São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Robinho opta por Real, e CBF vai à Fifa

Atleta, que tem até hoje para aparecer na Granja Comary, deseja defender clube espanhol antes de se juntar à seleção

Irritado com o pedido de dispensa de Zé Roberto, treinador Dunga ironiza motivo alegado pelo atleta para não atuar mais no país


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

A disputa entre CBF e Real Madrid chegará à Fifa. Hoje, a confederação brasileira vai acionar a entidade máxima do futebol, e também a federação espanhola, para comunicar que Robinho não acatou a convocação para a seleção nacional.
Enquanto isso, o atacante já fez sua opção. Quer defender seu clube contra o Mallorca, no domingo, em jogo que vale o título espanhol. Mas não vai manifestar seu desejo publicamente. Segundo a Folha apurou, Robinho crê que a partida pode marcar, definitivamente, sua afirmação na Europa.
Ontem, o Real enviou fax à CBF pedindo a liberação do atacante, titular da equipe do técnico Fabio Capello.
A entidade, porém, não mudará sua posição. Exige a presença do jogador na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), até hoje. Está respaldada pela Fifa, que determina a liberação de atletas convocados para competições oficiais com duas semanas de antecedência. A Copa América começa no dia 26.
"Todos os campeonatos da Europa já terminaram, só um não terminou. Não é problema nosso", disse o técnico Dunga. "Trouxemos o Robinho no momento em que o Real Madrid o tinha colocado de lado. Nós o motivamos e o colocamos no patamar em que todos o admiram. Não tem impasse. O futebol brasileiro está respeitando as regras da Fifa", emendou.
Assim, sem o consentimento da Fifa e da CBF, o atleta ficaria sem condições de jogo. E o Real, caso o escale, pode ser punido com a perda de pontos.
A decisão da CBF de não abrir mão de Robinho soou como uma vingança da entidade contra os clubes europeus.
"Nunca houve boa vontade da outra parte. O G14 [grupo que reúne poderosos clubes da Europa] pressionou a Fifa para haver aquele acordo de só liberar atletas para as seleções em amistosos com viagens que não durassem mais de quatro horas. Por isso a seleção não joga no Brasil", falou Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF.
A última vez que o time brasileiro atuou no país foi em 12 de outubro de 2005, pelas eliminatórias da Copa-2006, contra a Venezuela, em Belém.
Ontem, a seleção voltou a trabalhar em território nacional após 608 dias de ausência.
A restrição imposta pelos poderosos times europeus, no entanto, não é o único motivo de a CBF não agendar amistosos no Brasil. A entidade nunca escondeu seu apetite pelas cotas milionárias (cerca de US$ 1 milhão) para desfilar a seleção em campos estrangeiros.
A delegação da seleção teve dificuldades para chegar à Granja Comary. Boa parte dos atletas, além de Dunga, sofreu com os atrasos nos vôos. Por isso, não houve treino. Alguns fizeram musculação.
O treinador, que chegou a Teresópolis às 18h25, criticou a postura do meia Zé Roberto, que não atendeu à convocação.
"Fiquei surpreso, é um desgaste desnecessário. Quando fizemos a pré-convocação de 34 [atletas], ele não se manifestou. Quando chamamos os 22, ele levou três dias para falar."
Dunga foi irônico ao comentar a justificativa alegada pelo agora ex-santista: deixar o país devido à falta de segurança.
"É estranho. Começou o seqüestro no Brasil dez dias atrás. Depois da Copa do Mundo [na Alemanha, quando Zé Roberto voltou ao Brasil para jogar pelo Santos], não tinha seqüestro, não tinha nada. Estava tudo tranqüilo no Brasil."


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