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Alemães e guerras são as marcas incômodas no futebol do adversário
DO ENVIADO A BERLIM
Embora sirva como um termômetro do que espera o Brasil
hoje em Berlim, dizer que a
Croácia jogará "em casa" na
Alemanha é um clichê que talvez não dê conta da enorme influência que os anfitriões exercem sobre os rivais da seleção.
Há cerca de 350 mil croatas
vivendo no país. Três jogadores
da seleção croata nasceram na
Alemanha e cinco atuam na
Bundesliga. Assim como muitos dos seus atletas, o técnico
Zlatko Kranjcar não fala inglês,
mas fala alemão, língua ensinada nas escolas da Croácia.
Os croatas apoiaram o nazismo e tiveram sua primeira seleção filiada à Fifa em 1941, passado que foi apagado pela atual
federação, que não inclui no
seu histórico jogos do período.
Embora o volante Vranjes diga que o time tem um estilo de
jogo "compacto e forte, como o
dos alemães", o paralelo incomoda o treinador Zlatko Kranjcar. Ele prefere a reputação de
"brasileiros dos balcãs", gozada
pela extinta Iugoslávia.
A técnica dos craques da região esteve viva no time de
1998, terceiro lugar na França,
mas andou sumida. "Temos algo do futebol alemão, mas estamos mais perto de Portugal,
Espanha, Brasil", diz Kranjcar.
A guerra civil dos anos 90,
que dividiu o país em cinco repúblicas, está viva no futebol
croata e incomoda o time. Indagado se a habilidade da ex-Iugoslávia vinha dos croatas ou
dos sérvios, o técnico disse: "No
ano passado, no amistoso com
o Brasil, Parreira disse que enfrentaria os brasileiros da Europa. Acho que isso responde".
Como quase todos no país, o
time tem histórias da guerra.
Ainda adolescente, o meia Modric teve de fugir com a família
de Zadar, numa região ocupada
pelos sérvios. O atacante Dado
Prso tem pai sérvio e mãe croata, mas se recusou a falar sobre
o assunto com a Folha.
(FV)
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