimes), como revelou ontem a própria secretaria.
A decisão de treiná-los para o
emprego nos Jogos foi tomada
à revelia do Co-Rio, que investiu em voluntariado de formação educacional mais elevada.
Durante a formatura e apresentação dos guias, anteontem,
no Maracanã, jovens de favelas
em que o tráfico é controlado
por facções criminosas inimigas brigaram diante do presidente e do governador do Rio,
Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Os tumultos não surpreenderam a equipe de segurança
do Co-Rio, formada em sua
maioria por oficiais do Exército
com passagens pela inteligência da Força e da Secretaria da
Segurança Pública do Rio.
A Folha apurou que desde o
ano passado, nas reuniões preparatórias do esquema de segurança, o Co-Rio vinha alertando os profissionais da Senasp
sobre o perigo de conflitos
quando jovens de favelas rivais
ficassem no mesmo ambiente.
A argumentação de que a inimizade entre os jovens está
enraizada não foi levada em
consideração pela Senasp, cujo
titular, o delegado da Polícia
Federal Luiz Fernando Corrêa,
disse, anteontem, que a proposta dos guias cívicos não poderia ser "obstaculizada" por
problemas com endereços.
Sem a parceria do Co-Rio, a
Senasp insistiu em treinar os
guias. Pelo orçamento oficial
da segurança do Pan, o projeto
dos guias custa R$ 7.950.800.
Só com alimentação, a Senasp vai ter gasto R$ 1.248.000.
Pelo projeto, há aulas de ""noções de cidadania, turismo e
idiomas" por três meses. E, até
o Pan, eles receberão meio salário mínimo por mês (R$ 175).
A Senasp não revelou como
os guias serão aproveitados no
Pan. Mas um dos projetos é utilizá-los na distribuição de panfletos sobre turismo.
A secretaria defendeu o programa dos guias. ""É importante ressaltar que este é um programa de inserção social ou
reinserção. Não é apenas um
programa de capacitação de
trabalhadores do Pan", informou comunicado do órgão.
Oficialmente, o Co-Rio diz
que discute com a Senasp o
aproveitamento dos guias cívicos, mas já descarta tê-los nas
atividades de voluntariado
(área esportiva, credenciamento, transporte, nas instalações
esportivas e na Vila do Pan).
Os 15 mil voluntários receberão uniforme, vale-transporte
e alimentação durante o período em que estiverem trabalhando. Os guias cívicos não serão contemplados com essas
vantagens pelo Co-Rio, que se
eximiu de responsabilidade
nos episódios de violência no
Maracanã. "O Co-Rio esteve na
cerimônia (...) como convidado
da Senasp, organizadora do
evento", informou o comitê.
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