São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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FUTEBOL

Eurocoréia

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Imaginava jogar a Euro e depois ver o que aconteceria. Até porque tinha ainda uma possibilidade de permanecer na seleção até o Mundial. Mas, quando meu presidente disse que se eu ganhar ficará muito difícil me manter porque sou um treinador muito caro, entendi mais ou menos como um recado. A partir desse momento, tenho ouvido propostas de clubes e seleções. Provavelmente, em alguns dias, devo ter uma definição de onde trabalharei, independentemente de vitória ou derrota na Euro."
Luiz Felipe Scolari é o personagem principal da Eurocopa para o Brasil e estará mais na mídia do país nos próximos dias do que treinadores que ainda estão por aqui. Seu futuro no sensacional torneio que começou ontem em Portugal é bem mais incerto que seu futuro profissional: a Coréia do Sul. No dia 19 de maio, quando havia especulações de sua ida para o Barcelona e quando ainda não tinham anunciado furadamente seu acerto com o Benfica, ele atendeu este colunista.
"Barcelona, não. Tive uma proposta quando já tinha meio ano de contrato. Tinha outros clubes e outras situações que eu poderia ter ouvido e não quis porque estava direcionado para a Euro. Meu filho estuda aqui e tem interesse em permanecer em Portugal. Mas, depois do que aconteceu, pensarei de outra forma. Tenho proposta para ouvir e fazer para a Coréia do Sul. Futuramente, vamos ver os valores e o que interessa para a Coréia e para mim."
Gilberto Madaíl, presidente da federação portuguesa, disse certa vez que o ventilado salário de Felipão (US$ 150 mil) é uma aberração. O valor pode não ser esse, mas o contrato do treinador brasileiro é o maior já feito pela entidade com um profissional. O fracasso ou o sucesso na Eurocopa, pelas palavras de Scolari e pelas possibilidades da federação lusa, levará o técnico do penta à Coréia do Sul, país em que ele começou a ganhar o seu maior título.
A trajetória de Felipão na Eurocopa, porém, não interessa só a ele. Há um pensamento de que um triunfo português abriria de vez as portas para os técnicos brasileiros na Europa. Pode até ser uma idéia furada, mas tal conquista seria logicamente algo 100% positivo para os "brazucas".
"Aqui, o técnico brasileiro recebe sempre ofertas do 10º ao 20º, nunca do sexto ao primeiro. As dificuldades são grandes. Tem muitos técnicos bons na Europa, mas, se treinadores do Brasil viessem aqui e tivessem oportunidade, tenho certeza de que fariam muito porque são competitivos, não aceitam o segundo lugar, não aceitam disputa só para não cair. Nossa cultura é essa", diz Felipão.
Não sei como foi o jogo de abertura da Eurocopa (escrevi a coluna na sexta), mas estou certo de que quase todos os treinadores do país, em concentrações e no ócio ontem à tarde, estavam atentos no Portugal x Grécia (ainda mais com TV aberta). Saibam vocês, técnicos "brazucas", que Felipão acha mesmo que pode ajudá-los. "Chegando lá, a gente começa a dar o primeiro passo em uma escada que muitos outros poderão subir", disse ele, que deve deixar o próprio cargo vago aos "irmãos".

América do Salomão
Incrível. Não é a Venezuela a sensação das eliminatórias da Copa. É a seleção das Ilhas Salomão, que deixou a Nova Zelândia fora da disputa. Agora, só restaram nas eliminatórias da Oceania a favorita Austrália e a grande zebra Ilhas Salomão, que está a um passo da repescagem com o quinto colocado da América do Sul (já imaginou o que seria jogar lá?). O time salomônico já arrancou um empate com a equipe australiana em Adelaide, um 2 a 2 com dois gols de Menapi. Pode até ser que a Austrália tenha facilitado para o adversário para prejudicar a Nova Zelândia. Mas o mundo é mesmo outro lá. Vanuatu bateu a Nova Zelândia por 4 a 2. O técnico da Austrália apontava antes da disputa Vanuatu como a terceira e mais nova ameaçadora força da região oceânica. Porém Vanuatu perdeu de 1 a 0 das Ilhas Salomão. Frank Farina, o técnico australiano, que se cuide agora.

E-mail: rbueno@folhasp.com.br


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