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Robinho opta por Real, e CBF vai à Fifa
Atleta, que tem até hoje para aparecer na Granja Comary, deseja defender clube espanhol antes de se juntar à seleção
Irritado com o pedido de
dispensa de Zé Roberto,
treinador Dunga ironiza
motivo alegado pelo atleta
para não atuar mais no país
EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
A disputa entre CBF e Real
Madrid chegará à Fifa. Hoje, a
confederação brasileira vai
acionar a entidade máxima do
futebol, e também a federação
espanhola, para comunicar que
Robinho não acatou a convocação para a seleção nacional.
Enquanto isso, o atacante já
fez sua opção. Quer defender
seu clube contra o Mallorca, no
domingo, em jogo que vale o título espanhol. Mas não vai manifestar seu desejo publicamente. Segundo a Folha apurou, Robinho crê que a partida
pode marcar, definitivamente,
sua afirmação na Europa.
Ontem, o Real enviou fax à
CBF pedindo a liberação do
atacante, titular da equipe do
técnico Fabio Capello.
A entidade, porém, não mudará sua posição. Exige a presença do jogador na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), até
hoje. Está respaldada pela Fifa,
que determina a liberação de
atletas convocados para competições oficiais com duas semanas de antecedência. A Copa América começa no dia 26.
"Todos os campeonatos da
Europa já terminaram, só um
não terminou. Não é problema
nosso", disse o técnico Dunga.
"Trouxemos o Robinho no momento em que o Real Madrid o
tinha colocado de lado. Nós o
motivamos e o colocamos no
patamar em que todos o admiram. Não tem impasse. O futebol brasileiro está respeitando
as regras da Fifa", emendou.
Assim, sem o consentimento
da Fifa e da CBF, o atleta ficaria
sem condições de jogo. E o
Real, caso o escale, pode ser punido com a perda de pontos.
A decisão da CBF de não
abrir mão de Robinho soou como uma vingança da entidade
contra os clubes europeus.
"Nunca houve boa vontade
da outra parte. O G14 [grupo
que reúne poderosos clubes da
Europa] pressionou a Fifa para
haver aquele acordo de só liberar atletas para as seleções em
amistosos com viagens que não
durassem mais de quatro horas. Por isso a seleção não joga
no Brasil", falou Rodrigo Paiva,
assessor de imprensa da CBF.
A última vez que o time brasileiro atuou no país foi em 12
de outubro de 2005, pelas eliminatórias da Copa-2006, contra a Venezuela, em Belém.
Ontem, a seleção voltou a
trabalhar em território nacional após 608 dias de ausência.
A restrição imposta pelos poderosos times europeus, no entanto, não é o único motivo de a
CBF não agendar amistosos no
Brasil. A entidade nunca escondeu seu apetite pelas cotas
milionárias (cerca de US$ 1 milhão) para desfilar a seleção em
campos estrangeiros.
A delegação da seleção teve
dificuldades para chegar à
Granja Comary. Boa parte dos
atletas, além de Dunga, sofreu
com os atrasos nos vôos. Por isso, não houve treino. Alguns fizeram musculação.
O treinador, que chegou a
Teresópolis às 18h25, criticou a
postura do meia Zé Roberto,
que não atendeu à convocação.
"Fiquei surpreso, é um desgaste desnecessário. Quando
fizemos a pré-convocação de
34 [atletas], ele não se manifestou. Quando chamamos os 22,
ele levou três dias para falar."
Dunga foi irônico ao comentar a justificativa alegada pelo
agora ex-santista: deixar o país
devido à falta de segurança.
"É estranho. Começou o seqüestro no Brasil dez dias
atrás. Depois da Copa do Mundo [na Alemanha, quando Zé
Roberto voltou ao Brasil para
jogar pelo Santos], não tinha
seqüestro, não tinha nada. Estava tudo tranqüilo no Brasil."
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