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"Família Isabel" atinge a elite da praia
Ex-jogadora treina as filhas Maria Clara e Carol, em 3º no ranking nacional, e assiste ao filho Pedro liderar o Mundial
Separada por quase cinco meses devido a lesão, dupla volta a jogar bem e já vê a vaga em Pequim-2008 se tornar um sonho possível
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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Maria Clara, Isabel e Carol brincam no mar de Ipanema, onde a mãe comanda os treinos das filhas na quadra de vôlei de praia |
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na barriga da mãe, elas entraram pela primeira vez em
uma quadra de vôlei. Por suas
mãos, deram os primeiros passos no esporte. Parceiras, experimentam agora a elite.
Maria Clara, 24, e Carol, 19,
formam hoje a terceira dupla
do ranking brasileiro de vôlei
de praia, à frente de nomes badalados como Leila e Ana Paula. Na primeira etapa do Circuito Mundial, em Xangai (China),
alcançaram o quinto lugar.
Resultados surpreendentes
para uma parceria que passou
cerca de cinco meses inativa no
ano passado graças a uma lesão
no ombro de Maria Clara.
Surpresa até para a técnica
da dupla, Isabel, 46. Musa e
uma das principais jogadoras
dos anos 80, ela agora tem a
missão de manter as filhas entre as principais atletas do país.
E já crê que pode sonhar alto.
"Existe desejo que é um delírio. Sou bem pé no chão. Mas,
agora, acho que a vaga olímpica
é possível sim. Por que não sonhar? Estamos trabalhando
para a próxima [Londres-2012], mas acho que dá para lutar já por Pequim", afirma.
Além das líderes do ranking
nacional, Juliana e Larissa, Leila e Ana Paula, Agatha e
Shaylyn e Renata e Talita têm
obtido bons resultados e devem
embolar a disputa pelas vagas.
Serão contabilizados os oito
melhores resultados das duplas
no Circuito Mundial de janeiro
até 20 de julho de 2008. As duas
parcerias mais bem classificadas irão aos Jogos de Pequim.
Na China, primeira etapa do
campeonato, no início deste
mês, Isabel não ficou satisfeita
com a quinta colocação. Mas a
vitória de Harley e Pedro pôs
fim à decepção do trio.
A mais promissora revelação
do vôlei de praia brasileiro também é parte da trupe.
Em Xangai, Pedro, 21, obteve,
ao lado do parceiro sua primeira vitória no circuito. No Bahrein, ontem, eles voltaram ao
pódio (ganharam o bronze).
"Quando ele subiu na grade
para comemorar com a gente,
as três começaram a chorar.
Foi uma cena ridícula. Até a Carol, que é menos emotiva, desaguou", brinca Maria Clara sobre o triunfo do irmão na China. A "durona" da família classificou aquele como o dia mais
nervoso de sua vida.
Pedro também começou no
vôlei com a ajuda de Isabel.
Mas hoje não se imagina sendo
treinado pela mãe. "Acho que
seria difícil. Ela já me deu alguns treinos, nós discutimos e
terminamos brigando", afirma.
Com as filhas, as brigas também são constantes. Mas fazem
parte da estratégia que o trio
encontrou para se acertar. Falam o que pensam uma para a
outra e não encerram a discussão até resolverem o problema.
"Eu me dedico 100% ao que
faço. Não vou virar e dizer: "Vai
lá, filhinha, buscar aquela bolinha". Pego pesado mesmo, quero o melhor. Mas não deixo de
ser mãe delas em nenhum momento. Não sou esquizofrênica
para criar um personagem. Só
tentamos não levar as coisas da
quadra para casa", diz Isabel.
A ex-atleta trabalha com os
filhos há cerca de quatro anos.
Os três acumulam títulos mundiais sub-21. Maria Clara já foi
treinada por outros técnicos. A
caçula só recebeu ordens diferentes quando jogou na quadra.
Para Isabel, a proximidade
no trabalho e nas horas de folga
fez as filhas saírem mais cedo
de casa. Carol mora sozinha há
dois meses. Mas ainda assalta a
geladeira da mãe todos os dias.
"Nós temos uma relação
muito próxima. Ter a torcida
delas nas competições é fundamental", afirma Pedro, que credita sua boa fase à mãe.
Na última etapa do Brasileiro
antes da estréia no Circuito
Mundial, no início de maio, Pedro jogou muito mal, apesar de
ter terminado em terceiro. Isabel trancou-se no quarto com o
filho e passou um sermão, daqueles de mãe. "Ela deu os toques mais importantes que eu
já recebi na vida", relembra ele.
Desde então, perdeu apenas
dois jogos em 17 disputados.
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