São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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O PERSONAGEM

"Órfão" de russo, saltador sofre para ir aos Jogos

DA REPORTAGEM LOCAL

Um treinador estrangeiro sacudiu duas vezes a vida do atleta Jessé Farias de Lima.
Recordista brasileiro do salto em altura, ele recebeu apoio da Confederação Brasileira de Atletismo para treinar e competir na Europa nos primeiros meses desta temporada.
Em Portugal, país em que passou a maior parte do tempo, deparou-se com Robert Zotko, veterano técnico nascido na Rússia que acabara de colocar um fim a um longo período de trabalho com atletas italianos.
O pernambucano passou a tomar lições com o especialista, aprendeu vários macetes e começou a sonhar com uma boa participação na Olimpíada de Atenas, em agosto. Só que a empolgação durou pouco.
Dias antes de Jessé mostrar o primeiro resultado dos treinos ao seu novo mentor, um acontecimento alterou completamente o rumo de sua carreira.
No dia 12 de fevereiro, o russo morreu. Apesar do sobressalto, Jessé deu mostras de que reagira bem ao fato ao cravar um salto de 2,25 m no Meeting da Eslováquia, poucos dias após receber a notícia do óbito.
A marca fulgura até hoje como recorde brasileiro indoor.
Mas a resposta positiva estancou por aí. O único -e simples- pré-requisito que o esportista precisava cumprir em 2004 para assegurar sua vaga na Olimpíada ainda não foi obtido. Mais: o prazo que o saltador tem para consegui-lo está bem próximo do fim.
Em 2003, Jessé chegou a saltar 2,27 m e assim atingiu o índice B -o mínimo necessário para competir em Atenas.
Neste ano olímpico, ele só precisava repetir a marca para carimbar o passaporte. Só que ainda não pulou o suficiente.
"Depois que o meu técnico morreu, passei a conduzir os treinamentos sozinho. Já saltei duas vezes 2,25 m no indoor. Falta pouco", relata ele.
Jessé terminou o ano passado com a 22ª melhor marca no ranking mundial da Iaaf, entidade que comanda o atletismo.
Com esse retrospecto, acredita que ainda pode alcançar a marca mínima e se classificar. "Estou pronto para fazer 2,27 m ou mais. Só preciso acertar as passadas", explica.
O prazo para repetir o índice e assegurar a viagem à Grécia se esgota no dia 11 de julho. "Na minha carreira, já consegui três vezes saltar 2,27 m ao ar livre. Não é impossível." (GR)


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