São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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Co-Rio rejeita jovens de plano que custou R$ 8 mi

Briga diante do presidente Lula foi estopim para comitê do Pan descartar guias

Doze mil pessoas treinadas pela Secretaria Nacional de Segurança serão afastadas de tarefas ligadas aos Jogos e devem distribuir panfletos

SÉRGIO RANGEL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A pancadaria entre os guias cívicos do Pan-07 na frente do presidente Lula fez o Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos) desistir de empregá-los diretamente em tarefas relacionadas à competição, em julho.
A maior parte dos 12 mil jovens de 14 a 24 anos treinados pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) é originária de favelas. Alguns já cumpriram medidas judiciais socioeducativas (punição para menores de 18 anos que cometem crimes), como revelou ontem a própria secretaria.
A decisão de treiná-los para o emprego nos Jogos foi tomada à revelia do Co-Rio, que investiu em voluntariado de formação educacional mais elevada.
Durante a formatura e apresentação dos guias, anteontem, no Maracanã, jovens de favelas em que o tráfico é controlado por facções criminosas inimigas brigaram diante do presidente e do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Os tumultos não surpreenderam a equipe de segurança do Co-Rio, formada em sua maioria por oficiais do Exército com passagens pela inteligência da Força e da Secretaria da Segurança Pública do Rio.
A Folha apurou que desde o ano passado, nas reuniões preparatórias do esquema de segurança, o Co-Rio vinha alertando os profissionais da Senasp sobre o perigo de conflitos quando jovens de favelas rivais ficassem no mesmo ambiente.
A argumentação de que a inimizade entre os jovens está enraizada não foi levada em consideração pela Senasp, cujo titular, o delegado da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa, disse, anteontem, que a proposta dos guias cívicos não poderia ser "obstaculizada" por problemas com endereços.
Sem a parceria do Co-Rio, a Senasp insistiu em treinar os guias. Pelo orçamento oficial da segurança do Pan, o projeto dos guias custa R$ 7.950.800.
Só com alimentação, a Senasp vai ter gasto R$ 1.248.000. Pelo projeto, há aulas de ""noções de cidadania, turismo e idiomas" por três meses. E, até o Pan, eles receberão meio salário mínimo por mês (R$ 175).
A Senasp não revelou como os guias serão aproveitados no Pan. Mas um dos projetos é utilizá-los na distribuição de panfletos sobre turismo.
A secretaria defendeu o programa dos guias. ""É importante ressaltar que este é um programa de inserção social ou reinserção. Não é apenas um programa de capacitação de trabalhadores do Pan", informou comunicado do órgão.
Oficialmente, o Co-Rio diz que discute com a Senasp o aproveitamento dos guias cívicos, mas já descarta tê-los nas atividades de voluntariado (área esportiva, credenciamento, transporte, nas instalações esportivas e na Vila do Pan).
Os 15 mil voluntários receberão uniforme, vale-transporte e alimentação durante o período em que estiverem trabalhando. Os guias cívicos não serão contemplados com essas vantagens pelo Co-Rio, que se eximiu de responsabilidade nos episódios de violência no Maracanã. "O Co-Rio esteve na cerimônia (...) como convidado da Senasp, organizadora do evento", informou o comitê.


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