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Réus confessos de maior escândalo de doping são banidos
Sentença contra técnicos Jayme Netto Jr. e Inaldo Sena foi tomada pelo STJD da Confederação Brasileira de Atletismo
Tribunal invalida decisão de março da comissão da CBAt que pedia penas brandas aos envolvidos nos 5 casos de injeção de eritropoietina
DANIEL BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Atletismo
(CBAt) baniu da modalidade os
treinadores Inaldo Sena e Jayme Netto Júnior. Eles confessaram ter aplicado injeções da
substância proibida EPO (eritropoietina) em cinco atletas, o
que se caracteriza doping.
Em julgamento realizado na
noite de anteontem, em Manaus (AM), Jorge Célio, Bruno
Lins, Josiane Tito, Lucimara
Silvestre e Luciana França,
treinados por Jayme e Sena, tiveram suas suspensões aumentadas de um para dois anos.
As instâncias na Confederação Brasileira de Atletismo se
esgotaram, e eles só podem recorrer à Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) e à Corte de Arbitragem do Esporte,
em Lausanne, na Suíça.
Rodrigo Bargas e Evelyn Santos, que disseram ter ingerido a
substância apesar de os testes
darem negativo, tiveram a pena
de seis meses mantida. Mas ela
já foi cumprida, e os atletas podem voltar a competir.
Em março, a comissão disciplinar do STJD da CBAt punira
os competidores por um ano, e
os treinadores, por quatro.
A ANAD (Agência Nacional
Antidoping), que funciona na
confederação de atletismo, recorreu ao STJD pedindo sanções mais severas. A CBAt, no
entanto, garante que não pedira ao tribunal a reavaliação do
caso dos treinadores.
Oito dos nove membros do
STJD acompanharam o voto do
relator, Caupolican Padilha, a
favor do aumento da pena.
Alberto Puga, presidente do
tribunal, em viagem à Espanha,
não participou. Segundo a
CBAt, a decisão foi baseada nas
regras da Wada (Agência Mundial Antidoping) e da Iaaf.
Os atletas devem ser afastados por dois anos em caso de
resultado positivo em exames.
Já os treinadores podem ser
punidos com quatro anos de
suspensão até o banimento, como ocorreu com Jayme e Sena.
Maria Cristina Madeiral Netto, mulher de Jayme e secretária de Esporte de Presidente
Prudente, classificou a decisão
como um ato político.
"A CBAt poderia ter mais
consideração com alguém que
deu tantas glórias ao atletismo
brasileiro", lamentou, referindo-se à medalha de prata no revezamento 4 x 100 m nos Jogos
de Sydney-2000 e ao bronze na
mesma prova, quatro anos antes, nos Jogos de Atlanta.
"O Netto já se mostrou homem suficiente para assumir a
culpa e agora vem esse banimento por tão pouco. Ele foi o
bode expiatório da confederação", acusou Maria Cristina.
Ela disse à reportagem que
Jayme e Sena ainda não decidiram se vão recorrer às instâncias internacionais. Sena, que é
funcionário na secretaria de
Maria Cristina, foi trabalhar na
manhã de ontem e não comentou com os colegas a punição.
Jayme não foi encontrado.
Josiane disse que não sabia
que seu caso voltaria a ser julgado e mostrou indiferença
com o resultado. "Todo caso de
doping é punido com dois anos,
o que eu posso fazer?", indagou,
irritada, a esportista.
Lucimara Silvestre, 18ª colocada no heptatlo na Olimpíada
de Pequim, em 2008, voltou a
treinar há dois meses com Elizeu Sena, sobrinho de Inaldo, e
espera voltar a tempo de disputar o Pan de Guadalajara-2011.
"Estou chateada com o resultado de ontem [terça-feira].
Mas agora estou treinando
muito com o Elizeu para retornar em 2011 no meu auge. Nunca pensei em desistir", afirmou.
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