São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Stock Car reflete desigualdade do país

Categoria começa hoje com apenas um representante do Norte, um do Nordeste e um do Centro-Oeste

DA REPORTAGEM LOCAL

A 30ª temporada da Stock Car, que começa hoje no autódromo de Interlagos, a partir das 11h, reflete no grid as desigualdades e mazelas do país.
De um lado, regiões prósperas como Sul e Sudeste dominam o cenário, com 31 representantes. Do outro, os menos favorecidos Norte, Nordeste e Centro-Oeste têm apenas três pilotos na milionária categoria, que neste ano distribuirá R$ 4 milhões -haverá premiação para os três primeiros colocados nas classificações e nas corridas, e a etapa do Rio ainda dará US$ 1 milhão a seu vencedor.
E, pela primeira vez na história, as 12 provas serão transmitidas ao vivo pela TV Globo.
"A dificuldade para quem vem dos Estados mais pobres com certeza é muito maior", afirma o amazonense Antonio Pizzonia, 27, ex-F-1, que começou no kart em uma pista improvisada em Manaus e chegou a assistir, anos depois, à construção de um kartódromo na cidade pelo governo local.
"Minha carreira sempre foi uma grande aventura, especialmente por vir de um Estado de classe baixa e pelo automobilismo ser um esporte caro e que não tem muito público por lá", explica Pizzonia, que desde o ano passado trocou os monopostos pelos carros de turismo e é o único representante do Norte no grid da Stock Car.
"Eu tinha que vir para São Paulo uma vez por mês para correr e ainda tinha que conciliar com meus estudos lá. Mas acho que essa dificuldade foi uma motivação a mais para me ajudar a quebrar barreiras."
Outro piloto que hoje está na Stock Car mas que penou no início da carreira é Valdeno Brito, 33, solitário representante da região Nordeste.
"A gente sofre muito com isso, principalmente porque só temos dois autódromos na região inteira", contra Brito, que afirma ainda que outra grande dificuldade é encontrar patrocinadores nestes Estados.
"Tive sorte de contar com a ajuda do meu pai de 1993 a 1998, mas aí acabei ficando sem patrocínio até 2004, quando consegui o apoio do governo da Paraíba para correr quatro etapas da Stock Car e aí as coisas deslancharam", declara Brito.
"É complicado, pois nas regiões mais pobres não temos dinheiro para construir pistas e o automobilismo é um esporte em que é preciso ter dinheiro."
O sul-mato-grossense Hoover Orsi, 29, teve mais sorte que os companheiros no início. "Acho que hoje as coisas estão mais difíceis para quem começa no meu Estado", afirma. "Na minha época tinham acabado de construir alguns kartódromos em Campo Grande e tínhamos até um campeonato regional. Hoje acabou isso."
Orsi, que já venceu quatro corridas na Stock Car, acredita que o fato de ter vindo de um Estado com pouca tradição automobilística e com poucos pilotos, porém, foi benéfico.
"Para mim foi mais fácil porque eu podia treinar todos os dias no kartódromo de Campo Grande, já que lá não era tão concorrido como em São Paulo", diz ele, que só sofria com a falta de patrocinadores de seu próprio Estado. "Lá não existem muitas empresas dispostas a entrar no automobilismo porque a maioria dos negócios é de agropecuária e lavoura."


NA TV - Etapa de São Paulo
Globo, ao vivo, às 11h



Texto Anterior: Vôlei: Minas elimina Ulbra e garante vaga na final
Próximo Texto: Grid: Ingo é o pole em Interlagos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.