São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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"Família Isabel" atinge a elite da praia

Ex-jogadora treina as filhas Maria Clara e Carol, em 3º no ranking nacional, e assiste ao filho Pedro liderar o Mundial

Separada por quase cinco meses devido a lesão, dupla volta a jogar bem e já vê a vaga em Pequim-2008 se tornar um sonho possível

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Maria Clara, Isabel e Carol brincam no mar de Ipanema, onde a mãe comanda os treinos das filhas na quadra de vôlei de praia


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na barriga da mãe, elas entraram pela primeira vez em uma quadra de vôlei. Por suas mãos, deram os primeiros passos no esporte. Parceiras, experimentam agora a elite.
Maria Clara, 24, e Carol, 19, formam hoje a terceira dupla do ranking brasileiro de vôlei de praia, à frente de nomes badalados como Leila e Ana Paula. Na primeira etapa do Circuito Mundial, em Xangai (China), alcançaram o quinto lugar.
Resultados surpreendentes para uma parceria que passou cerca de cinco meses inativa no ano passado graças a uma lesão no ombro de Maria Clara.
Surpresa até para a técnica da dupla, Isabel, 46. Musa e uma das principais jogadoras dos anos 80, ela agora tem a missão de manter as filhas entre as principais atletas do país. E já crê que pode sonhar alto.
"Existe desejo que é um delírio. Sou bem pé no chão. Mas, agora, acho que a vaga olímpica é possível sim. Por que não sonhar? Estamos trabalhando para a próxima [Londres-2012], mas acho que dá para lutar já por Pequim", afirma.
Além das líderes do ranking nacional, Juliana e Larissa, Leila e Ana Paula, Agatha e Shaylyn e Renata e Talita têm obtido bons resultados e devem embolar a disputa pelas vagas.
Serão contabilizados os oito melhores resultados das duplas no Circuito Mundial de janeiro até 20 de julho de 2008. As duas parcerias mais bem classificadas irão aos Jogos de Pequim.
Na China, primeira etapa do campeonato, no início deste mês, Isabel não ficou satisfeita com a quinta colocação. Mas a vitória de Harley e Pedro pôs fim à decepção do trio.
A mais promissora revelação do vôlei de praia brasileiro também é parte da trupe.
Em Xangai, Pedro, 21, obteve, ao lado do parceiro sua primeira vitória no circuito. No Bahrein, ontem, eles voltaram ao pódio (ganharam o bronze).
"Quando ele subiu na grade para comemorar com a gente, as três começaram a chorar. Foi uma cena ridícula. Até a Carol, que é menos emotiva, desaguou", brinca Maria Clara sobre o triunfo do irmão na China. A "durona" da família classificou aquele como o dia mais nervoso de sua vida.
Pedro também começou no vôlei com a ajuda de Isabel. Mas hoje não se imagina sendo treinado pela mãe. "Acho que seria difícil. Ela já me deu alguns treinos, nós discutimos e terminamos brigando", afirma.
Com as filhas, as brigas também são constantes. Mas fazem parte da estratégia que o trio encontrou para se acertar. Falam o que pensam uma para a outra e não encerram a discussão até resolverem o problema.
"Eu me dedico 100% ao que faço. Não vou virar e dizer: "Vai lá, filhinha, buscar aquela bolinha". Pego pesado mesmo, quero o melhor. Mas não deixo de ser mãe delas em nenhum momento. Não sou esquizofrênica para criar um personagem. Só tentamos não levar as coisas da quadra para casa", diz Isabel.
A ex-atleta trabalha com os filhos há cerca de quatro anos. Os três acumulam títulos mundiais sub-21. Maria Clara já foi treinada por outros técnicos. A caçula só recebeu ordens diferentes quando jogou na quadra.
Para Isabel, a proximidade no trabalho e nas horas de folga fez as filhas saírem mais cedo de casa. Carol mora sozinha há dois meses. Mas ainda assalta a geladeira da mãe todos os dias.
"Nós temos uma relação muito próxima. Ter a torcida delas nas competições é fundamental", afirma Pedro, que credita sua boa fase à mãe.
Na última etapa do Brasileiro antes da estréia no Circuito Mundial, no início de maio, Pedro jogou muito mal, apesar de ter terminado em terceiro. Isabel trancou-se no quarto com o filho e passou um sermão, daqueles de mãe. "Ela deu os toques mais importantes que eu já recebi na vida", relembra ele. Desde então, perdeu apenas dois jogos em 17 disputados.


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