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FUTEBOL
Mudança e repetição
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Diante da ausência dos titulares e de alguns reservas e
da preocupação em chamar, no
máximo, dois jogadores de cada
clube brasileiro, gostei da convocação para a Copa América.
Nada mais justo do que preservar as férias dos atletas que
atuam na Europa.
É preciso adaptar o calendário
brasileiro ao europeu. A Copa
América deveria ser um torneio
importante, de quatro em quatro
anos e sem coincidir com outros
campeonatos. Hoje, ela está desfigurada. Serve apenas para os dirigentes fazerem encontros festivos e para os empresários faturarem. Os contratos com os patrocinadores foram assinados antes de
sair a lista dos convocados.
Na convocação, Parreira preferiu jogadores com características
para atuarem no esquema tático
da seleção. Esse foi um dos motivos para a ausência do Robinho.
Ele não pode jogar no lugar do Zé
Roberto, do Kaká e não é um típico atacante, como quer o técnico.
Robinho não tem posição definida. Ele corre e joga.
Se a seleção jogasse no 4-4-2
clássico da Europa, com dois volantes e um meia de cada lado,
defendendo e atacando (não há
motivo para mudar o esquema),
Robinho seria uma ótima opção,
pela esquerda. Aí é o seu lugar,
como jogava no Santos quando o
time foi campeão brasileiro. Ele
avançava, recuava, marcava o lateral e ia para o meio no momento certo. Assim jogam o Pires, no
Arsenal, e outros atletas.
Mesmo sem lugar no esquema
do Parreira, Robinho -ou outro
jogador com a mesma característica- seria uma opção diferente.
Falta à seleção brasileira um atacante veloz e habilidoso pelas
pontas. Sempre que os laterais
brasileiros são bem marcados,
não há jogadas pelos lados.
Mas Parreira não gosta de alternativas. Gosta de repetição.
Depois que o desenho tático é definido, ele não muda, não importa o adversário. Isso é bom e ruim.
É bom porque a repetição leva ao
aperfeiçoamento. É ruim porque
fica previsível.
Por outro lado, há muitos técnicos inventores, prepotentes e
apaixonados pela prancheta,
principalmente na Europa, que
trocam jogadores e o esquema tático a cada partida, de acordo
com o time adversário. Geralmente não funciona. Esses treinadores se acham mais importantes
do que o futebol.
O técnico mais sábio é o que
muda pouco e sabe o momento de
mudar.
Talento e garra
O São Paulo jogou com muita
garra contra o Once Caldas, criou
chances de gol, mas não teve talento e paciência para tocar a bola e esperar o momento certo para
decidir. O time estava afobado.
Correu muito e pensou pouco.
Mais um time brasileiro pára
nas duas linhas de quatro. Os oito
jogadores atrás da linha da bola
são uma boa desculpa dos treinadores. Faltaram os dribles perto
da área e o passe rápido, certeiro e
surpreendente.
As equipes brasileiras estão
muito dependentes do meia de ligação. Sempre que o time não faz
gols, dizem que faltou esse jogador. O meia, que pensa antes dos
outros e descobre pequenos espaços na defesa, é raro em todo o
mundo. Há também outras maneiras de organizar a armação de
uma equipe.
Violência
Flamengo e Vitória fizeram
uma partida violenta pela Copa
do Brasil. Ninguém foi expulso
pelo árbitro Luciano Almeida.
Mais violento só o confronto entre
Boca Juniors e River Plate, pela
Taça Libertadores da América.
Lá, três foram expulsos. Os árbitros brasileiros marcam faltas demais e, ao mesmo tempo, são
complacentes com os agressores.
O Mengo é o mais forte candidato ao título da Copa do Brasil e
um dos últimos no Brasileirão.
Por quê? Não sei. Há muitas teorias e mistérios no futebol.
Eurocopa
Ontem começaria a Eurocopa.
A França tem o melhor conjunto
e dois craques (Zidane e Henry),
além de outros excelentes jogadores. Mas a defesa não é lá essas
coisas, como vimos no amistoso
contra o Brasil, apesar do 0 a 0.
A Itália tem cinco atletas excepcionais: o goleiro Buffon, os zagueiros Nesta e Maldini, o volante
Pirlo e o meia-atacante Totti. Porém o técnico não ajuda. O time é
muito amarrado, sem fantasia.
Portugal, por jogar em casa, e
algumas outras equipes também
são candidatas ao título, já que
há pouca diferença técnica entre
as seleções.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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