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Stock Car reflete desigualdade do país
Categoria começa hoje com apenas um representante do Norte, um do Nordeste e um do Centro-Oeste
DA REPORTAGEM LOCAL
A 30ª temporada da Stock
Car, que começa hoje no autódromo de Interlagos, a partir
das 11h, reflete no grid as desigualdades e mazelas do país.
De um lado, regiões prósperas como Sul e Sudeste dominam o cenário, com 31 representantes. Do outro, os menos favorecidos Norte, Nordeste e
Centro-Oeste têm apenas três
pilotos na milionária categoria,
que neste ano distribuirá R$ 4
milhões -haverá premiação
para os três primeiros colocados nas classificações e nas corridas, e a etapa do Rio ainda dará US$ 1 milhão a seu vencedor.
E, pela primeira vez na história, as 12 provas serão transmitidas ao vivo pela TV Globo.
"A dificuldade para quem
vem dos Estados mais pobres
com certeza é muito maior",
afirma o amazonense Antonio
Pizzonia, 27, ex-F-1, que começou no kart em uma pista improvisada em Manaus e chegou
a assistir, anos depois, à construção de um kartódromo na
cidade pelo governo local.
"Minha carreira sempre foi
uma grande aventura, especialmente por vir de um Estado de
classe baixa e pelo automobilismo ser um esporte caro e que
não tem muito público por lá",
explica Pizzonia, que desde o
ano passado trocou os monopostos pelos carros de turismo
e é o único representante do
Norte no grid da Stock Car.
"Eu tinha que vir para São
Paulo uma vez por mês para
correr e ainda tinha que conciliar com meus estudos lá. Mas
acho que essa dificuldade foi
uma motivação a mais para me
ajudar a quebrar barreiras."
Outro piloto que hoje está na
Stock Car mas que penou no
início da carreira é Valdeno
Brito, 33, solitário representante da região Nordeste.
"A gente sofre muito com isso, principalmente porque só
temos dois autódromos na região inteira", contra Brito, que
afirma ainda que outra grande
dificuldade é encontrar patrocinadores nestes Estados.
"Tive sorte de contar com a
ajuda do meu pai de 1993 a
1998, mas aí acabei ficando sem
patrocínio até 2004, quando
consegui o apoio do governo da
Paraíba para correr quatro etapas da Stock Car e aí as coisas
deslancharam", declara Brito.
"É complicado, pois nas regiões mais pobres não temos
dinheiro para construir pistas e
o automobilismo é um esporte
em que é preciso ter dinheiro."
O sul-mato-grossense Hoover Orsi, 29, teve mais sorte que
os companheiros no início.
"Acho que hoje as coisas estão
mais difíceis para quem começa no meu Estado", afirma. "Na
minha época tinham acabado
de construir alguns kartódromos em Campo Grande e tínhamos até um campeonato
regional. Hoje acabou isso."
Orsi, que já venceu quatro
corridas na Stock Car, acredita
que o fato de ter vindo de um
Estado com pouca tradição automobilística e com poucos pilotos, porém, foi benéfico.
"Para mim foi mais fácil porque eu podia treinar todos os
dias no kartódromo de Campo
Grande, já que lá não era tão
concorrido como em São Paulo", diz ele, que só sofria com a
falta de patrocinadores de seu
próprio Estado. "Lá não existem muitas empresas dispostas
a entrar no automobilismo porque a maioria dos negócios é de
agropecuária e lavoura."
NA TV - Etapa de São Paulo
Globo, ao vivo, às 11h
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