São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

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Réus confessos de maior escândalo de doping são banidos

Sentença contra técnicos Jayme Netto Jr. e Inaldo Sena foi tomada pelo STJD da Confederação Brasileira de Atletismo

Tribunal invalida decisão de março da comissão da CBAt que pedia penas brandas aos envolvidos nos 5 casos de injeção de eritropoietina

DANIEL BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) baniu da modalidade os treinadores Inaldo Sena e Jayme Netto Júnior. Eles confessaram ter aplicado injeções da substância proibida EPO (eritropoietina) em cinco atletas, o que se caracteriza doping.
Em julgamento realizado na noite de anteontem, em Manaus (AM), Jorge Célio, Bruno Lins, Josiane Tito, Lucimara Silvestre e Luciana França, treinados por Jayme e Sena, tiveram suas suspensões aumentadas de um para dois anos.
As instâncias na Confederação Brasileira de Atletismo se esgotaram, e eles só podem recorrer à Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) e à Corte de Arbitragem do Esporte, em Lausanne, na Suíça.
Rodrigo Bargas e Evelyn Santos, que disseram ter ingerido a substância apesar de os testes darem negativo, tiveram a pena de seis meses mantida. Mas ela já foi cumprida, e os atletas podem voltar a competir.
Em março, a comissão disciplinar do STJD da CBAt punira os competidores por um ano, e os treinadores, por quatro.
A ANAD (Agência Nacional Antidoping), que funciona na confederação de atletismo, recorreu ao STJD pedindo sanções mais severas. A CBAt, no entanto, garante que não pedira ao tribunal a reavaliação do caso dos treinadores.
Oito dos nove membros do STJD acompanharam o voto do relator, Caupolican Padilha, a favor do aumento da pena.
Alberto Puga, presidente do tribunal, em viagem à Espanha, não participou. Segundo a CBAt, a decisão foi baseada nas regras da Wada (Agência Mundial Antidoping) e da Iaaf.
Os atletas devem ser afastados por dois anos em caso de resultado positivo em exames. Já os treinadores podem ser punidos com quatro anos de suspensão até o banimento, como ocorreu com Jayme e Sena.
Maria Cristina Madeiral Netto, mulher de Jayme e secretária de Esporte de Presidente Prudente, classificou a decisão como um ato político.
"A CBAt poderia ter mais consideração com alguém que deu tantas glórias ao atletismo brasileiro", lamentou, referindo-se à medalha de prata no revezamento 4 x 100 m nos Jogos de Sydney-2000 e ao bronze na mesma prova, quatro anos antes, nos Jogos de Atlanta.
"O Netto já se mostrou homem suficiente para assumir a culpa e agora vem esse banimento por tão pouco. Ele foi o bode expiatório da confederação", acusou Maria Cristina.
Ela disse à reportagem que Jayme e Sena ainda não decidiram se vão recorrer às instâncias internacionais. Sena, que é funcionário na secretaria de Maria Cristina, foi trabalhar na manhã de ontem e não comentou com os colegas a punição. Jayme não foi encontrado.
Josiane disse que não sabia que seu caso voltaria a ser julgado e mostrou indiferença com o resultado. "Todo caso de doping é punido com dois anos, o que eu posso fazer?", indagou, irritada, a esportista.
Lucimara Silvestre, 18ª colocada no heptatlo na Olimpíada de Pequim, em 2008, voltou a treinar há dois meses com Elizeu Sena, sobrinho de Inaldo, e espera voltar a tempo de disputar o Pan de Guadalajara-2011.
"Estou chateada com o resultado de ontem [terça-feira]. Mas agora estou treinando muito com o Elizeu para retornar em 2011 no meu auge. Nunca pensei em desistir", afirmou.


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